Cirrose hepática: sintomas, causas e tratamento

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A cirrose hepática é uma doença que afeta o fígado e que possui uma série de causas diferentes, embora comumente esteja associada ao consumo crônico de bebidas alcoólicas.

Além disso, a cirrose pode causar sintomas graves e debilitantes, e deve ser tratada assim que o diagnóstico é feito, para evitar complicações de saúde.

Então, a seguir vamos conhecer melhor o que é essa doença e os seus sintomas, além de entender o que pode levar à cirrose e quais são os possíveis tratamentos para o problema. 

Veja também: 8 tipos de hepatite – sintomas, causas e tratamentos

O que é a cirrose hepática?

fígado bom e com cirrose
Os estágios de um fígado saudável, passando pelo fígado gorduroso, à cirrose hepática

A cirrose hepática é uma doença grave, causada pela presença de cicatrizes no fígado, que com o tempo passam a substituir as células normais do órgão e a afetar o seu funcionamento.

Assim, com o tempo, o fígado vai perdendo suas funções, que incluem:

  • Fabricação de algumas proteínas.
  • Armazenamento de nutrientes.
  • Fabricação de fatores de coagulação.
  • Sintetizar a bile, um dos “sucos gástricos” responsáveis pela digestão.
  • Desintoxicação do organismo.
  • Excreção de substâncias tóxicas.
  • Metabolismo de alguns nutrientes.

No entanto, vários fatores podem levar ao desenvolvimento da cirrose, como veremos a seguir:

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Principais causas

As causas da cirrose hepática podem variar bastante, mas todas envolvem algum tipo de dano de longo prazo ao fígado.

Desta forma, começam a aparecer pequenas cicatrizes no órgão, que com o tempo passam a atrapalhar o seu funcionamento.

As causas mais comuns são:

  • Consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
  • Uso excessivo e crônico de certos medicamentos.
  • Hepatite autoimune e outras doenças imunológicas.
  • Doenças virais, como as hepatites B e C.
  • Doenças que prejudicam a função normal do fígado como a doença de Wilson e a hemocromatose.
  • Esteatose hepática, que é o acúmulo de gorduras no fígado.
  • Cirrose biliar primária, que é uma doença que atinge os ductos biliares.

Sintomas da cirrose hepática

Dor abdominal
Há uma série de complicações de saúde decorrentes da condição

Nos estágios iniciais da doença, os sintomas são leves e muitas vezes imperceptíveis. Mas, conforme o tempo vai passando e o tecido cicatricial se acumula, o funcionamento normal do fígado é prejudicado e a partir daí podem surgir os seguintes sintomas:

  • Acúmulo de líquidos no abdômen, um problema conhecido como ascite.
  • Icterícia, que é a coloração amarelada da pele e dos olhos.
  • Náuseas e vômitos.
  • Fadiga.
  • Insônia.
  • Coceira na pele.
  • Perda de apetite.
  • Dor ou sensibilidade no abdômen.
  • Fraqueza.
  • Perda de peso.

Com a progressão da doença, os sintomas mencionados acima podem ficar mais intensos e novos sinais podem aparecer, como:

  • Batimento cardíaco acelerado.
  • Hematomas e sangramentos, principalmente no nariz e na gengiva.
  • Confusão mental.
  • Alterações de humor e de comportamento.
  • Queda de cabelo.
  • Cãibras musculares.
  • Problemas de memória.
  • Perda de desejo sexual.
  • Inchaço nos tornozelos, nos pés e nas pernas.
  • Febre frequente.
  • Falta de ar.
  • Vômito com sangue.
  • Escurecimento da urina.
  • Mudança na consistência e na cor das fezes, que costumam ficar mais claras do que o normal.

Complicações da doença

Com o  tempo, a cirrose hepática costuma causar algumas complicações de saúde, uma vez que o fígado já não funciona corretamente. São elas:

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  • Insuficiência renal, pois a falta de regulação das proteínas do sangue pode causar danos aos rins.
  • Problemas de coagulação, pela menor produção dos fatores responsáveis pelo controle de sangramentos.
  • Maior risco de infecções.
  • Aparecimento de varizes esofágicas.
  • Desnutrição, pois o fígado já não consegue metabolizar corretamente  os  nutrientes.
  • Maior risco de desenvolver câncer de fígado.
  • Hipertensão portal, que é o aumento da pressão nas veias que suprem o fígado.
  • Problemas ósseos, com o aumento do risco de fraturas.
  • Encefalopatia hepática, que ocorre quando o acúmulo de toxinas no sangue começa a afetar o cérebro.

