Cervicite: o que é, sintomas, causas e tratamento

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A cervicite é uma inflamação que atinge o colo do útero, podendo ser de origem infecciosa e por isso necessita de um tratamento rigoroso.

Existe a forma aguda e a forma crônica da doença. A cervicite aguda está relacionada com agentes como bactérias, vírus e fungos e a crônica está relacionada com agentes que causam traumas e alergias no colo do útero.

Neste artigo, traremos informações importantes sobre os riscos de contrair a cervicite, os sintomas, prevenção e tratamentos.

Como se contrai a cervicite e quais os tipos

Sintoma da cervicite

Como já mencionado anteriormente, a cervicite é uma inflamação no colo do útero.

O nome cervicite vem de cérvix (cérvice, cerviz) que é o colo do útero, que tem a função de ligar o útero e o sistema reprodutor feminino com o canal vaginal.

O colo do útero é uma barreira que tanto protege o útero de agentes infecciosos (vírus, bactérias, fungos) como também protege o saco gestacional e o feto durante a gravidez (Lusk, 2020).

A mulher pode contrair cervicite em relações sexuais sem preservativo, sendo essa a forma aguda e infecciosa da doença que acontece por meio de transmissão de doenças sexualmente transmissíveis (DST). 

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Outra maneira em que a cervicite pode se manifestar é por meio de traumas causados por algum tipo de produto que entra em contato com o colo do útero provocando uma inflamação.

Dentre estes agentes inflamatórios, temos o diafragma, produtos que causam alergias como o látex dos preservativos ou cremes espermicidas, lubrificantes, absorventes internos e duchas vaginais (Tavares, 2007).

Evitando a cervicite infecciosa

A cervicite infecciosa pode ser evitada com o uso de preservativos durante as relações sexuais.

É importante ressaltar que o uso do preservativo evita a transmissão de várias doenças sexualmente transmissíveis.

Exemplos de doenças sexualmente transmissíveis que contribuem com a cervicite infecciosa são a clamídia, gonorréia, herpes genital, dentre outras (Romanelli, 2014).

Sintomas de cervicite 

Geralmente não há sintomas nos casos de cervicite aguda (infecciosa) e nem na cervicite crônica (Menezes, 2003).

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No entanto, o problema pode ser percebido no exame realizado pelo ginecologista, nas consultas de rotina.

O ginecologista se baseia nos relatos da paciente e no exame clínico realizado, desta maneira se torna possível detectar os sinais de perigo deste tipo de inflamação.

Apesar de não haverem sintomas na maioria dos casos, alguns sinais podem servir de alerta, vejam a seguir: 

  • Sangramento vaginal após relação sexual ou entre o período da próxima menstruação.
  • Ardor ao urinar e dor durante as relações sexuais.
  • Forte dor abdominal no baixo ventre.

Qualquer um destes sinais deve ser levado a sério e a consulta ao médico não deve ser adiada, pois ele pode avaliar e pedir exames mais específicos para iniciar o tratamento mais adequado.

Exames que ajudam a detectar a cervicite

O exame que mais pode ajudar a detectar a cervicite é o Papanicolau e o próprio médico pode colher em seu consultório.

Durante este exame, o médico que o realizar vai fazer uma raspagem no colo do útero para coletar um material que contém algumas células para análise laboratorial.

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Este exame também permite detectar se há infecção por HPV (Papiloma vírus), o que pode ser a causa da cervicite. O Papanicolau é um exame preventivo, tendo como principal objetivo ajudar a descobrir precocemente um tumor maligno e iniciar um tratamento (Lopes, 2007).

Por meio do Papanicolau é possível perceber alterações nas células do tecido que reveste o útero causadas por alguns tipos do papilomavírus (HPV).

Após o resultado do exame, o médico poderá escolher o melhor tratamento para a cervicite, caso seja detectada.

Tratamento para cervicite aguda e crônica

O ginecologista vai analisar fatores como a gravidade da inflamação, o estado geral de saúde da paciente e a extensão dos sintomas.

Nos casos de cervicite infecciosa o tratamento é realizado com o uso de antibióticos para combater as bactérias que geralmente são os agentes responsáveis pela infecção (Silva, 2014).

A cervicite não infecciosa pode ter tratamento variado, dependendo da sua causa.

Quando a causa for pela presença de algum corpo estranho, este objeto não deverá mais ser utilizado (ex: absorvente interno, diafragma).

Em caso de agentes que causam alergias como cremes, lubrificantes, duchas vaginais, a mulher não poderá utilizar-se destes produtos e junto com o ginecologista terá que procurar alternativas para substituí-los.

É importante salientar que no caso da cervicite ser devido a alergia ao látex do preservativo, deve-se optar por preservativos antialérgicos, já que deixar de usá-lo aumenta os riscos de contrair a forma infecciosa da doença (OMS, 2001).

Mulheres que tiveram lesões no colo do útero devido à cervicite crônica deverão cauterizá-las. No entanto, a cauterização não evita infecções por HPV, por isso a mulher não deve se descuidar (Ferreira, 2010).

A importância de fazer um tratamento adequado

A cervicite quando não é infecciosa nem sempre causará sequelas ou exigirá tratamento, porém nos casos infecciosos sempre deverá ser bem cuidada.

Um dos perigos da cervicite é que a inflamação pode atingir as proximidades onde se encontram as trompas de Falópio, endométrio, útero, ovários e bexiga (Cordeiro, 2008).

