Coração grande (cardiomegalia): causas, sintomas e tratamentos

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Coração grande, ou coração dilatado, é tratado na medicina como “cardiomegalia”, uma alteração na estrutura deste órgão, que adquire um tamanho maior do que o normal.  

Essa alteração estrutural pode ser causada por doenças que afetam o miocárdio, que é o músculo cardíaco. As fibras que compõem esse músculo podem perder sua capacidade de contração, ficando relaxadas. Com isso, o coração tende a distender e ficar maior. 

A dilatação pode afetar as artérias e ambos os ventrículos, direito e esquerdo, ou apenas um deles. Os ventrículos são as câmaras que bombeiam sangue para a circulação sistêmica, de todo o corpo, e a pulmonar. 

Pessoas de qualquer idade podem sofrer com o problema de coração grande, mas ele é mais comum entre pessoas acima dos 50 anos, que já convivem com alguma doença cardíaca, como hipertensão, insuficiência cardíaca, doença das artérias coronárias, problemas nas válvulas cardíacas, arritmia e doença de Chagas. 

Quando a cardiomegalia afeta pessoas mais jovens, geralmente tem relação com doenças congênitas, presentes desde o nascimento, ou com hábitos de vida prejudiciais à saúde, como o consumo de álcool e drogas. 

A cardiomegalia é um problema de saúde que requer diagnóstico e tratamento médicos, pois afeta um órgão vital e pode acabar desencadeando problemas em todo o corpo e causar sintomas típicos de insuficiência cardíaca, principalmente cansaço intenso e falta de ar. 

Veja quais são as principais causas de coração grande, seus sintomas e como são feitos o diagnóstico e os tratamentos. 

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Principais causas de coração grande (cardiomegalia)

Hipertensâo
A hipertensão é uma das condições que podem causar a cardiomegalia

Existem várias condições de saúde que podem causar o aumento do tamanho do coração, as principais são: 

  • Infarto do miocárdio (ataque cardíaco): é a morte de algumas células do músculo cardíaco (miocárdio), que ficam sem suprimento sanguíneo, por causa da obstrução das artérias coronárias, causada pelo desprendimento de placas, que formam coágulos capazes de entupir as artérias.  
  • Isquemia cardíaca: trata-se da redução do fluxo de sangue para o coração, causada pelo estreitamento das artérias coronárias, provocada pelo acúmulo de placas, geralmente de gordura. 
  • Hipertensão: pressão arterial alta.
  • Estenose aórtica: estreitamento da abertura da válvula que leva o fluxo sanguíneo do ventrículo esquerdo para a aorta. Isso reduz o fluxo de sangue para o corpo e deixa o coração mais fraco. 
  • Estenose mitral: estreitamento da abertura da válvula mitral, que bloqueia o fluxo de sangue do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo. 
  • Cardiopatias congênitas: são anormalidades na estrutura e/ou na função do coração que surgem nas primeiras 8 semanas de gestação, por exemplo o defeito do septo atrial ou ventricular, tetralogia de Fallot e anomalia de Ebstein. 
  • Miocardite provocada por infecção: inflamação da camada média da parede do coração causada por infecções, por exemplo, HIV, COVID-19 e doença de Chagas
  • Consumo excessivo de álcool e drogas
  • Medicamentos usados no tratamento de câncer: doxorrubicina, epirrubicina, daunorrubicina e ciclofosfamida. 
  • Gestação: algumas gestantes podem apresentar um quadro de cardiomegalia, principalmente quando possuem histórico de doenças cardiovasculares, idade mais avançada ou hábitos prejudiciais, como fumar e consumir bebidas alcoólicas. 
  • Cardiomiopatia autoimune: inflamação do músculo cardíaco provocada por uma reação autoimune. 
  • Deficiência de vitamina B1
  • Anemias, veja os principais tipos e seus sintomas
  • Hipertireoidismo

Dentre todas essas causas, o infarto do miocárdio é o principal responsável pelo quadro clínico de coração grande no Brasil. A região do coração que sofreu necrose das células do miocárdio fica mais rígida, o que resulta na dilatação do órgão, pela incapacidade do músculo cardíaco em contrair eficientemente. Veja quais são os principais sinais e sintomas do infarto

A perda da força de contração do miocárdio também pode ser provocada por inflamações decorrentes de infecções virais, como ficou evidente em alguns casos de COVID-19, nos quais as pessoas infectadas desenvolveram cardiomegalia. Veja a relação da COVID-19 com a saúde do coração.