Além disso, a cirrose pode agravar alguns outros problemas de saúde que a pessoa tenha, como as doenças cardiovasculares.

Assim, o tratamento para a cirrose hepática deve ser seguido corretamente, de forma a evitar as complicações e melhorar a qualidade de vida da pessoa. 

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico de cirrose hepática é feito através da análise dos sintomas e de exames adicionais, dependendo do quadro clínico que a pessoa esteja apresentando.

Mas, em geral, os exames incluem:

  • Exames de sangue de rotina, que avaliam a  função hepática.
  • Exames de imagem, como ressonância magnética, ultrassonografia e tomografia computadorizada.
  • Biópsia hepática.

Além disso, outros exames podem ser solicitados, para avaliar as possíveis causas e complicações da doença. São eles:

  • Testes de coagulação.
  • Sorologias para hepatite B e C.
  • Exames imunológicos.

Veja também: Principais exames para avaliar a saúde do fígado

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Cirrose tem cura?

A cirrose hepática é uma doença crônica, e que até o momento não tem cura.

Entretanto, existem tratamentos que podem aliviar os sintomas e diminuir o avanço do problema.

Tratamento

Evitar álcool
É importante evitar bebidas alcoólicas para o tratamento

O tratamento da cirrose hepática normalmente inclui o controle dos sintomas e tratar as causas do problema. 

Assim, o tratamento pode incluir:

  • Evitar ao máximo o consumo de bebidas alcoólicas, já que o consumo de álcool é a principal causa da cirrose.
  • Evitar a automedicação.
  • Uso de medicamentos para tratar as hepatites, caso elas sejam a causa da cirrose.
  • Dieta para tratar e reverter a esteatose hepática.
  • Tratar outras doenças que possam estar causando danos ao fígado.
  • Transplante de fígado. Entretanto, esse tipo de tratamento é feito apenas em casos mais graves, quando existe algum doador compatível.

Além disso, existem algumas recomendações que podem ajudar a amenizar os sintomas e melhorar a qualidade de vida da pessoa que sofra com a cirrose, como:

  • Manter uma dieta balanceada, para garantir o suprimento de nutrientes para o organismo.
  • Realizar exercícios físicos, quando o estado de saúde permitir.
  • Adotar alguns hábitos de higiene mais incisivos, para evitar infecções.
  • Manter o calendário vacinal sempre atualizado.

Amenizando as complicações da cirrose hepática

Alguns tratamentos complementares podem ser indicados para aliviar alguns sintomas e tratar as complicações de saúde. Certos cuidados também devem ser tomados para evitar que a situação piore ainda mais.

  • Excesso de fluido no organismo: ingerir pouco sódio e utilizar medicamentos diuréticos pode ajudar a eliminar o fluido acumulado no corpo. 
  • Infecções: antibióticos ou outros medicamentos para tratar infecções podem ser prescritos. Além disso, o médico deve solicitar que um paciente com cirrose tome vacinas para prevenir o contágio de doenças como a hepatite, a gripe e a pneumonia.
  • Risco de câncer de fígado: exames de sangue periódicos e ultrassonografias devem ser feitas com frequência para verificar como anda a saúde do órgão e para buscar sinais de câncer de fígado, que tem melhores taxas de cura se descoberto no início da doença.
  • Encefalopatia hepática: medicamentos podem ser prescritos para reduzir o acúmulo de toxinas no sangue.
  • Hipertensão portal: alguns remédios para regular a pressão arterial sanguínea podem ajudar a controlar o aumento de pressão que ocorre nas veias que suprem o fígado, chamada de hipertensão portal. Isso ajuda a evitar sangramentos graves. 

​​Quando o transplante é uma opção?

Em casos muito avançados de cirrose, quando a função hepática fica completamente comprometida, o transplante de fígado passa a ser a única opção restante. No entanto, não é fácil encontrar um doador e o procedimento não é simples. 

Fontes e referências adicionais

Você já foi diagnosticado com cirrose hepática ou conhece alguém que já teve? Quais providências foram tomadas? Comente abaixo!

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Sobre Dr. Lucio Pacheco

Dr. Lucio Pacheco é Cirurgião do aparelho digestivo, Cirurgião geral - CRM 597798 RJ/ CBCD. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento em transplantes no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela UFRJ em 2010. Dr. Lucio Pacheco é autor de diversos livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico-cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D'Or e do Hospital Copa D'Or. Além disso é diretor médico do Instituto de Transplantes. Suas áreas de atuação principais são: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia, e transplante de fígado. Para mais informações, entre em contato.

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