8 tipos de hepatite: sintomas, causas e tratamentos

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Os tipos de hepatite se dividem de acordo com a causa (hepatite viral, tóxica, autoimune ou neonatal), tipo do vírus (hepatite A, B, C, D ou E) e curso da doença (aguda ou crônica).

A hepatite é uma inflamação do fígado, que pode ser causada por um vírus, problemas genéticos, doença autoimune, substâncias químicas, drogas e álcool. Ela pode ocorrer na forma aguda, surgindo repentinamente e desaparecendo após certo tempo, ou crônica, quando a inflamação persiste por meses ou anos.

O diagnóstico correto é extremamente necessário para a escolha do tratamento adequado, a fim de conter a inflamação e evitar maior comprometimento do fígado.

Em seguida, abordaremos os 8 tipos de hepatites, citando seus sintomas, causas e tratamentos.

1. Hepatite A

Lavar verduras
A contaminação da hepatite A pode ocorrer por meio de alimentos

A primeira delas, a hepatite A, tem como causa o consumo de alimentos mal higienizados e água contaminada com o vírus da hepatite.

Ela é uma hepatite leve que afeta, principalmente, as crianças. Quando detectada cedo, leva, no máximo, 6 meses para ser curada.

2. Hepatite B

Já a hepatite B é transmitida através do contato com o sangue e outros fluidos corporais contaminados, geralmente, em acidentes com seringas e agulhas, os maiores causadores dessa doença. 

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Ela também pode ser transmitida da mãe para o bebê durante o parto se a mãe estiver com a hepatite.

A contaminação resulta em uma inflamação aguda ou crônica do fígado. Se não tratada corretamente, o vírus permanece no sangue por mais de 6 meses, podendo resultar em danos graves. 

Em casos avançados, após muitos anos, por exemplo, é capaz de gerar câncer e cirrose hepática.

3. Hepatite C

A infecção causada pelo vírus C da hepatite C (HCV) acontece quase sempre através do contato com sangue infectado, seja através do compartilhamento de agulhas, falha na esterilização dos equipamentos médicos ou de manicure, reutilização de material para a realização de tatuagem, cirurgia sem os devidos cuidados de biossegurança. Outros causadores também, mas menos comuns, são as relações sexuais sem o uso de preservativos, ou passa da mãe para o bebê durante a gestação ou parto. 

A longo prazo, também pode resultar em câncer e cirrose hepática, assim como a hepatite B.

Segundo o Ministério da Saúde, “a hepatite crônica pelo HCV é uma doença de caráter silencioso, que evolui sorrateiramente e se caracteriza por um processo inflamatório persistente no fígado. Aproximadamente 60% a 85% dos casos se tornam crônicos e, em média, 20% evoluem para cirrose ao longo do tempo.”

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4. Hepatite D

A hepatite D é uma doença que só pode ser encontrada em pessoas infectadas com hepatite B. Ela é mais comum em adultos que em crianças. 

O curso dessa doença é muito variado, o que significa que pode afetar a pessoa de forma leve ou grave. 

Além disso, pessoas com histórico de uso de drogas intravenosas são mais propensas a se contaminar com o vírus da hepatite D

5. Hepatite E

A hepatite E, também denominada hepatite entérica, é o tipo de hepatite viral mais rara. Ela é parecida com a hepatite A, no entanto, ocorre com mais frequência na África e na Ásia. 

Em mulheres grávidas, esse é o tipo de hepatite mais perigosa, pois apresenta alto risco de abortos espontâneos, eclâmpsia e hemorragias.

6. Hepatite tóxica

Em relação à hepatite tóxica, ela é causada, principalmente, após o uso de medicamentos muito fortes, que acabam se tornando tóxicos para o fígado. Tomar medicamentos leves em altas doses e de forma indiscriminada também pode gerar essa hepatite.

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Esse tipo de hepatite também é causada pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas (hepatite alcoólica) e outras substâncias químicas tóxicas. 

Sabemos que o álcool é considerado altamente tóxico para as células do fígado e, gradualmente, causa a inflamação. A consequência dessa inflamação hepática provocada pelo álcool é o espessamento e a cicatrização do tecido (fibrose e cirrose) até o último estágio de dano, a insuficiência hepática.

7. Hepatite autoimune

A causa da hepatite autoimune é o mau funcionamento do sistema imune, que ataca as células saudáveis do fígado. Sendo assim, se caracteriza como uma doença inflamatória crônica.

Algumas doenças podem desencadear a hepatite autoimune, como a colite ulcerativa, tireoidite, doença celíaca, diabetes tipo 1, anemia hemolítica, entre outras.

Conheça o que é a retocolite ulcerativa, sintomas e tratamento.

8. Hepatite neonatal

Entre um e dois meses de nascimento, o bebê pode apresentar a hepatite neonatal devido a diversas causas, como infecção por outros vírus antes ou durante o parto. Outras causas da inflamação no fígado do bebê incluem a infecção por rubéola, citomegalovírus ou outros vírus da hepatite, que tenham sido transmitidos ao feto ao longo da gestação.

