A gabapentina é um medicamento usado no tratamento de convulsões e dores neuropáticas, que são aquelas originadas de lesões nos nervos.
A dor neuropática pode surgir como uma complicação do diabetes ou após uma reativação do vírus varicela zoster, causador da catapora.
A gabapentina é usada como um anticonvulsivante há 20 anos, mas antes somente seus efeitos como relaxante muscular e antiespasmódico eram conhecidos.
Devido à sua aplicação terapêutica, a gabapentina só pode ser comprada mediante a apresentação e retenção da receita médica. As orientações médicas quanto à dose e ao tempo de uso são essenciais, para que você tenha os benefícios do medicamento.
A marca de referência da gabapentina é o Neurontin®, encontrado em cápsulas de 300 e 400 mg e em comprimidos de 400 e 600 mg. O medicamento pode ser adquirido nas farmácias do SUS, pois consta na Relação Nacional dos Medicamentos Essenciais (Rename).
Veja para que serve a gabapentina, como ela age, como tomar, quais são as contraindicações e possíveis efeitos colaterais do medicamento.
Para que serve a gabapentina
A gabapentina pode ser usada de forma isolada ou em associação com outros medicamentos, como o lítio e a carbamazepina, no tratamento das seguintes condições clínicas:
- Dores neuropáticas: são dores crônicas originadas de lesões nos nervos sensitivos do sistema nervoso central (encéfalo e medula espinhal) e do periférico, composto por nervos e gânglios nervosos espalhados pelo corpo. Essas dores podem vir acompanhadas de sensação de queimação, agulhadas, choques e formigamento. Veja como lidar com as dores crônicas.
- Convulsões: movimentos desordenados causados pela contração involuntária da musculatura, geralmente acompanhados de perda da consciência.
Essas condições clínicas estão presentes em diversas doenças, para as quais a gabapentina é frequentemente indicada de modo off label, ou seja, sem ter a indicação descrita na bula:
- Fibromialgia
- Neuropatia diabética
- Esclerose lateral amiotrófica
- Neuralgia pós-herpética, após um quadro de cobreiro na pele.
- Enxaqueca, como tratamento preventivo. Veja quais são os outros remédios mais usados para enxaqueca.
- Transtorno bipolar
- Fobia social
- Estresse pós-traumático
- Ondas de calor na menopausa
- Depressão
- Transtornos de humor
- Abstinência alcoólica
- Síndrome da bexiga dolorosa
- Síndrome do intestino irritável
- Síndrome das pernas inquietas
Como a gabapentina age
O medicamento é absorvido no intestino, sendo captado por células que vão distribuir a substância para todos os tecidos do corpo. Depois que a gabapentina exerce sua função no organismo, ela é eliminada pela urina.
A gabapentina age no sistema nervoso central, constituído pelo encéfalo e pela medula espinhal. Lá, ela inibe a liberação de neurotransmissores excitatórios que desencadeiam a dor neuropática e as crises convulsivas.
Os efeitos do tratamento são logo sentidos nas primeiras doses, quando o medicamento é aplicado ao tratamento das crises convulsivas.
Mas no tratamento da dor neuropática, os efeitos da gabapentina surgem após algum tempo de uso do medicamento, em torno de 14 dias.
É normal a gabapentina ser usada por um longo período, visto que ela é aplicada no tratamento de condições crônicas. A boa notícia é que o medicamento é seguro, quando usado nas doses certas e pelo tempo determinado.
Para evitar o agravamento dos sintomas das condições clínicas tratadas com a gabapentina é muito importante seguir o esquema de doses proposto pelo seu médico ou médica e não interromper o tratamento por conta própria e de forma abrupta, uma vez que sua ação se dá sobre o sistema nervoso central.
Como tomar a gabapentina
A gabapentina deve ser tomada sempre no mesmo horário, de preferência junto às principais refeições. Mas dependendo da dose, pode ser melhor tomar o medicamento antes de dormir, visto que pode causar sonolência.
Se você esquecer de tomar uma dose do medicamento, tome-a assim que lembrar, a não ser que já esteja próximo ao horário da dose seguinte. Nesse caso, apenas pule a dose esquecida e retome o tratamento com a dose seguinte, para não tomar a dose em dobro.
