Azia na gravidez: causas e o que fazer para evitar

Azia na gravidez é uma sensação de queimação no estômago, que pode ser sentida também no esôfago, localizado no centro do peito, e afetar até a garganta, resultando em um gosto amargo na boca. Esse desconforto costuma ser mais intenso no segundo e terceiro trimestres da gravidez.

É normal ficar preocupada com os sintomas que aparecem durante a gravidez, devido aos riscos que eles podem representar para você e para o bebê. Porém, a azia na gravidez, apesar de muito desconfortável, não deve assustá-la se for um sintoma isolado.

Caso a azia venha acompanhada de dores intensas na região do tórax e do abdômen, é importante relatar isso ao seu médico ou médica ginecologista-obstetra.

Apesar de ser um sintoma comum e até esperado, a azia na gravidez pode ser aliviada e, em alguns casos, evitada, com alguns cuidados básicos com a alimentação.

Veja por que ocorre azia na gravidez, o que você deve fazer para evitar, como deve ser a alimentação nessa fase e quais remédios podem ajudar a combater o sintoma.

Causas da azia na gravidez

Grávida com azia — É bastante comum grávidas sofrerem com azia

Durante a gestação, ocorre o aumento da produção do hormônio progesterona, que atua no relaxamento da musculatura do útero, para acomodar melhor o bebê enquanto ele se desenvolve e cresce no organismo da mãe.

O útero pode ter sua capacidade aumentada em 500 a 1000 vezes, para suportar o aumento de 20 a 40 vezes do suprimento sanguíneo uterino. Ou seja, de 4 mL, o útero passa a suportar de 4000 a 5000 mL de fluidos e substâncias em seu interior. Dessa forma, a progesterona exerce uma importante função na disponibilização de nutrientes adicionais para o feto em desenvolvimento.

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Da mesma forma que a progesterona age sobre a musculatura do útero, ela também relaxa a musculatura do intestino, tornando o processo digestivo mais lento.

O esfíncter esofagiano, que é um tipo de anel muscular entre o esôfago e o estômago, também fica mais relaxado. Com isso, o conteúdo do estômago faz o caminho inverso, ou seja, ao invés de prosseguir para o intestino e continuar o processo digestivo, ele retorna para o esôfago e para a garganta. Como esse conteúdo é ácido, você sente uma queimação no centro do peito e na boca do estômago.

Além da ação do hormônio progesterona no relaxamento da musculatura, o crescimento do bebê também é um fator determinante da azia na gravidez, já que o estômago fica cada vez mais comprimido com a redução do espaço no abdômen da mãe. Com a compressão do estômago, o conteúdo gástrico acaba voltando para o esôfago, provocando azia.

Depois que o bebê nasce, a azia tende a melhorar consideravelmente com o retorno dos órgãos ao seu devido lugar. O sintoma também melhora, pois os hormônios retornam aos seus níveis normais. Entretanto, quando a mulher ganha muito peso, a azia típica da gravidez pode permanecer por até 1 ano após o parto.

A azia também pode ser persistente caso seja um sintoma de refluxo gastroesofágico. Nesse caso, é preciso iniciar um tratamento apropriado para controlar a acidez estomacal e diminuir a inflamação no esôfago (esofagite), provocada pela acidez do suco gástrico.

Azia na gravidez: o que fazer para evitar

As mudanças hormonais e a compressão do estômago são fatores inevitáveis na gravidez. Mas se você tomar alguns cuidados com a alimentação e com alguns hábitos, é possível diminuir a intensidade desse sintoma na gravidez e ter mais conforto no seu dia a dia:

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Após a sua refeição, mesmo que esteja cansada ou com sono, não se deite por, pelo menos, 30 minutos depois de comer. Aguarde até mais tempo do que isso, caso sua alimentação tenha sido volumosa ou mais pesada, com alguma fonte de gordura, por exemplo.
Use roupas folgadas, que não apertem o seu estômago, porque essa compressão externa pode facilitar o retorno do conteúdo estomacal para o esôfago.
Se mesmo aguardando o tempo necessário para se deitar após comer, você continua tendo muita azia, use um suporte para as costas em sua cama. Você pode usar um suporte ortopédico ou colocar um calço de 15 cm nos pés da cama, para deixá-la mais elevada, na parte onde você acomoda seu tronco e sua cabeça.
É bem conhecido que fumar ativa e passivamente na gravidez é prejudicial para a saúde da mãe e do bebê. A azia na gravidez é um sintoma que piora com a exposição ao cigarro.

