O termo sangue grosso é usado popularmente para se referir ao problema de hipercoagulabilidade ou hiperviscosidade do sangue, que é quando ele flui com mais dificuldade dentro dos vasos sanguíneos e apresenta maior probabilidade de formar coágulos. Isso ocorre pelo fato do sangue estar mais viscoso, pela presença de um número elevado de células sanguíneas em circulação.
A pessoa que tem sangue grosso apresenta maiores riscos de sofrer uma trombose venosa, ataque cardíaco ou um derrame cerebral, por exemplo, além de sentir com frequência sintomas como dor de cabeça, formigamento e inchaço nos braços e nas pernas, dor nas pontas dos dedos e no peito.
Várias condições podem deixar o sangue mais grosso, desde causas simples, como a desidratação até neoplasias hematológicas, que são tipos de câncer que alteram a composição do sangue ou dos tecidos da medula óssea.
Veja mais detalhes sobre o que é sangue grosso, os sintomas, as possíveis causas e as formas de tratar o problema.
Sangue grosso: o que é?
Sangue grosso não é uma doença, mas um sintoma clínico que envolve a sedimentação e a possível coagulação do sangue dentro dos vasos sanguíneos.
O sangue grosso ou síndrome de hiperviscosidade se refere ao aumento relativo de células (hemácias e leucócitos), proteínas (anticorpos) ou plaquetas no sangue, que leva, consequentemente, à redução do volume do plasma, que é a parte líquida do sangue. Com uma maior quantidade de partes sólidas e menor volume líquido, o sangue fica mais espesso e grosso.
Sinais e sintomas de sangue grosso
Os sinais e sintomas da síndrome de hiperviscosidade do sangue são esses:
- Dor de cabeça
- Insuficiência cardíaca: condição em que o coração não bombeia o sangue como deveria, levando ao acúmulo de fluido nas pernas, que ficam inchadas, e ao redor dos pulmões, dificultando a respiração. Veja quais são os sinais iniciais de um quadro de insuficiência cardíaca.
- Trombose: formação de coágulos dentro dos vasos sanguíneos que levam sangue ao cérebro ou outros locais do corpo.
- Taquipnéia: respiração acelerada e curta, como um mecanismo compensatório da má oxigenação do corpo, causada pelo fluxo sanguíneo mais lento.
- Cianose: coloração azulada da pele, devido à má oxigenação dos tecidos do corpo.
- Pletora: aumento no volume de sangue, devido à maior quantidade de partes sólidas, que gera um inchaço dos vasos sanguíneos.
- Apneia: quando a pessoa pára de respirar por alguns segundos durante o sono.
- Letargia: estado de cansaço físico e mental, com sensação de baixa energia.
- Irritabilidade
- Hipotonia: diminuição do tônus muscular.
- Tremores
- Convulsões
Diagnóstico de sangue grosso
Diante da suspeita de sangue grosso, o médico ou médica deve solicitar um hemograma, para a contagem das células sanguíneas.
Também pode ser solicitado um coagulograma, para avaliar como está a coagulação do sangue. O coagulograma é composto por análises de tempo de sangramento, de protrombina, tromboplastina parcial ativado e quantidade de plaquetas.
Caso haja a suspeita de que a hiperviscosidade do sangue é causada por uma neoplasia hematológica, a pessoa é encaminhada a um hematologista, que pode pedir mais exames, como a biópsia de medula óssea.
Possíveis causas de sangue grosso
A hiperviscosidade do sangue pode ocorrer por alterações nos fatores de coagulação sanguínea, que pode acontecer na presença de alguns fatores de risco, como:
- Sedentarismo
- Obesidade
- Imobilização dos membros, por algum acidente.
- Insuficiência cardíaca
- Histórico de trombose na família
- Gravidez
- Uso de anticoncepcionais: veja a relação entre a trombose e o uso de anticoncepcionais.
- Neoplasias mieloproliferativas, como o mieloma múltiplo, que leva à produção excessiva de imunoglobulinas (anticorpos) e a policitemia vera, que determina o aumento da produção de hemácias (glóbulos vermelhos) no sangue.
Tratamento do sangue grosso
A forma de tratamento do problema de sangue grosso depende de sua causa.