Para saber se o bebê está com hepatite neonatal, o primeiro sinal para ser observado é se ele está com icterícia (pele e olhos amarelados), dificuldade no ganho de peso e o maior comprimento abdominal por conta do fígado e baço aumentados.

Sinais e sintomas da hepatite

Icterícia
Os olhos amarelados podem ser sinal de hepatite

Os sinais e sintomas mais comuns entre as hepatites são:

  • Amarelecimento dos olhos e da pele (icterícia)
  • Urina escura
  • Perda de apetite
  • Aumento do volume do abdômen e acúmulo de líquido na barriga (ascite)
  • Fezes pálidas
  • Cansaço excessivo
  • Dor persistente na barriga
  • Dor ou inchaço nas articulações
  • Confusão mental
  • Náusea
  • Perda de peso repentina e anorexia
  • Febre
  • Irritações na pele

Algumas hepatites progridem de forma assintomática, então, mesmo se a pessoa não apresentar nenhum desses sintomas, a recomendação é fazer exames de rotina semestrais para verificar como está o funcionamento do seu fígado. 

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da hepatite deve começar pelo exame físico, para detectar se realmente há um fígado aumentado, principal sinal de inflamação desse órgão.

Em seguida, são solicitados exames de marcadores sanguíneos para detectar os níveis das enzimas relacionadas ao funcionamento do fígado. Se forem detectadas alterações nas enzimas hepáticas, é reforçada a suspeita de hepatite.

Depois, um exame de ultrassom, tomografia computadorizada ou ressonância magnética pode ser realizado para visualizar o estado geral do órgão e as áreas afetadas pela inflamação. Se restarem dúvidas do diagnóstico, uma biópsia hepática pode ser feita para confirmar ou descartar a suspeita de hepatite, além de definir um grau preciso do dano no fígado.

Testes de anticorpos autoimunes são usados em casos onde há suspeita de hepatite autoimune. 

Já os testes de anticorpos e antígenos virais específicos são utilizados para diagnosticar e diferenciar os tipos de hepatites virais.

Como é o tratamento para a hepatite?

Os tratamentos para as hepatites A e E não são necessários por serem hepatites de grau leve. Então, os medicamentos para aliviar sintomas específicos, como náusea e vômito, são suficientes. 

O médico também pode prescrever a suplementação de vitaminas através de fórmulas especiais ou por complementos vitamínicos, para melhorar a qualidade nutricional da criança com hepatite.

O tratamento para hepatite B, C e D consiste em medicamentos antivirais para redução da infecção e inflamação. Geralmente, levam-se vários meses ou anos para tratar esses tipos de hepatite, dependendo da resposta do paciente aos medicamentos. Nesses casos, podem ser usadas combinações de antivirais para combater o vírus da hepatite. 

Além disso, deve ser feito um acompanhamento médico a cada 6 meses para avaliar a progressão da hepatite e para saber como está a resposta da pessoa ao medicamento.

Já a hepatite autoimune é tratada com corticosteroides, tal qual a budesonida e a prednisona, na sua fase precoce. Outros medicamentos imunossupressores podem ser prescritos pelo médico, como azatioprina, ciclosporina, tacrolimus e micofenolato.

Pessoas que desenvolvem cirrose, insuficiência hepática ou demais complicações, se tornam candidatas ao transplante de fígado.

Como prevenir a hepatite?

Vacina
Existem vacinas para alguns tipos de hepatite

As hepatites virais podem ser prevenidas através da vacinação. Atualmente, a vacina para hepatite cobre apenas a hepatite A e B, portanto, não há ainda vacinas para as hepatites C e E, embora pesquisadores já trabalhem no desenvolvimento delas e a expectativa é de que até 2027 já exista a vacina contra a hepatite C. No caso da D, pode ser prevenida junto a vacinação para hepatite B, já que a hepatite D só se desenvolve com a hepatite B.

Uma boa higiene é outra maneira muito eficaz de evitar a contaminação do vírus da hepatite, portanto:

  • Lave bem as mãos antes de qualquer refeição.
  • Higienize bem os alimentos, como vegetais e frutas.
  • Evite comer em lugares visivelmente sujos ou insalubres.
  • Evite comer mariscos e outras carnes cruas ou mal cozidas.
  • Não compartilhe objetos pessoais e perfurocortantes, como navalhas, agulhas, alicates, cortadores de unha e escovas de dente.
  • Use preservativos de barreira (camisinha) para reduzir o risco de infecção.
  • Não faça piercings e tatuagens em locais não licenciados.
Fontes e referências adicionais

Você ou alguém da sua família já teve um dos tipos de hepatite citados acima? Como foi o tratamento? Comente abaixo!

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Sobre Dr. Lucio Pacheco

Dr. Lucio Pacheco é Cirurgião do aparelho digestivo, Cirurgião geral - CRM 597798 RJ/ CBCD. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento em transplantes no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela UFRJ em 2010. Dr. Lucio Pacheco é autor de diversos livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico-cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D'Or e do Hospital Copa D'Or. Além disso é diretor médico do Instituto de Transplantes. Suas áreas de atuação principais são: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia, e transplante de fígado. Para mais informações, entre em contato.

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