Cirurgia de endometriose: quando é indicada, tipos, riscos e recuperação

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A cirurgia de endometriose é indicada quando os sintomas e a doença não são amenizados e controlados com os tratamentos clínicos medicamentosos, e quando o endométrio se infiltra profundamente em órgãos da cavidade pélvica e abdominal. Quando a mulher ainda está na idade reprodutiva e a endometriose é superficial, o médico ou médica ginecologista tenta manter um tratamento conservador, sem cirurgia.  

A endometriose é uma doença ginecológica que afeta uma a cada 10 mulheres em idade reprodutiva, entre 25 e 35 anos. Estima-se que entre 20 a 50% das mulheres que fazem tratamento para engravidar têm endometriose.

Os sintomas e o avanço da endometriose podem ser controlados com anti-inflamatórios não esteroides e com medicamentos análogos do GnRH (hormônio liberador de gonadotrofina), anticoncepcionais orais combinados e progestágenos.

Veja mais detalhes sobre a cirurgia de endometriose, sobre quando é indicada, os tipos, os riscos e como são o pré e o pós-operatório. 

Cirurgia de endometriose: quando é indicada

Cirurgia para endometriose
A cirurgia para endometriose é indicada quando tratamentos prévios não são suficientes

A cirurgia para tratamento da endometriose somente é indicada para mulheres inférteis ou que tenham certeza de que não desejam ter filhos. Isso porque em casos mais graves, pode ser necessária a retirada dos ovários e do útero, o que impossibilita uma gestação. Veja a relação entre endometriose e gravidez.

Sendo assim, antes de recorrer à cirurgia de endometriose, o/a ginecologista tenta fazer tratamentos conservadores com hormônios, que atuam no alívio dos sintomas, mas não reduzem os focos de endometriose. Confira quais são os remédios mais usados para tratar a endometriose.

Quando as medidas conservadoras não são suficientes para controlar a endometriose e o problema evolui, afetando órgãos mais profundos, a cirurgia é considerada, especialmente quando ameaça a vida da paciente. Neste cenário, geralmente, a mulher sofre com sintomas graves e perde qualidade de vida, necessitando de uma intervenção cirúrgica.  

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Os sintomas mais comumente observados na endometriose são: 

  • Cólica menstrual forte
  • Dor na relação sexual
  • Dificuldade para engravidar
  • Dor ao evacuar na menstruação
  • Dor ao urinar na menstruação
  • Dor entre as menstruações

Via de regra, a cirurgia não é indicada para tratar endometriose superficial. Mas, ela pode ser indicada em alguns casos, para aumentar as chances da mulher engravidar, destruindo focos de tecido endometrial que estejam crescendo fora do útero e afetando o seu sistema reprodutivo como um todo. Conheça outras causas de infertilidade feminina, além da endometriose. 

Endometriose: o que é?

Em toda menstruação, a mulher expele o endométrio, o tecido que reveste a parede interna do útero. Na endometriose, esse tecido que deveria crescer estritamente dentro do útero, cresce e se desenvolve em outros órgãos da pelve, como as trompas, ovários, intestinos e bexiga. Assim, a endometriose é classificada da seguinte forma: 

  • Endometriose peritoneal superficial: caracterizada pela presença de focos de endometriose no peritônio, camada que reveste os órgãos digestivos de modo superficial.
  • Endometriose ovariana: é o tipo de que se instala nos ovários, formando cistos maiores do que 2 cm e repletos de um líquido escuro. 
  • Endometriose profunda: ocorre quando o endométrio penetra profundamente os órgãos da cavidade abdominal e pélvica, lesionando-os. 

Tipos de cirurgia de endometriose

Existem, basicamente, dois tipos de cirurgia de endometriose, que variam conforme a idade da mulher e a gravidade de sua endometriose. Desse modo, a cirurgia de endometriose pode ser:

  • Conservadora: é o tipo mais indicado e realizado em mulheres jovens, que ainda estão em idade reprodutiva. Ela é dita conservadora, porque faz a remoção apenas dos focos de endometriose e das aderências, que são bandas de tecido cicatricial que se formam entre os órgãos da cavidade pélvica, atrapalhando seus movimentos e funções. Veja mais detalhes sobre as aderências na região pélvica, também conhecidas como bridas ou aderências abdominais
  • Definitiva: quando os focos de endometriose são muito grandes, profundos e afetam vários órgãos da região abdominal e pélvica, o tratamento medicamentoso e a cirurgia conservadora podem não ser eficientes para o controle da doença. Nesses casos, a cirurgia definitiva é necessária e envolve a remoção completa do útero e dos ovários. 