Normalmente, casos que não apresentam uma causa cancerígena são tratados por um médico ou médica cardiologista, que prescreve medicamentos anticoagulantes, como a varfarina e a aspirina.
É importante que você não use esses medicamentos por conta própria, a fim de “afinar” o sangue, pois o uso inadequado pode te colocar em risco de hemorragias que podem ser graves. Veja se afinar o sangue faz bem ou faz mal.
Como esses casos estão normalmente associados a hábitos de vida não saudáveis, como dieta muita rica em sal, gorduras e produtos industrializados, e sedentarismo, deve-se mudar alguns comportamentos, para melhorar o estado geral de saúde. Então, reduzir o consumo de alimentos desses tipos e incluir uma rotina de exercícios físicos estão entre as medidas terapêuticas do sangue grosso.
Já os casos de sangue grosso causados por neoplasias hematológicas são tratados por um médico ou médica hematologista especialista em câncer.
Geralmente, o tratamento envolve procedimentos de sangria terapêutica, que retira parte do sangue que está em excesso, para deixar a circulação sanguínea equilibrada, hidratação endovenosa e sessões de quimioterapia.
Possíveis complicações do sangue grosso
As possíveis complicações do sangue grosso estão relacionadas com a formação de coágulos dentro dos vasos sanguíneos, que podem levar às seguintes condições:
- Acidente vascular cerebral (AVC): a formação de um coágulo sanguíneo em algum vaso que leva sangue ao cérebro pode deixar algumas células do tecido cerebral sem sangue e oxigênio, levando à morte dessa região. Daí aparecem os sintomas típicos, como boca torta, perda de força em um lado do corpo, dificuldade na fala e na movimentação dos músculos do rosto.
- Trombose venosa profunda (TVP): formação de coágulos nas veias das pernas, principalmente na panturrilha, causando inchaço, dor latejante, vermelhidão e endurecimento da pele.
- Embolia pulmonar: o coágulo sanguíneo pode se formar em um vaso que leva sangue aos pulmões, causando falta de ar, taquicardia, tosse, dor no peito e tontura.
- Infarto agudo do miocárdio (ataque cardíaco): ocorre quando o coágulo se forma em um vaso que irriga o miocárdio (músculo cardíaco) que, sem suprimento de oxigênio, sofre a morte de algumas células, prejudicando o funcionamento do coração. Isso gera uma dor intensa no peito, que pode irradiar para o braço esquerdo, além de provocar falta de ar e tontura. Veja mais alguns sintomas de ataque cardíaco.
- Trombose da veia renal: ocorre mediante a formação de um coágulo numa veia que irriga os rins, ocasionando danos renais, que se manifestam com dor entre as costelas e no quadril, e eliminação de sangue na urina.
Fontes e referências adicionais
- Sangria terapêutica, Medicina (Ribeirão Preto), 1999; 32(3): 290-293.
- Síndrome de hiperviscosidade em paciente com mieloma múltiplo, Revista da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, 2020; 18(4): 222-226.
- Trombose de veia central da retina bilateral associada à síndrome de hiperviscosidade sanguínea: relato de caso, Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, 2005; 68(1): 126-128.
- Trombose de veia renal, doença de depósito de cadeias leves e nefropatia dos cilindros em paciente com mieloma múltiplo, Autopsy and Case Reports, 2011; 1(2): 41-48.
Fontes e referências adicionais
- Sangria terapêutica, Medicina (Ribeirão Preto), 1999; 32(3): 290-293.
- Síndrome de hiperviscosidade em paciente com mieloma múltiplo, Revista da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, 2020; 18(4): 222-226.
- Trombose de veia central da retina bilateral associada à síndrome de hiperviscosidade sanguínea: relato de caso, Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, 2005; 68(1): 126-128.
- Trombose de veia renal, doença de depósito de cadeias leves e nefropatia dos cilindros em paciente com mieloma múltiplo, Autopsy and Case Reports, 2011; 1(2): 41-48.
Seu médico ou médica já prescreveu algum medicamento para afinar o seu sangue? Quais foram as orientações que você recebeu para evitar as possíveis complicações de sangue grosso? Comente abaixo!
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