Dor no fígado: 12 principais causas e o que fazer

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A dor no fígado é sentida no lado direito do abdômen, na parte superior. Essa dor pode ser sintoma de diversas doenças e síndromes que acometem o fígado e causam inflamação. 

Veja quais são as principais causas de dor no fígado e o que fazer.

Hepatite viral

A hepatite viral é uma infecção que atinge o fígado e é causada pelos vírus da hepatite A, B ou C. 

Em grande parte dos casos, essa infecção não provoca sintomas. Quando causa, podem ser sintomas leves, moderados ou graves, que incluem dor no fígado, cansaço, enjoo, icterícia (pele e olhos amarelados) e fezes claras. 

Como a hepatite é, na maioria das vezes, uma doença silenciosa, ela pode evoluir por vários anos sem dar sinais, e comprometer o fígado. Esse comprometimento pode resultar em complicações graves, desde fibrose e cirrose do fígado, até o desenvolvimento de um câncer e necessidade de um transplante. 

O que fazer

O SUS disponibiliza à população testes rápidos de detecção dos vírus da hepatite B e C, pois é importante que todas as pessoas façam o teste pelo menos uma vez na vida, especialmente as populações mais vulneráveis. 

A hepatite B não tem cura, mas a vacina contra esse vírus está disponível nas unidades básicas de saúde. Para a hepatite C, existe tratamento e é disponibilizado pelo SUS. 

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Hepatite alcoólica

Alcoólatra
É bastante sabido que o consumo em excesso de álcool traz problemas ao fígado

A hepatite alcoólica é uma inflamação no fígado causada pelo consumo excessivo de álcool, durante muito tempo. 

Com o passar dos anos, o álcool causa alterações no fígado por um processo inflamatório, levando a dores intensas no órgão, náuseas e perda do apetite. 

Além desses sintomas, a pessoa pode apresentar inchaço abdominal, perder peso sem intenção e ter seu fígado e baço aumentados. 

O que fazer

Após o surgimento dos sintomas, é fundamental que a pessoa busque tratamento o mais rápido possível, pois a hepatite alcoólica é uma doença muito debilitante. O tratamento é feito com medicamentos específicos, que devem ser acompanhados da suspensão completa do álcool. 

Hepatite medicamentosa

A hepatite medicamentosa é uma inflamação no fígado causada pelo uso de drogas ilícitas ou lícitas, suplementos alimentares e fitoterápicos. 

A automedicação e o abuso de medicamentos, especialmente de antibióticos, anti-inflamatórios, anticonvulsivantes e esteroides anabolizantes, são responsáveis pela hepatite medicamentosa. 

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Os sintomas desse tipo de hepatite consistem em enjoo, vômito, dor no fígado, urina escura, coceira na pele e icterícia. 

O que fazer

No caso de hepatite medicamentosa, deve-se suspender imediatamente o uso dos medicamentos e receber hidratação na veia. 

Esteatose hepática

A esteatose hepática, também conhecida como gordura no fígado ou fígado gorduroso, é uma doença causada pelo acúmulo de gordura dentro das células do fígado, os hepatócitos. 

A evolução do quadro de esteatose hepática pode resultar em cirrose hepática e até câncer no fígado.

No início, não há manifestação de sintomas e sinais de gordura no fígado, mas, com o avanço da doença, pode haver dor no fígado, cansaço, fraqueza, perda de apetite e aumento do fígado. 

Pessoas com sobrepeso, diabetes, hipertensas, com níveis altos de colesterol e triglicérides são mais propensas a desenvolver a esteatose hepática. 

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Esses problemas de saúde compõem a chamada “síndrome metabólica“, cada vez mais comum, devido aos maus hábitos alimentares e ao sedentarismo. 

O que fazer

Não existe um tratamento que seja desenvolvido especificamente para a esteatose hepática, mas há como tratar os problemas de saúde que levaram ao acúmulo de gordura no fígado. 

