Desidratação discal: causas, sintomas e tratamentos

publicado em

A desidratação discal é um processo degenerativo que afeta o disco intervertebral. A porção central desse disco é chamada de núcleo pulposo e é constituída principalmente de água. Devido à sua composição, o núcleo pulposo possui uma consistência gelatinosa, que serve para amortecer o impacto e facilitar o deslizamento dos ossos nos movimentos. 

Com a desidratação discal, o núcleo pulposo acaba perdendo a sua capacidade de amortecimento, pois fica mais fino e rígido. Além disso, a cápsula fibrosa que o envolve pode sofrer rachaduras, por onde o líquido pode extravasar e comprimir fibras nervosas que passam pelo local, dando origem ao problema de hérnia de disco. 

A desidratação discal faz parte do processo normal de envelhecimento, mas ela pode ser agravada ou se manifestar de modo precoce (antes dos 50 anos), se sofrer influência de alguns fatores internos e/ou externos. 

Por exemplo, a sobrecarga da coluna vertebral promovida pelo sobrepeso ou pelo estresse gerado por movimentos repetitivos pode acelerar a degeneração dos discos intervertebrais. 

Veja mais detalhes sobre a desidratação discal, os sintomas que ela provoca, as causas envolvidas e como essa condição clínica é diagnosticada e tratada. 

O que são discos intervertebrais?

Coluna vertebral
Os discos intervertebrais ficam entre as vértebras da coluna

Para entender o que é desidratação discal, você precisa saber o que são discos intervertebrais e onde estão localizados. 

A nossa coluna é constituída por 33 vértebras, que são os ossos que a compõem. Entre esses ossos existe um disco, que é importante tanto para a estrutura da coluna, quanto para a sua proteção. 

  Continua Depois da Publicidade  

O disco apresenta uma porção central constituída principalmente de água e uma porção externa, que é mais fibrosa. A parte interna é chamada de núcleo pulposo e apresenta uma consistência gelatinosa e elástica. O anel externo é mais rígido e impede que o líquido escape para fora do disco. 

Quando um processo degenerativo afeta a coluna vertebral, ocorre a desidratação do disco, ou seja, a perda de água e de nutrientes. 

Com menos água em seu interior, o disco fica mais rígido e menos eficiente no amortecimento dos impactos e na mobilidade da coluna, causando dor e rigidez articular. 

Causas da desidratação discal

O envelhecimento é um processo natural da vida e afeta todas as estruturas do nosso corpo. Os discos intervertebrais são estruturas muito usadas ao longo da vida, pois amortecem todo impacto gerado pelos movimentos e por traumas leves e graves. 

Assim, com o passar dos anos, as células que compõem os discos intervertebrais e que estão envolvidas na absorção de água e de nutrientes começam a morrer, resultando em em discos cada vez mais desidratados, rígidos e menos elásticos. 

Porém, o processo natural de envelhecimento é influenciado por vários fatores internos e externos. 

  Continua Depois da Publicidade  

Os fatores internos dizem respeito à herança genética e às anormalidades estruturais que uma pessoa pode apresentar em seu esqueleto. Os fatores externos são um conjunto de hábitos e estilo de vida relacionados à alimentação, à prática de atividade física, à ocupação e à postura. 

O sobrepeso é um fator que contribui significativamente para a desidratação discal precoce, pois sobrecarrega e pressiona a coluna vertebral. 

Como as regiões da coluna cervical (pescoço) e lombar são as mais movimentadas e as mais envolvidas na sustentação do peso corporal, os discos intervertebrais dessas porções da coluna vertebral são os mais afetados pela desidratação discal. 

Sintomas da desidratação discal

O processo degenerativo dos discos intervertebrais se dá de forma lenta e, por isso, grande parte dos casos são assintomáticos, sendo descobertos por acaso em exames de imagem realizados para investigar outras doenças. 

Quando surgem os sintomas, as queixas são principalmente de limitação dos movimentos e dor constante na coluna, devido ao atrito entre os ossos e desestabilização da coluna.  

Conforme a altura do disco vai ficando menor, as fibras que o constituem vão se degenerando e sobrecarregando a coluna vertebral. Com isso, a pessoa que está sofrendo um processo de desidratação discal fica mais vulnerável a desenvolver outros problemas relacionados ao sistema musculoesquelético. 

