Manobra de valsalva: como fazer e para que serve

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A manobra de valsalva é uma manobra respiratória, na qual se faz uma expiração forçada com a glote fechada. Isto significa que você faz um movimento expiratório, sem liberar (exalar) o ar, de fato. 

Nós fazemos a manobra de valsalva involuntariamente quando desempenhamos qualquer atividade que empregue força, por exemplo, em exercícios de musculação e durante a evacuação. Perceba que, nesses momentos, você faz o movimento de expiração prendendo o ar. 

No movimento expiratório, a caixa torácica sofre uma retração, logo, os vasos sanguíneos intratorácicos sofrem uma constrição (vasoconstrição), levando ao aumento da pressão arterial.  

Além dessa resposta fisiológica, outros fenômenos ocorrem no organismo durante a manobra de valsalva e, por isso, ela pode ser usada como ferramenta de diagnóstico e de tratamento de algumas situações médicas e desconfortos transitórios. 

Veja como fazer a manobra de valsalva, entenda suas fases, para que serve e quais são as contraindicações. 

Como fazer a manobra de valsalva

Manobra de valsava

A manobra de valsalva é uma técnica em que a pessoa prende a respiração, fecha as vias respiratórias e força a saída de ar. 

O passo a passo da manobra de valsalva é o seguinte:

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  1. Sente ou deite-se. 
  2. Faça uma inspiração profunda.
  3. Feche a boca.
  4. Aperte o nariz com o dedo polegar e indicador, como se fosse mergulhar.
  5. Faça o movimento de expiração (de liberação do ar), sem abrir a boca. Use uma força de sopro moderada. 

Fases da manobra de valsalva

O efeito fisiológico da manobra de valsalva ocorre em diferentes fases:

Fase 1

A fase 1 corresponde ao início do sopro, em que a pressão dentro do tórax e do abdômen aumenta, pressionando as artérias intratorácicas. Como resultado, há um aumento da pressão arterial média. 

Isso ativa o sistema reflexo barorreceptor, que regula a pressão arterial. Esse sistema aumenta a atividade parassimpática, que determina a redução da frequência cardíaca. 

Nesta fase, também, há uma redução da quantidade de sangue que entra no átrio direito, ou seja, diminui o retorno venoso de sangue para o coração. 

Fase 2

Com menos sangue chegando ao coração, um menor volume é ejetado, diminuindo tanto a pressão venosa central quanto a pressão arterial média. 

Novamente se ativa o sistema barorreceptor, que diminui a atividade parassimpática, levando a um aumento da frequência cardíaca e da atividade simpática. Ela promove a vasoconstrição, que leva, novamente, a um leve aumento da pressão arterial no final da fase 2.

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Fase 3

A fase 3 corresponde ao fim da manobra, marcada pela diminuição da pressão intratorácica, dilatação dos vasos intratorácicos e diminuição da pressão arterial. Também ocorre um aumento do volume sanguíneo que chega ao coração, por meio do retorno venoso. 

Fase 4

Na última fase, o bombeamento mais volumoso de sangue aumenta a pressão arterial novamente, o que ativa o sistema barorreceptor que, por sua vez, diminui a frequência cardíaca. 

Chega um momento em que a pressão arterial e a frequência cardíaca são normalizadas. 

Para que serve manobra de valsalva

Cardiomiopatia
Um dos usos da manobra de valsava é o diagnóstico da cardiopatia hipertrófica

A manobra de valsalva pode ser usada como ferramenta diagnóstica, do tipo provocativa, para se detectar as seguintes condições:

  • Hérnia inguinal e abdominal.
  • Fraqueza do assoalho pélvico, com prolapso do útero, vagina ou bexiga. 
  • Varicocele, que são varizes no testículo. 
  • Deficiência esfincteriana uretral intrínseca, um subtipo de incontinência urinária. 
  • Radiculopatia cervical ou lombar, que são a compressão de um nervo na altura do pescoço ou da lombar. 
  • Disfunção da tuba auditiva.
  • Hipotensão ortostática. neurogênica, que é a queda da pressão arterial quando a pessoa está sobre seus pés. 
  • Malformação de Chiari, um defeito congênito do cerebelo. 
  • Detectar focos de sangramento após cirurgia de tireoide.
  • Cardiomiopatia hipertrófica.
  • Identificação de sopros no coração, pois fica mais fácil para o médico ou médica ouvi-los no exame. 
  • Prolapso da valva mitral.
  • Insuficiência cardíaca congestiva.
  • Conexão anormal entre a cavidade oral e os seios da face, após uma extração dentária. 
  • Cefaleia primária da tosse, um tipo de dor de cabeça em pontada desencadeada por tosse ou espirro. 
  • Anormalidades no sistema nervoso autônomo simpático e parassimpático. 

A manobra de valsalva também pode ser usada como uma técnica de tratamento de alguns desconfortos:

  • Igualar a pressão da orelha média e do ambiente externo: durante o mergulho, subida ou descida de uma serra, decolagem ou pouso de avião e disfunções da tuba auditiva, responsáveis pela sensação de ouvido tampado.
  • Diminuir o zumbido no ouvido, apesar de que, em algumas pessoas, a manobra de valsalva pode aumentar o desconforto. 
  • Aliviar a dor da sinusite.
  • Eliminar o pus retido no ouvido.
  • Empurrar as fezes em pessoas com intestino neurogênico, que é a perda da sensação de necessidade de evacuação ou da sensibilidade de presença de fezes no reto.
  • Palpitações de interrupção, causada por taquicardia supraventricular e fibrilação atrial. 

Contraindicações da manobra de valsalva

Mulheres grávidas já sofrem um aumento da pressão no abdômen, por isso devem evitar a manobra de valsalva. 

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Pessoas com prisão de ventre e que fazem a manobra de valsalva durante um período longo de tempo na evacuação podem sofrer desmaios.

Pessoas que sofrem com pressão alta nos olhos, típica de glaucoma e esclerite, e problemas na retina não devem realizar a manobra de valsalva, pois podem sofrer perda temporária da visão ou com o aparecimento de flutuadores (manchas) no campo visual. 

Fontes e referências adicionais

Você já tinha ouvido falar sobre a manobra de valsalva? Sentiu algum desconforto ao realizá-la? Você percebe que realiza a manobra inconscientemente em alguma atividade do seu dia? Comente abaixo!

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Sobre Dra. Akemi Martins

Dra. Akemi Martins Higa é bióloga, formada pela Universidade Federal de São Carlos em 2011. Doutora na área de Medicina Tropical e Saúde Internacional, com ênfase em doenças neurodegenerativas, pela Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de nanotecnologia e imunologia aplicada ao diagnóstico de neuromielite óptica e esclerose múltipla. Para mais informações, entre em contato.

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