8 principais problemas de segurar o cocô e o que fazer

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Existem situações como viajar durantes horas sem encontrar uma parada com banheiro, passar alguns dias na casa de parentes ou amigos, estar em local público ou em ambiente de trabalho, que são verdadeiros obstáculos para algumas pessoas conseguirem fazer cocô, seja porque o momento não permite ou por vergonha.

Segurar o cocô de vez em quando, não tem problema. Agora, quando isso se torna frequente, vários problemas podem acontecer. 

Segurar o cocô com muita frequência significa colocar a sua saúde em risco, pois você pode desenvolver incontinência fecal e problemas relacionados com a constipação, como fissuras anais, hemorroidas, hérnias e infecções por bactérias. 

Por isso, se você não pode fazer cocô no exato momento em que sente vontade, vá ao banheiro assim que possível, para evitar maiores problemas. 

Veja quais são os problemas de segurar o cocô e o que fazer. 

Problemas de segurar o cocô

Segurando cocô

Segurar o cocô faz com que ele fique por mais tempo no intestino, onde a água contida nas fezes é absorvida. Quanto mais tempo parado no intestino, mais as fezes ficam ressecadas e duras, o que torna o momento da evacuação muito dolorido e arriscado para a sua saúde. 

Formação de fecaloma

Fecaloma significa fezes empedradas, que ficaram assim porque tiveram toda a sua água absorvida no intestino, devido ao longo tempo em que ficaram paradas. Neste caso, os medicamentos normalmente usados para tratar intestino preso ou o supositório não resolvem o problema da constipação. 

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O que fazer: procure ajuda médica, para que o profissional avalie o procedimento necessário, que pode ser clínico ou cirúrgico. 

Hemorroidas

Mesmo quando as fezes não estão tão duras, ao ponto de você não conseguir evacuar e necessitar de ajuda médica, o grande esforço feito no momento da evacuação pode causar a dilatação das veias do reto e do ânus, causando hemorroidas. 

As hemorroidas podem causar dor ou desconforto, coceira, sangramento e vazamento fecal. 

O que fazer:

Dependendo da situação da hemorroida, ela se resolve naturalmente, com as veias voltando ao seu tamanho natural. Até que ela se resolva, você pode incluir métodos caseiros para aliviar a dor das hemorroidas e prevenir que outras surjam no futuro.

Em alguns casos, o médico pode prescrever cremes ou pomadas com analgésicos e anti-inflamatórios, para acelerar a cura e diminuir o desconforto. Se nenhum tratamento convencional resolver, existem procedimentos ambulatoriais e cirúrgicos que são eficientes na resolução das hemorroidas.  

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Fissuras anais

A fissura anal é um trauma, um pequeno rasgo na mucosa interna que reveste o ânus, e ela se forma devido à passagem de fezes muito duras. Esse machucado causa dor na hora da evacuação, que pode persistir por algumas horas depois, e pode ainda haver sangramento junto com as fezes.  

O que fazer: você pode fazer um tratamento caseiro com banho de assento e, se não resolver, há tratamentos não cirúrgicos que envolvem aplicação de gel ou pomada com nitroglicerina e anestésico, injeção de toxina botulínica tipo A ou medicação por via oral. Há casos mais graves que necessitam de cirurgia. Veja mais detalhes sobre esses tratamentos.  

Hérnias abdominais

A força realizada no momento da evacuação de fezes muito duras pode causar o aparecimento de hérnias, principalmente se a pessoa tiver predisposição para o problema. Quando a pessoa faz muita força em episódios de constipação, pode ocorrer o aumento da pressão dentro do abdômen, fazendo com que uma parte do intestino passe pela parede muscular enfraquecida do abdômen. 

A região da hérnia fica muito inchada, avermelhada e, algumas vezes, dolorida.

O que fazer: o mais indicado é procurar ajuda médica, para que o tecido do intestino seja recolocado em seu lugar e a abertura nos músculos seja fechada, por meio de uma cirurgia. 

Infecção urinária

As fezes contém, além dos produtos da digestão, muitas bactérias que, se ficam estocadas no intestino por muito tempo, podem migrar para a corrente sanguínea e infectar outros órgãos. No caso das mulheres, o perigo é ainda maior, devido à anatomia feminina, que facilita a migração das bactérias do intestino para a uretra, causando a infecção urinária. 

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A infecção urinária causa vontade de urinar com frequência, com sensação de dor e ardência, e urina com odor e cor fortes. 