A pressão alta, um problema bastante comum, também é um dos principais responsáveis pelo aumento do coração. Neste caso, a pressão mais alta faz com que o coração tenha que se esforçar mais para vencê-la e conseguir bombear sangue eficientemente, com isso o músculo cardíaco sofre um processo de hipertrofia, ficando maior e mais dilatado. 

Sintomas de coração grande (cardiomegalia)

Falta de ar
A dispneia e a dor no peito são alguns dos sintomas comuns da cardiomegalia

Uma pessoa pode ter coração grande e ser assintomática, isto é, não apresentar sintomas de cardiomegalia. Porém, com o passar do tempo, em fases mais avançadas do problema, os sinais e sintomas podem surgir: 

  • Falta de ar (dispneia): surge em momentos de esforço físico, mas também pode ocorrer em repouso. Além disso, a dificuldade respiratória pode piorar quando a pessoa está deitada. Este sintoma, chamado de ortopneia, é típico de insuficiência cardíaca.  
  • Cansaço excessivo ao fazer atividades simples: por exemplo, trocar de roupa, amarrar os sapatos ou tomar banho. 
  • Fadiga: desgaste físico e mental constante.
  • Edema pulmonar: acúmulo de líquido nos pulmões causado pelo aumento da pressão nos vasos sanguíneos, resultante da insuficiência cardíaca. 
  • Inchaço: na barriga, pernas, tornozelos e pés.
  • Arritmia: distúrbio do ritmo dos batimentos cardíacos, que ficam muito rápidos, muito lentos ou irregulares. 
  • Distensão das veias do pescoço
  • Dor no peito
  • Tontura e desmaios

Diagnóstico de coração grande (cardiomegalia)

O diagnóstico de coração grande é feito por meio da avaliação do histórico médico e familiar da pessoa, juntamente com alguns exames. O eletrocardiograma, por exemplo, é um dos exames utilizados, pois permite avaliar a atividade elétrica do coração, que mostra como estão o ritmo cardíaco e o número de batimentos por minuto.

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A radiografia do tórax também é um exame usado no processo diagnóstico de cardiomegalia, porque possibilita a medição do aumento do órgão, considerando um índice cardiotorácico. A partir desse índice, é possível classificar a cardiomegalia em grau I (leve), grau II (moderado), grau III (moderado a grave) e grau IV (grave). 

O ecocardiograma é um exame fundamental para o diagnóstico de coração grande, pois fornece um panorama de como está o funcionamento do coração, incluindo o funcionamento das válvulas, os movimentos de contração e dilatação das câmaras, a circulação do fluxo sanguíneo e anomalias na anatomia do órgão. 

Tendo detectado que o coração está grande, o/a cardiologista busca compreender as possíveis causas do problema, investigando o histórico médico da pessoa, ou seja, suas possíveis doenças de base, doenças na família, seus hábitos de vida e sintomas. 

A partir das hipóteses diagnósticas levantadas pelo(a) cardiologista, podem ser solicitados outros exames, que servirão para confirmar ou descartar o diagnóstico. Veja outros exames usados na investigação de problemas no coração

Tratamentos de coração grande (cardiomegalia)

Alguns casos de coração grande são decorrentes de fatores passageiros, por exemplo, gravidez e infecção viral. Passado o fator desencadeador e feito o tratamento, a situação pode ser revertida, com a diminuição do tamanho do coração até certo nível. É difícil reverter a cardiomegalia de forma completa, com o coração voltando ao seu tamanho normal. 

