Dor ao evacuar: 6 causas e o que fazer

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A dor ao evacuar, na maioria das vezes, não indica a existência de algum problema grave de saúde. Mas, quando ela é intensa ao ponto de gerar dificuldade para sentar e caminhar, ou se vem acompanhada de sangramento forte, vermelhidão e inchaço no local, é importante procurar ajuda médica, pois nesse caso pode indicar um problema de saúde. 

De modo geral, a dor ao evacuar pode ocorrer por causa de lesões na região anal, decorrentes de hemorroidas e fissuras, ou também pode ser resultado do ressecamento das fezes, que a deixam muito duras. 

As fezes ressecadas costumam ser um problema transitório, que passa assim que a prisão de ventre é resolvida. O aumento da ingestão de água e de fibras contribui significativamente para a resolução desses casos. 

Agora, alterações na região anal precisam de um atendimento médico, pois alguns casos exigem um tratamento específico, para que sejam resolvidos. 

Veja o que pode ser a dor ao evacuar e o que fazer em cada situação. 

Hemorroidas

Hemorroida
A dor ao evacuar é um dos sintomas da hemorroida

As hemorroidas são uma das principais causas da dor ao evacuar que, normalmente, é acompanhada de sangramento, observado no papel higiênico ou no vaso sanitário. 

Geralmente, esse problema surge em pessoas que sofrem com prisão de ventre com muita frequência, pois fazem um esforço grande para evacuar, aumentando a pressão nos vasos sanguíneos da região. Com isso, formam-se como se fossem varizes na região anal, ou seja, as veias ficam dilatadas. 

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A dor ao evacuar é um dos principais sintomas da hemorroida, mas algumas pessoas também podem sentir coceira e um desconforto na região, por conta da dilatação das veias. Veja algumas formas de prevenir e aliviar a dor da hemorroida

Quando a hemorroida é externa, pode-se sentir um inchaço na borda do ânus. As hemorroidas internas não são palpáveis e nem visíveis, pois ficam acima do esfíncter anal, o anel muscular que mantém o ânus fechado, e provoca sintomas mais intensos. 

O que fazer

Em casos de hemorroida, o ideal é procurar ajuda médica, que pode ser de um/uma clínico geral ou especialista (coloproctologista). 

Em muitos casos, as hemorroidas não são um problema grave de saúde e até se resolvem espontaneamente, mas o atendimento médico se faz necessário naqueles casos em que há um sangramento que dura mais de 1 semana, ou quando ele é muito intenso, mesmo que seja um único episódio. Também é preciso buscar atendimento, quando as “varizes” ficam endurecidas na borda do ânus.

Normalmente, o tratamento inicial é feito com pomadas ou supositórios, como o Proctan® ou Proctyl®. Veja outras formas de tratamento para as hemorroidas externas

Quando as veias ficam duras, é um sinal de que se formou um coágulo no local, que precisa ser puncionado, para normalizar a drenagem do sangue. 

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Alguns casos, porém, só são resolvidos com cirurgia (hemorroidectomia), por meio da remoção das veias danificadas. A técnica de ligadura elástica é uma alternativa não cirúrgica, que resulta na remoção da hemorroida, por meio de seu estrangulamento com um elástico. Basicamente, a interrupção do fluxo sanguíneo para a hemorroida faz com que seu tecido necrose, e caia naturalmente. 

Fissura anal

A fissura anal é uma ferida que surge no ânus e pode ser decorrente de traumas na região, causados por uma limpeza muito agressiva após evacuar, ou por fezes muito duras, durante a sua passagem. Ainda, essas feridas podem ser resultado de infecções sexualmente transmissíveis ou de doenças gastrointestinais, como a doença de Crohn

Como a fissura é uma ferida, ela aumenta as chances de se desenvolver uma infecção bacteriana no local, o que agrava o problema. A ferida é como uma porta de entrada para bactérias que passam pela região, com as fezes. Neste cenário, é esperado um processo inflamatório, que causa vermelhidão, inchaço e dor na região anal. Além da dor ao evacuar, é comum o sintoma de ardência na região anal. 