As doses usuais de gabapentina variam de acordo com o objetivo do tratamento:
- Para tratar convulsões (epilepsia): a dose varia de 300 a 900 mg, 3 vezes ao dia, não devendo ultrapassar a dose máxima diária de 3600 mg.
- Para tratar a dor neuropática: a dose varia de 900 a 3600 mg por dia.
O tempo de tratamento varia de acordo com a intensidade dos sintomas, as condições gerais de saúde da pessoa e de sua necessidade, que são parâmetros avaliados pelo médico ou médica responsável.
Contraindicações da gabapentina
A gabapentina não é indicada para pessoas que tenham alergia à substância ou a qualquer outro componente da fórmula. Se você tiver algum familiar que tenha apresentado reação alérgica à gabapentina também não deve usar o medicamento.
Se você apresentar alguma das condições abaixo, é provável que seu médico ou médica não indique a gabapentina no seu tratamento:
- Ter menos do que 12 anos
- Estar grávida ou amamentando
- Ter histórico de dependência de medicamentos
- Estar fazendo dieta de controle de sódio ou de potássio
- Ter algum problema nos rins
A gabapentina não é contraindicada para idosos, mas o uso do medicamento nesse grupo deve ser feito com cautela, pois há maiores chances dessas pessoas fazerem uso de outros medicamentos que podem interagir com a gabapentina.
Além disso, os idosos podem sofrer mais com os efeitos colaterais de sonolência, alterações motoras e tontura, que os colocam em risco de sofrer quedas e se lesionar.
Possíveis efeitos colaterais da gabapentina
Os efeitos colaterais comuns da gabapentina são:
- Alterações da coordenação motora
- Problemas de equilíbrio
- Alterações na visão
- Sonolência
- Tontura
- Náusea
- Vômito
- Diarreia
- Dor de cabeça
- Boca seca
- Febre
- Calafrio
- Dor de garganta
- Dor no corpo
- Cansaço excessivo
- Alterações na fala
- Alterações na visão
- Perda de memória
- Inchaço
- Maior tendência à infecções
Esses efeitos podem ser controlados com o ajuste da dose, por isso converse com seu médico ou médica, caso eles sejam persistentes.
O uso da gabapentina pode causar alterações em exames, como o aumento da concentração de proteína na urina (proteinúria).
Interações medicamentosas da gabapentina
Alguns medicamentos podem alterar ou reduzir o efeito da gabapentina. Por isso, é fundamental relatar ao seu médico ou médica todos os medicamentos e suplementos que você usa continuamente.
Alguns exemplos de medicamentos que podem interagir com a gabapentina são:
- Analgésicos opioides, como a morfina.
- Ansiolíticos, como o diazepam.
- Antidepressivos, como a amitriptilina.
- Anti-histamínicos, como a loratadina.
- Anticonvulsivantes, como o fenobarbital.
- Antiácidos, como o hidróxido de alumínio ou de magnésio.
- Antipsicóticos, como a clorpromazina.
- Fitoterápicos, como a valeriana.
O consumo de álcool pode intensificar o efeito de sonolência e a sensação de cansaço, por isso não é recomendado ingerir bebidas alcoólicas durante o tratamento.
Fontes e referências adicionais
- Gabapentina: farmacologia, uso clínico e interações farmacológicas, Revista de Psiquiatria Clínica (São Paulo), 2000; 27(4): 237-243.
- Revisão sobre o uso de gabapentina para controle da dor pós-operatória, Revista Brasileira de Anestesiologia, 2009; 59(1): 87-98.
- Uso de gabapentina no tratamento da dor neuropática e do topiramato na enxaqueca, Revista Saúde e Desenvolvimento, 2012; 2(1): 8-19.
Fontes e referências adicionais
- Gabapentina: farmacologia, uso clínico e interações farmacológicas, Revista de Psiquiatria Clínica (São Paulo), 2000; 27(4): 237-243.
- Revisão sobre o uso de gabapentina para controle da dor pós-operatória, Revista Brasileira de Anestesiologia, 2009; 59(1): 87-98.
- Uso de gabapentina no tratamento da dor neuropática e do topiramato na enxaqueca, Revista Saúde e Desenvolvimento, 2012; 2(1): 8-19.