Quando o coração grande é resultado de uma doença crônica de base, é possível que a pessoa tenha que tomar medicamentos de uso contínuo, para controlar os sintomas da cardiomegalia. 

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Em casos em que a cardiomegalia é detectada em exames de check-up e a pessoa é assintomática, as medidas terapêuticas iniciais são direcionadas à prevenção do agravamento do problema e consistem em mudanças de alguns hábitos de vida, entre eles: 

  • Cuidar da alimentação, seguindo uma dieta balanceada. 
  • Reduzir o consumo de bebidas alcoólicas. 
  • Parar de fumar.
  • Praticar atividades físicas regularmente. 

Medicamentos

Normalmente, são prescritos medicamentos para controlar os sintomas da cardiomegalia e tratar as doenças de base. As principais classes de medicamentos utilizados são: 

  • Diuréticos: ajudam a remover o excesso de líquido do organismo, impedindo que se acumule nas veias, no abdômen, nas pernas e nos pés. 
  • Anti-hipertensivos: reduzem a pressão arterial, por meio da dilatação das veias e da melhora do fluxo sanguíneo. Isso diminui o esforço que o coração precisa fazer para bombear sangue para o corpo.  
  • Anticoagulantes: previnem a formação de coágulos no sangue, que possam obstruir veias e artérias. 
  • Antiarrítmicos: controlam o ritmo cardíaco, facilitando a contração do miocárdio. 

Cirurgias

Marcapasso
O marcapasso é uma medida comum para pessoas com cardiomegalia

Em estágios mais avançados de cardiomegalia, podem ser necessários alguns procedimentos cirúrgicos, como: 

  • Colocação de marcapasso: comum em casos de insuficiência cardíaca avançada e arritmia grave. O marcapasso é um dispositivo implantável, que monitora os batimentos cardíacos e estimula o coração, impedindo que a frequência cardíaca fique abaixo da ideal. 
  • Substituição de válvulas cardíacas: quando a causa do coração grande é um problema em alguma válvula, é possível fazer a sua substituição por uma válvula artificial.  
  • Cirurgia de bypass coronário: é realizada para desviar o fluxo sanguíneo de artérias coronárias prejudicadas, que estejam impedindo um fluxo sanguíneo normal. Nesta cirurgia, é feita uma via alternativa para a circulação do sangue, usando vasos sanguíneos de outros locais do corpo. 
  • Colocação de stent: o stent é um pequeno tubo expansível, que é colocado em artérias coronárias entupidas, para restaurar o fluxo sanguíneo. 
  • Transplante cardíaco: é a última opção de tratamento, realizada quando todas as outras medidas terapêuticas e cirúrgicas não foram eficazes na resolução do problema. 

É fundamental que o problema de coração grande seja tratado, para impedir que o quadro se agrave e cause complicações que podem ser fatais. Além do tratamento medicamentoso e dos procedimentos cirúrgicos, é fundamental cultivar hábitos de vida saudáveis. 

Acima de tudo, a melhor conduta é a prevenção, com a realização de exames periódicos, capazes de identificar o problema em suas fases iniciais. 

Fontes e referências adicionais

Você tem ou conhece alguém que tem cardiomegalia (coração grande)? O que causou o aumento do coração? Faz algum tipo de tratamento? Comente abaixo!

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Sobre Dr. Lucio Pacheco

Dr. Lucio Pacheco é Cirurgião do aparelho digestivo, Cirurgião geral - CRM 597798 RJ/ CBCD. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento em transplantes no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela UFRJ em 2010. Dr. Lucio Pacheco é autor de diversos livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico-cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D'Or e do Hospital Copa D'Or. Além disso é diretor médico do Instituto de Transplantes. Suas áreas de atuação principais são: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia, e transplante de fígado. Para mais informações, entre em contato.

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