O que fazer

A primeira linha de tratamento da fissura anal é interromper o seu ciclo, ou seja, tratar a dor e evitar que ela piore, fornecendo as condições ideais para que possa cicatrizar. 

Isso é feito com a administração de analgésicos, por via oral ou tópica, para tratar a dor. Também podem ser prescritas medicações, como diltiazem, nifedipina ou pomada de nitroglicerina, que diminuem a pressão no esfíncter anal e melhoram a vascularização no local, o que é muito importante para que elementos do sistema imunológico cheguem ao local e reparem os danos, com seus mecanismos de cicatrização. 

O médico ou médica também pode receitar laxantes, para facilitar a passagem das fezes pelo ânus, evitando que provoquem outras lesões no local. 

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Em casa, você pode fazer um banho de assento com água morna, durante 10 a 20 minutos, especialmente após defecar. Esse banho diminui a dor e a ardência que atingem a região anal.

Por fim, é importante cuidar da alimentação, aumentando a ingestão de fibras, acompanhadas de água, para que as fezes adquiram uma consistência mais macia e não fiquem muito tempo no intestino, pois isso leva ao seu ressecamento. 

Porém, em alguns casos, a fissura anal não cicatriza, se tornando crônica. Nesses casos, é preciso fazer uma cirurgia, para remover a fissura anal crônica (fissurectomia) e cortar algumas fibras musculares do esfíncter anal, que deixa a borda do ânus muita dura e, por isso, impede a cicatrização da fissura. Assim, se faz uma nova ferida, mas remove-se a causa da dificuldade de cicatrização, permitindo, então, que a fissura cicatrize normalmente. 

Prisão de ventre

Dor de barriga
A prisão de ventre causa dor ao evacuar durante a passagem das fezes

A constipação intestinal, ou prisão de ventre, é definida como aquele quadro em que a pessoa sente muita dificuldade para evacuar e o faz com pouca frequência, menos de 3 vezes na semana. 

Normalmente, há necessidade de se fazer um grande esforço para conseguir evacuar um volume pequeno de fezes duras e separadas (“em bolinhas”). Esse tipo de fezes causa dor durante a sua passagem e pode provocar feridas. 

O que fazer

A primeira medida terapêutica a ser tomada em um caso de prisão de ventre é fazer alterações na dieta, incluindo mais fibras, presentes em frutas, legumes e verduras. O mamão e a ameixa preta se destacam por suas propriedades laxantes, que podem ajudar significativamente em quadros de prisão de ventre. Confira alguns laxantes naturais que podem ajudar na prisão de ventre.

O psyllium é uma fibra originária de um arbusto (Plantago ovata), extraída da casca de suas sementes. Essa fibra é capaz de absorver um grande volume de água, contribuindo para a formação de fezes maiores, estruturadas (e não fragmentadas) e úmidas, facilitando a sua passagem pelo ânus.   

Outra medida essencial é aumentar o consumo de água, no mínimo 1,5 litro por dia, para que as fibras sejam hidratadas e melhorem a consistência das fezes.  

Todo mundo sabe da importância dos exercícios físicos para a saúde de modo geral, mas pouca gente sabe que a atividade física estimula a motilidade do intestino, fazendo com que o trânsito do bolo alimentar e fecal ocorra de forma mais rápida, o que previne que as fezes fiquem ressecadas e duras, e aumenta a frequência de evacuações. 

Também é importante lembrar que não se deve segurar as fezes, mas evacuar assim que sentir vontade. 

Se nenhuma dessas ações resolver o problema, pode ser o caso de se fazer uma desimpactação manual, que é a fragmentação mecânica das fezes, para possibilitar a sua passagem, realizada por profissionais de saúde. 

Abscesso anal

O abscesso anal é um acúmulo de pus nos espaços ao redor do ânus, podendo ser superficiais ou profundos. Normalmente, está associado a uma fístula anal ou perianal, que forma um tipo de túnel estreito, que começa na porção final do intestino e termina em uma abertura na região anal. 

Os sintomas do abscesso anal são dor ao evacuar e inchaço, por causa do acúmulo de pus. Muitas bactérias agem no local, predominando as espécies Escherichia coli, Proteus vulgaris, Bacteroides, estreptococos e estafilococos. 