  Continua Depois da Publicidade  

Dentre as possíveis complicações da desidratação discal estão os osteófitos, mais conhecidos como bicos de papagaio e a artrose na coluna

As alterações anatômicas na coluna com a formação de protuberâncias ósseas (bicos de papagaio) ou rachaduras no disco (hérnia de disco) podem levar à compressão da medula espinhal ou das raízes nervosas que saem das vértebras para inervar os membros superiores e inferiores. 

Quando há compressão da medula óssea ou das raízes nervosas, sintomas mais graves podem se manifestar:

  • Dor nas costas que irradia para o trajeto do nervo acometido, ou seja, em direção aos braços ou pernas. 
  • Perda de força ou massa muscular.
  • Perda do equilíbrio.
  • Sensação de formigamento/dormência nos braços ou nas pernas.
  • Prejuízo dos movimentos das articulações.

Diagnóstico da desidratação discal

Dor na coluna
Assim que apresentar os sintomas, a pessoa deve buscar ajuda médica

O processo diagnóstico da desidratação discal começa com a escuta dos sintomas relatados pelo paciente e com o levantamento de seu histórico pessoal de trabalho, prática de atividade física, acidentes e, também, de seu histórico familiar. 

O médico ou médica também pode fazer um exame físico para verificar qual é o seu nível de dor e o grau de limitação dos movimentos. 

Depois disso, o/a profissional poderá solicitar exames de imagem, que podem ser uma radiografia e ressonância magnética, para visualizar como estão os discos intervertebrais e as vértebras.

Tratamentos da desidratação discal

Com os resultados dos exames radiológicos e de ressonância magnética em mãos, o médico ou médica ortopedista consegue identificar a gravidade da desidratação discal e, assim, prescrever o tratamento mais adequado. 

As crises agudas de desidratação discal são tratadas com analgésicos e anti-inflamatórios, para controlar a dor e a inflamação. 

Caso a dor não melhore com os medicamentos convencionais, o médico ou médica pode fazer um bloqueio na coluna, que é uma infiltração em pontos específicos para promover analgesia (combate à dor) e ação anti-inflamatória. 

Além do tratamento dos sintomas, é essencial corrigir os fatores que aceleram ou pioram a desidratação discal. 

Sendo assim, é recomendado eliminar o excesso de peso corporal, para diminuir a sobrecarga na coluna vertebral e fortalecer a musculatura do corpo, que pode ser feita em sessões de fisioterapia ou de musculação. Na fisioterapia, você também consegue trabalhar a flexibilidade e a mobilidade da coluna. 

É importante, também, cuidar da sua postura. Perceba como está a sua postura à frente do computador, celular ou qualquer outro equipamento que você utilize em seu trabalho. Você pode considerar fazer uma reeducação postural global (RPG), para corrigir os maus hábitos posturais.   

A cirurgia só é indicada para casos em que a desidratação discal evolui para problemas mais complexos, como hérnia de disco ou bicos de papagaio que comprimem a medula espinhal ou as fibras nervosas. 

Em casos assim, pode ser feita uma descompressão das fibras nervosas com uma técnica minimamente invasiva de endoscopia da coluna.

Fontes e referências adicionais

Em que altura da coluna você sente mais dor? O que você acha que pode melhorar no seu dia a dia, para evitar a evolução da desidratação discal? Já fez algum exame de imagem para investigar a causa da sua dor? Comente abaixo!

Foi útil?
1 Estrela2 Estrelas3 Estrelas4 Estrelas5 Estrelas
Loading...
  Continua Depois da Publicidade  
Sobre Dr. João Hollanda

Dr. João Hollanda é Médico Ortopedista - CRM-SP 113136. Formou-se pela Santa Casa de São Paulo, com especialização em cirurgia do joelho. É também médico da Seleção Brasileira de Futebol Feminino desde 2016 e médico voluntário do Grupo de Traumatologia do Esporte da Santa Casa de São Paulo desde 2010. Você pode entrar em contato com o Dr. João através de seu site.

Deixe um comentário