O que fazer: o tratamento é feito com antibióticos prescritos pelo médico, por isso é importante que você faça uma consulta, caso suspeite de infecção urinária. 

Retocolite ulcerativa

As fezes paradas no intestino podem desencadear inflamações nesse órgão e no reto, resultando em úlceras que causam cólicas, diarreia e hemorragia. Como é uma doença crônica, o tratamento é contínuo, visando controlar a inflamação e os sintomas. 

O que fazer:

Ao apresentar esses sintomas, é recomendado que a pessoa procure um gastroenterologista, para que faça os exames que irão identificar se o problema é causado por retocolite ulcerativa ou outra doença inflamatória intestinal com sintomas semelhantes.

A partir do diagnóstico, os medicamentos mais apropriados podem ser prescritos. Quando não há resposta ao tratamento convencional, a cirurgia de colectomia parcial ou total pode ser indicada. 

Diverticulite

Diverticulite

Os divertículos são pequenas bolsas que se formam no cólon e que, geralmente, não causam problemas de saúde. Mas, quando as fezes ficam retidas por muito tempo no intestino, as bactérias podem infectar os divertículos, causando uma inflamação, que é a diverticulite

Esse problema costuma causar muita dor abdominal, acompanhada de febre, náuseas e vômitos. As complicações da doença podem ser bem graves, com perfuração do intestino e infecção do revestimento do abdômen, devido ao vazamento de pus e fezes. 

O que fazer:

É indicado fazer uma consulta com um gastroenterologista, assim que surgirem os sintomas, pois, dependendo do caso, pode ser necessário o tratamento com antibióticos, para conter a infecção.

Alguns casos requerem hospitalização, para administração intravenosa de antibióticos e até cirurgia. Casos simples são mais facilmente controlados com medicamentos, mudança na dieta e repouso. 

Incontinência fecal

Conforme o ato de segurar o cocô se torna muito frequente, a musculatura do reto e do ânus vai ficando distendida e perdendo a força. Isso, a longo prazo, faz com que a pessoa perca o controle das fezes sólidas e líquidas e dos gases, liberando-os de maneira involuntária.

Esse problema impacta negativamente a vida social das pessoas, que ficam muito constrangidas, ansiosas e com medo. 

O que fazer: a incontinência fecal é tratada com fisioterapia e terapia comportamental, que incluem mudanças na dieta, no estilo de vida e trabalham o fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico. Quando essas medidas não resolvem, o caso é tratado com cirurgia. 

Por quanto tempo é seguro segurar o cocô?

O tempo seguro para segurar o cocô é aquele suficiente para você chegar a um local em que pode evacuar sem problemas. Então, é possível segurar o cocô em situações de viagem, durante um filme, uma aula, uma palestra, um turno de trabalho até o horário do almoço, mas não mais do que isso. 

Ou seja, não é seguro ficar segurando o cocô por vários dias, por qualquer que seja motivo, como estar na casa de algum amigo ou familiar. Isso só trará problemas e pode fazer com que você precise usar um supositório ou medicamento para amolecer as fezes. Além disso, como vimos, existem várias doenças que podem se desenvolver por causa desse mau hábito. 

Em situações de extrema necessidade você pode segurar o cocô, seguindo essas dicas:

  • Relaxe o músculo do reto: se você relaxar o músculo do reto, ao invés de contraí-lo, a vontade de fazer cocô passa temporariamente. 
  • Não contraia o abdômen: fazer força com o abdômen, ajuda na movimentação do intestino para eliminação das fezes, por isso, evite contraí-lo. 
  • Evite agachar: se você ficar em pé ou deitado, o cérebro é enganado quanto à necessidade de fazer cocô, pois essas posições não são naturais na evacuação. Se possível, evite agachar ou sentar. 
Fontes e referências adicionais

Você tem o costume de segurar o cocô? Sabia que esse hábito poderia causar tantos problemas de saúde? Comente abaixo!

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Sobre Dr. Marcos Marinho

Dr. Marcos Marinho é especialista em Gastroenterologia, Endoscopia Digestiva e Ultrassonografia - CRM 52.104130-4. Formou-se em Medicina pela Universidade do Grande Rio (Unigranrio) e é pós-graduado em Gastroenterologia pelo IPEMED. Realizou cursos de ultrassonografia geral e intervencionista pela Unisom, ultrassonografia musculoesquelética e Doppler pelo CETRUS. Para mais informações, entre em contato através de seu Instagram oficial @drmarcosmarinho

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