Além da dor e do inchaço, os abscessos superficiais também podem deixar a região mais sensível e avermelhada. Os abscessos profundos não causam tanta dor, quanto os superficiais, mas tendem a provocar febre, calafrios e mal-estar generalizado. 

O que fazer

Ao suspeitar de uma abscesso anal, é recomendado procurar ajuda médica o quanto antes, para que ele não aumente de tamanho e gere complicações, como a infecção de outros órgãos. 

O abscesso anal precisa ser drenado por meio de uma incisão, que pode ser feita em ambiente ambulatorial, quando superficial, ou exigir uma cirurgia, quando mais profundo. 

Pessoas que apresentam febre ou têm o sistema imunológico enfraquecido também recebem tratamento com antibiótico. A medicação costuma não ser necessária em casos de abscesso anal superficial.  

Endometriose intestinal

Dor de barriga
Durante o período menstrual, a mulher pode sentir muita dor ao evacuar

A endometriose é uma doença caracterizada pelo desenvolvimento do endométrio fora do útero, o que é uma situação anormal, pois o tecido endometrial é próprio do revestimento interno do útero. 

As células endometriais podem crescer inclusive no intestino, caracterizando a endometriose intestinal. Durante o período menstrual, as células endometriais fora do útero respondem aos estímulos hormonais, se multiplicando e descamando (menstruação), da mesma forma daquelas que estão no útero. 

Por causa disso, durante o período menstrual, a mulher pode sentir muita dor ao evacuar e ao urinar e pode ter sangramento no intestino também.

O que fazer

Quando a endometriose intestinal não é tão profunda, o tratamento costuma ser feito apenas com medicamentos que suspendem a menstruação (anticoncepcionais), controlando o crescimento dos focos de endometriose no intestino. 

Porém, quando regiões muito extensas e profundas do intestino são afetadas pelos focos de endometriose, é feita uma cirurgia para removê-los. 

Há casos em que o tecido cicatricial do foco de endometriose no intestino obstrui uma parte do órgão, tornando necessária a remoção dessa região, geralmente por via laparoscópica. 

Câncer do canal anal

O câncer do canal anal não é muito frequente, e se manifesta no canal anal e nas bordas externas do ânus. O canal anal é o tubo por onde as fezes passam, ao deixar o organismo.

Este câncer está intimamente associado ao HPV, uma infecção sexualmente transmissível, causada pelo vírus Papilomavírus Humano. As verrugas e alterações no tecido anal provocadas pelo vírus podem se desenvolver e formar um tumor. 

Os principais sintomas são sangramento e dor durante a evacuação, que levam a pessoa a pensar que está com hemorroidas. Mas, além desses sintomas, também pode haver inchaço da região anal, alterações dos hábitos intestinais, coceira e ardência no ânus, incontinência fecal, presença de um nódulo no ânus e aumento dos gânglios linfáticos (ínguas).

O que fazer

A escolha do tratamento para o câncer do canal anal considera a localização do tumor e o estadiamento (estágio) da doença, assim como a idade da pessoa, de seu estado geral de saúde e de suas preferências. 

Atualmente, se dá preferência para a combinação de quimioterapia e radioterapia para tratar o câncer, mas a cirurgia é necessária em alguns casos e consiste na remoção dos tumores anais. Casos mais graves demandam a remoção cirúrgica do canal anal, do reto e de uma porção do cólon. 

Fontes e referências adicionais

Quais dessas causas de dor ao evacuar você já conhecia? Conhece alguma outra causa ou forma de tratamento para esse tipo de dor? Quais hábitos saudáveis para o intestino você precisa colocar em prática? Comente abaixo!

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Sobre Dr. Marcos Marinho

Dr. Marcos Marinho é especialista em Gastroenterologia, Endoscopia Digestiva e Ultrassonografia - CRM 52.104130-4. Formou-se em Medicina pela Universidade do Grande Rio (Unigranrio) e é pós-graduado em Gastroenterologia pelo IPEMED. Realizou cursos de ultrassonografia geral e intervencionista pela Unisom, ultrassonografia musculoesquelética e Doppler pelo CETRUS. Para mais informações, entre em contato através de seu Instagram oficial @drmarcosmarinho

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