Alimentação na gravidez

O cuidado com a alimentação é a peça chave para evitar a azia na gravidez, pois ela interfere diretamente no processo digestivo, de forma positiva ou negativa.

Assim, na gravidez, procure cultivar hábitos alimentares que ajudem o seu processo de digestão:

Faça refeições pouco volumosas: para evitar que seu estômago fique muito cheio e o conteúdo gástrico retorne para o seu esôfago, coloque menos comida no seu prato. Isso não quer dizer que você deve ficar com fome, na realidade, o ideal é que você coma com mais frequência, de 2 em 2 horas, para não ficar nem com o estômago vazio, nem com o estômago muito cheio.
Sempre carregue um lanche salgado na bolsa: para evitar longos períodos sem comer, tenha sempre um lanche salgado em sua bolsa, que pode ser uma bolacha água e sal, por exemplo.
Coma maçã ou pera com casca: a maçã e a pera são duas frutas que você deve ter sempre em casa. Elas ajudam a aliviar a azia na gravidez, pois apresentam um pH básico que alivia a queimação e ajuda a cicatrizar a mucosa do estômago. Confira outras frutas que você pode comer para aliviar a azia.
Bebidas geladas e picolés de fruta: picolé de limão, água de coco gelada e suco de melão são ótimos exemplos de bebida/alimento gelados, que podem ajudar a combater a azia na gravidez, principalmente no verão.
Beba água ou suco 30 minutos antes ou depois da refeição: evite beber, enquanto se alimenta, pois isso aumenta o volume no estômago. O líquido contribui significativamente com o volume dentro do estômago, facilitando o retorno do conteúdo gástrico para o esôfago.
Evite consumir bebidas cafeinadas, como café, chá mate e energético: a cafeína age como um estimulante da movimentação gástrica. Se você estiver com o estômago vazio, a movimentação do estômago poderá promover o retorno gástrico e, consequentemente, a azia.
Evite temperos, condimentos e pimentas em excesso: comidas muito temperadas com temperos prontos, cubos de caldo de carne, ketchup, pimenta e molho agridoce podem desencadear uma inflamação no esôfago e no estômago, causando refluxo e azia.
Faça refeições mais leves: evite consumir alimentos muito gordurosos, pois eles fazem com que o estômago libere mais ácido e tornam a digestão mais lenta.
Cultive uma boa microbiota intestinal: consuma alimentos probióticos, para favorecer a proliferação das bactérias boas, que ajudam na digestão. Quando for consumir laticínios, prefira as versões desnatadas, pois contêm menos gordura e exigem menos trabalho digestivo.
Faça a última refeição 3 horas antes de dormir: para evitar o desconforto digestivo durante a noite, que pode atrapalhar o seu sono, faça a sua refeição 3 horas antes de se deitar, para evitar o retorno do conteúdo gástrico e a má digestão dos alimentos ingeridos.
Cuide da sua postura ao sentar: mesmo permanecendo sentada após a refeição, você precisa ter o cuidado de manter a sua postura o mais ereta possível, para não pressionar o seu estômago, caso contrário o refluxo poderá ocorrer da mesma forma e provocar azia.

Além da azia, esses hábitos alimentares previnem o enjoo antes e após as refeições, também muito comuns na gravidez.

Remédios para azia na gravidez

Remédios para estômago — É possível tomar remédios à base de magnésio ou cálcio para combater a azia

Durante a gravidez, o uso de qualquer medicamento é sempre evitado. Mas, quando a azia é muito incômoda, constante e não alivia, mesmo seguindo todos os cuidados com a alimentação, é possível que o médico ou médica ginecologista-obstetra prescreva alguns remédios para aliviar esse sintoma.

Os remédios para azia na gravidez normalmente são à base de magnésio ou de cálcio, como as pastilhas de magnésia bisurada, leite de magnésia ou Mylanta Plus. Antiácidos estomacais que contenham bicarbonato de sódio, como o sal de frutas, não são recomendados na gravidez.

É importante que, por mais que o medicamento pareça inofensivo e que você já esteja acostumada a tomá-lo, você só use um remédio com prescrição médica, principalmente na gravidez. Muitos medicamentos são contraindicados na gravidez, pois podem prejudicar o desenvolvimento do bebê.

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