Na maioria das vezes, a cirurgia de endometriose conservadora é realizada por meio de um procedimento chamado videolaparoscopia, no qual o profissional médico faz pequenas incisões no abdômen, próximo ao umbigo, de tamanhos suficientes para inserir os instrumentos que servem para visualizar as estruturas internas (microcâmera) e para retirar ou queimar (cauterizar) o tecido endometrial, que está crescendo em outros órgãos, que não o útero. Trata-se de uma cirurgia minimamente invasiva, realizada com anestesia geral. 

O procedimento usado na cirurgia de endometriose definitiva é chamado de histerectomia e consiste na remoção cirúrgica do útero e, também, das trompas e dos ovários, dependendo da gravidade da endometriose. 

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Não existe apenas uma forma de se fazer a histerectomia, sendo que a técnica escolhida varia de acordo com a gravidade da endometriose. Basicamente, os tipos de histerectomia são: 

  • Histerectomia vaginal: quando o útero não apresenta variação de tamanho, ele pode ser removido pela vagina. 
  • Histerectomia laparoscópica: o útero é removido a partir de pequenas incisões feitas no abdômen. Geralmente, esta técnica é conduzida juntamente com a histerectomia vaginal.
  • Histerectomia abdominal: é indicada para casos em que o útero contém grandes extensões de tecido, tornando necessária a sua remoção por meio de uma incisão maior no abdômen. 

Numa cirurgia de endometriose profunda, é comum haver a participação de cirurgiões de várias especialidades, pois geralmente há o comprometimento do intestino grosso e da bexiga, que requerem conhecimento e técnicas específicas. 

Pré-operatório da cirurgia de endometriose

Eletrocardiograma
É necessário fazer alguns exames como o eletrocardiograma antes da cirurgia

Antes de fazer a cirurgia, a mulher passa por exames de check-up, como o eletrocardiograma e o hemograma, para avaliar seu estado geral de saúde. 

Também faz o exame CA-125, para verificar como está o avanço da endometriose. No ultrassom transvaginal, o médico ou médica ginecologista avalia quais órgãos foram atingidos e deverão ser tratados na cirurgia. 

Riscos da cirurgia de endometriose

Os riscos da cirurgia de endometriose, assim como qualquer outra cirurgia, estão associados com a anestesia geral. Nesse sentido, os riscos são menores quando a mulher não apresenta alergia a nenhum tipo de medicamento ou anestesia. 

Também existe o risco de infecção causada pela contaminação com alguma bactéria hospitalar. 

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Sabendo desse risco, o médico ou médica responsável pela cirurgia orienta a mulher após o procedimento, que ela deve procurar atendimento médico imediato, na presença dos seguintes sinais e sintomas de infecção e inflamação: 

  • Febre acima de 38°C.
  • Dor intensa no local onde foi feita a cirurgia de endometriose.
  • Inchaço no local onde estão os pontos da cirurgia.
  • Vermelhidão no local da cirurgia.

Recuperação da cirurgia de endometriose

Após a cirurgia de endometriose, a mulher precisa ficar internada no hospital, para se recuperar da anestesia geral e para que a equipe médica fique atenta a qualquer sinal de hemorragia. Normalmente, a mulher fica internada por 24 horas após a cirurgia, mas esse período de internação pode ser maior nos casos de histerectomia. 

Depois que a mulher vai para casa, o tempo mínimo para ela se recuperar é, em média, 14 dias, podendo chegar a 1 mês. 

Quando a cirurgia envolve a retirada de uma parte da bexiga por causa dos focos de endometriose profunda, é possível que se tenha que usar um cateter para drenar a urina durante os primeiros 14 dias. 

Se houver alguma intervenção no intestino, é provável que o cirurgião ou cirurgiã acople uma bolsa de colostomia para drenar os gases e as fezes durante a fase de recuperação.  

Durante essa recuperação, é importante ficar em repouso relativo, evitando fazer esforço e carregar peso. Também é preciso evitar relações sexuais nos primeiros 14 dias após a cirurgia. Alimentar-se adequadamente, com refeições nutritivas e balanceadas ajuda muito o organismo na recuperação, assim como a ingestão de pelo menos 1,5 litros de água por dia, para eliminação de toxinas e de retenção hídrica. 

Em muitos casos, após a cirurgia, a mulher precisa fazer um tratamento contínuo com anticoncepcionais, para interromper o fluxo menstrual, impedindo o retorno da doença.

Fontes e referências adicionais

Você tem qual tipo de endometriose? Faz tratamento contínuo com qual medicamento? Pensa em fazer a cirurgia de endometriose? Comente abaixo!

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Sobre Dra. Akemi Martins

Dra. Akemi Martins Higa é bióloga, formada pela Universidade Federal de São Carlos em 2011. Doutora na área de Medicina Tropical e Saúde Internacional, com ênfase em doenças neurodegenerativas, pela Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de nanotecnologia e imunologia aplicada ao diagnóstico de neuromielite óptica e esclerose múltipla. Para mais informações, entre em contato.

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