Quando a inflamação atinge as trompas de Falópio, a mulher pode ter futuramente uma gravidez ectópica, que é quando o feto não se desenvolve no útero, mas na trompa.

A inflamação na trompa nem sempre é detectada, pois pode ser assintomática. Devido a inflamação das tubas uterinas (trompas), o óvulo fecundado não consegue chegar ao útero, pois tem seu caminho interrompido. Por isso ocorrem casos de gravidez nas trompas. 

Uma gravidez ectópica pode levar ao rompimento da trompa onde o feto se aloja e isso pode causar uma hemorragia interna, podendo ser fatal para a gestante.

Dentre as causas para a gravidez ectópica, também estão a anatomia alterada das trompas e infecções, mas a cervicite é uma causa relevante (Santos et all, 2016).

Segundo estudos, mesmo em uma gravidez normal, mulheres que tiveram cervicite sem tratamento adequado podem correr o risco de o bebê nascer prematuro, ou ainda de sofrerem de infecção na placenta ou o feto ter infecções no ventre da mãe (Gomes, 2013).

Outras complicações para as mulheres com cervicite mal curada é a possibilidade  de infertilidade e de doença inflamatória pélvica aguda (Gomes, 2013).

Por ser uma doença muitas vezes silenciosa, precisamos tomar alguns cuidados.

Precauções que toda mulher precisa tomar

Preservativo
O uso de preservativos em relações sexuais é importante para evitar a doença
  • Consulte o ginecologista periodicamente e sempre que perceber algo diferente na região íntima.
  • Use preservativos nas relações sexuais, procure opções de material antialérgico, caso sinta algum desconforto com o látex.
  • Troque o absorvente interno de acordo com a orientação do fabricante e também respeitando o seu fluxo.
  • Faça a higiene íntima sem usar duchas vaginais, a menos que tenha recomendação do ginecologista.
  • Preste atenção se há secreções vaginais estranhas, com cor amarelo-escura ou esverdeadas.
  • Fique atenta para os sangramentos durante a relação sexual e fora do período menstrual.
  • Caso sinta dor na relação sexual, procure o ginecologista, isso não deve ser menosprezado.
  • Não ignore fortes dores na região pélvica, mesmo que elas passem sem tomar nenhuma medicação.

Mesmo com o tratamento adequado, existe a possibilidade de a cervicite voltar, por isso a prevenção é importante como forma de evitar que isso aconteça.

Fontes e referências adicionais
  • Green and black tea in relation to gynecologic disorders, Molecular Nutrition & Food Research, 55(6), 931–940
  • Abnormal cervical appearance: What to do, when to worry?, Mayo Clinic Proceedings, 86(2), 147–151
  • Cervical cancer: Overview, National Cancer Institute
  • Cervical intraepithelial neoplasia (CIN), NHS
  • Effects of probiotics on the recurrence of bacterial vaginosis: A review [Abstract], Journal of Lower Genital Tract Disease, 18(1), 79–86
  • Pelvic inflammatory disease. NHS
  • CORDEIRO, T.M.O. Avaliação da Organização da Assistência as Doenças Sexualmente Transmissíveis na Rede Básica de Saúde do Município de Ilheus-Ba.100p. Dissertação (Mestrado)- Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2008.
  • FERREIRA, Maria de Lourdes da Silva et al. Motivos que influenciam a não-realização do exame de papanicolaou segundo a percepção de mulheres. Escola Anna Nery, v. 13, p. 378-384, 2010.
  • GOMES, F. A. M. Valor do exame clínico especular e da anamnese para o diagnóstico do corrimento vaginal. Dissertação (Doutorado) – Universidade de Campinas, Campinas, 2013.
  • Lusk MJ, Garden FL, Rawlinson WD, Naing ZW, Cumming RG, Konecny P. Cervicitis an etiology and case definition: a study in Australian women attending sexually transmitted infection clinics. Sex Transm Infect 2020.
  • MENEZES, M. L. B. “Prevalência de infecções cérvico-vaginais e validação do fluxograma de corrimento vaginal em gestantes”. Dissertação (Doutorado)- Universidade de Campinas, São Paulo, 2003.
  • OMS. Sexually transmitted infections. Geneva; 2001. 50p.
  • ROMANELLI, R.M.C. et al. Doenças sexualmente transmissíveis na mulher. Como abordar?. Femina v. 38(9) p. 445-458. set. 2014. 
  • SANTOS,S., TOURNAYE,H., POLYZOS, NP.  Trends in ectopic pregnancy rates following assisted reproductive technologies in the UK: a 12-year nationwide analysis including 160 000 pregnancies. Hum Reprod. 2016 Feb;31(2):393-402.
  • SILVA, M.J.G.; LIMA, F.S.S.;HAMANN,E.M. Uso dos Serviços públicos de Saúde para DST/HIV/ AIDS por comunidades remanescentes de Quilombos no Brasil. Saúde Soc. v 19(supl.2) p. 109-120, dez. 2014.
  • TAVARES, T. G. et al. Cervicites e seus Agentes na Rotina dos Exames Colpocitológicos. DST – J bras Doenças Sex Transm. V. 19(1) p. 30-34. 2007.

Você já teve ou conhece alguém que já teve cervicite? Já conversou com seu (sua) ginecologista sobre esta patologia? Comente abaixo!

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