Mas, ainda mais importante que as medicações, são as mudanças no estilo de vida, que devem incluir uma alimentação saudável, prática regular de atividade física e controle do peso. 

Abscesso hepático

Dor no fígado
Um abcesso hepático pode provocar dores intensas na região

Um abscesso é o acúmulo de pus nos órgãos, interna ou externamente, causado por microrganismos, como bactérias, fungos e parasitas. 

Os abscessos hepáticos podem ser causados por uma variedade de microrganismos, especialmente fungos, bactérias, protozoários e amebas. Às vezes, mais de um tipo de bactéria pode causar o abscesso hepático.

O abscesso hepático se forma quando um conjunto de microrganismos tem acesso ao fígado, numa quantidade que o órgão é incapaz de combater. 

O sintoma mais comum em um quadro de abscesso hepático é a febre, que pode ser acompanhada de dores intensas no fígado. 

O que fazer

O abscesso hepático precisa ser drenado cirurgicamente e tratado com antibióticos. Se o abscesso for muito grande, pode ser necessária a colocação de um dreno após a drenagem, por conta da cavidade que se forma com a drenagem do abscesso. 

Abscessos pequenos podem ser absorvidos pelo próprio organismo, mediante tratamento, ou drenados para cavidades externas do corpo, com aplicação de compressa quente. 

Após a drenagem, é necessário manter o tratamento com antibióticos por duas a seis semanas, para impedir que a infecção se espalhe ou que um novo abscesso se forme. 

Síndrome de Budd-Chiari

A síndrome de Budd-Chiari é causada por coágulos de sangue que obstruem as veias que transportam o sangue para fora do fígado. Com isso, o sangue se acumula no fígado, deixando o órgão inchado. O baço também pode aumentar de tamanho com essa obstrução de veia.

O acúmulo de sangue provoca hipertensão portal, que é o aumento de pressão na veia porta, que leva o sangue do fígado ao intestino. Com isso, muito líquido fica acumulado no abdômen, problema conhecido como ascite. Além disso, as veias do esôfago podem ficar dilatadas e retorcidas, formando como se fossem varizes no órgão.

As veias mais superficiais do abdômen também podem dilatar e se retorcer, ficando aparentes na barriga. A evolução do problema resulta em cirrose hepática.

Normalmente, a obstrução evolui lentamente ao longo de meses e a pessoa sente fadiga, fígado aumentado e sensível, e dor no órgão. 

O que fazer

O tratamento é feito com medicamentos para dissolver os coágulos (trombolíticos) e melhorar o fluxo sanguíneo, com anticoagulantes.

No caso de uma veia já estar obstruída, pode ser feita uma angioplastia para desobstrução ou dilatação da veia.

Outra opção é o procedimento chamado derivação intra-hepática portossistêmica transjugular, que cria uma rota alternativa para o fluxo sanguíneo, desviando-o do fígado, para reduzir a pressão na veia porta. 

Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis

A síndrome de Fitz-Hugh-Curtis, ou peri-hepatite gonocócica, é uma infecção causada por bactérias que estavam infectando as trompas de falópio e conseguiram atingir o fígado e os tecidos ao redor. Essas bactérias causam abscessos na superfície do fígado. 

A mulher com essa síndrome sente bastante dor no fígado, podendo ser acompanhada de corrimento vaginal purulento e dor pélvica. 

O que fazer

O tratamento é feito com antibióticos e, em casos de inflamação generalizada, é necessária uma cirurgia.

Hepatite autoimune

A hepatite autoimune, como o nome sugere, é uma doença autoimune, na qual as células do sistema imunológico atacam as células do fígado, causando inflamação. 

É comum os portadores de hepatite autoimune apresentarem também outras doenças autoimunes. A doença tem um forte fator genético envolvido e atinge, preferencialmente, mulheres entre 15 e 40 anos. 

Trata-se de uma doença crônica, que precisa ser tratada, porque a sua evolução pode resultar em cirrose e insuficiência hepática. 

Algumas pessoas são assintomáticas, outras apresentam fadiga, dor no fígado, icterícia e coceira na pele. 

O que fazer

O tratamento visa controlar a doença, impedindo que ela progrida, o que é feito com doses diárias de corticoide. Os corticoides suprimem a ação do sistema imunológico, impedindo que ele ataque as células do fígado. 

Câncer de fígado

Câncer de fígado
O tabagismo é um grande fator de risco para o câncer de fígado

O câncer de fígado pode ser primário, quando começa nas células do próprio órgão, ou secundário, como resultado de metástase de um outro tumor, geralmente do intestino grosso ou do reto. 

O tabagismo é um forte fator de risco para os três tipos principais de câncer de fígado, hepatocarcinoma, colangiocarcinoma e angiossarcoma.

Os sintomas mais comuns incluem dor no fígado, distensão abdominal com massa, perda de peso não intencional, icterícia e ascite, que é o acúmulo de líquido na cavidade abdominal. 

O que fazer

O tratamento para o câncer de fígado é cirúrgico com a remoção do tumor. 

Lesão hepática

A lesão hepática pode ocorrer por impacto, por exemplo, em um acidente de carro, ou por objetos perfurantes. 

Em uma lesão hepática, a pessoa sente o fígado sensível e dolorido, com uma dor que irradia para o ombro. 

O que fazer

Algumas lesões se curam naturalmente, enquanto outras necessitam de cirurgia para reparar a lesão.

Cálculo biliar (pedra na vesícula)

A vesícula biliar é um pequeno órgão que fica logo abaixo do fígado e sua função é armazenar a bile produzida no fígado. Quando há formação de pedras na vesícula, a passagem da bile até o intestino fica obstruída, causando inflamação no local. 

A pessoa pode sentir uma dor na região do fígado, que irradia para o peito ou costelas. Essa dor se manifesta em torno de meia hora após a refeição, atinge um pico e, depois, alivia. Ela pode ser acompanhada de febre e náuseas. 

O que fazer

O tratamento é feito com uma cirurgia para remoção da pedra, chamada colecistectomia, feita por videolaparoscopia, sob anestesia geral. 

Cirrose hepática

Na cirrose hepática, o tecido normal do fígado é substituído por um tecido fibroso não funcional. Esse tecido fibroso é como se fosse uma cicatriz que se forma quando o fígado sofre danos contínuos e prolongados de processos inflamatórios.  

O fluxo sanguíneo através do órgão é bloqueado e, por isso, ele não consegue exercer suas funções adequadamente. 

Muitas doenças que inflamam o fígado podem causar a cirrose hepática, principalmente a hepatite C e a hepatite alcoólica. 

Os sintomas mais comuns da cirrose hepática são dor no fígado, fadiga, perda de apetite e de peso, náuseas e hematomas na pele. 

A cirrose hepática é um importante fator de risco para o desenvolvimento de câncer no fígado.  

O que fazer

A cirrose hepática não tem cura, por isso os tratamentos são direcionados ao controle dos sintomas e das causas subjacentes. São necessárias alterações na dieta, com redução de sal e de bebidas alcoólicas. Em estágios mais avançados da doença, pode ser necessário um transplante de fígado. 

Fontes e referências adicionais

Você já sentiu dor no fígado? Fez algum tratamento? Quais dessas causas você já conhecia? Comente abaixo.

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Sobre Dr. Lucio Pacheco

Dr. Lucio Pacheco é Cirurgião do aparelho digestivo, Cirurgião geral - CRM 597798 RJ/ CBCD. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento em transplantes no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela UFRJ em 2010. Dr. Lucio Pacheco é autor de diversos livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico-cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D'Or e do Hospital Copa D'Or. Além disso é diretor médico do Instituto de Transplantes. Suas áreas de atuação principais são: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia, e transplante de fígado. Para mais informações, entre em contato.

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