Esofagite erosiva: causas, sintomas, classificação de Los Angeles e tratamentos

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Esofagite erosiva é uma condição inflamatória acompanhada da formação de lesões que afetam o esôfago, o tubo que conecta a garganta ao estômago.

Diversos problemas de saúde podem resultar na esofagite crônica, sendo o refluxo gástrico crônico um dos mais comuns. Nesse caso, ocorre o retorno do conteúdo ácido do estômago para o esôfago, causando inflamação e lesões a longo prazo. 

Este problema inflamatório e lesivo provoca sintomas como dor ou desconforto para engolir sólidos e líquidos, dor no peito, sensação de azia, pigarro na garganta, rouquidão e, eventualmente, presença de sangue no vômito e nas fezes. 

A esofagite erosiva é classificada de acordo com o grau das lesões desenvolvidas no esôfago, o que é útil para fins diagnósticos e terapêuticos. 

Para a determinação do grau dessas lesões, médicos e médicas gastroenterologistas frequentemente utilizam a classificação de Los Angeles, que estabelece parâmetros e medidas para a definição do grau da esofagite erosiva. 

Além do grau das lesões, é importante também identificar a causa do problema inflamatório, para que possa ser devidamente tratado.

De maneira geral, o tratamento desta condição requer algumas mudanças alimentares e o uso de medicamentos específicos para diminuir ou impedir a produção de ácido gástrico. 

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Veja abaixo mais detalhes sobre a esofagite erosiva, como as causas, sintomas, diagnóstico e tratamentos.

Causas da esofagite erosiva

Esofagite de refluxo
A esofagite de refluxo é um dos tipos mais comuns e pode evoluir para uma erosiva

A esofagite erosiva pode ser compreendida como uma consequência de um quadro de esofagite não tratado. Isto ocorre porque se trata de uma inflamação no esôfago que evoluiu ao ponto de produzir lesões na parede dessa estrutura. 

Sendo assim, é possível entender as causas da esofagite erosiva como as mesmas da esofagite, as quais são principalmente: 

  • Esofagite de refluxo: refere-se a inflamações e lesões provocadas pelo conteúdo ácido do estômago que retorna ao esôfago, causando agressão a essa estrutura. 
  • Esofagite de eosinófilos (alérgica): os eosinófilos são células do sistema imunológico que atuam nas respostas alérgicas, produzindo inflamação. Esse tipo de esofagite é comum em pessoas que possuem alergia a algum alimento ou têm quadros frequentes de asma ou rinite. Essas pessoas podem ter seu esôfago atacado por essas células indutoras de inflamação. 
  • Esofagite por medicamento: este tipo de inflamação é provocada pelo medicamento ao passar pelo esôfago, comum em pessoas que engasgam ao tomar uma medicação em comprimido ou drágea. 
  • Esofagite infecciosa: neste tipo de esofagite, a inflamação é provocada pela ação de algum microrganismo, mais comum em pessoas que possuem imunidade baixa. Entre os organismos que mais frequentemente causam esse tipo de inflamação está o fungo Candida albicans, que pode provocar a candidíase oral. Veja como aumentar a imunidade rapidamente

Sintomas da esofagite erosiva

Os principais sintomas da esofagite erosiva são os seguintes: 

  • Dificuldade para engolir os alimentos e bebidas
  • Sensação de que o alimento ficou preso na garganta ao se alimentar
  • Dor no peito e na garganta
  • Sensação de azia/queimação
  • Rouquidão
  • Pigarro na garganta
  • Tosse crônica
  • Sangue: pode aparecer nas fezes e no vômito
  • Perda do apetite decorrente da dificuldade de alimentação 
  • Anemia: uma complicação que pode se desenvolver devido ao sangramento e má alimentação 
  • Ausência de sintomas: algumas pessoas podem ser assintomáticas no caso da esofagite eosinofílica

Diagnóstico da esofagite erosiva

A primeira etapa do diagnóstico da esofagite erosiva se inicia no consultório com um médico ou médica gastroenterologista, que perguntará ao paciente quais são seus sintomas e em que situações eles melhoram ou pioram. 

A partir disso, o/a especialista solicitará alguns exames confirmatórios, que podem ser: 

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  • Endoscopia: este é o exame mais importante para o diagnóstico da esofagite crônica, pois, com ele, é possível visualizar o esôfago e identificar irregularidades em sua estrutura. Com a câmera introduzida pela garganta do paciente, o médico ou médica enxerga as lesões e pode colher amostras para análise em laboratório. 
  • Exames laboratoriais: as amostras de tecido do esôfago coletadas no exame de endoscopia são analisadas em microscópio para verificar se existem células eosinofílicas ou outros sinais indicativos da causa da esofagite erosiva. 
  • Testes de alergia: caso seja constatado que o paciente tem esofagite erosiva por alergia, o médico ou médica realiza testes de alergia para identificar qual é o alimento ou substância que causa a reação nesse paciente. 

Para se determinar a grau das lesões, o médico ou médica utiliza a classificação de Los Angeles, para que, com isso, possa planejar o melhor tratamento para o paciente. 

Classificação de Los Angeles

Na classificação de Los Angeles, a gravidade das lesões é determinada de acordo com o tamanho e as características dos ferimentos visualizados no esôfago: 

GrauDescrição
AUma ou várias lesões de mucosa menores que 5 mm, que não se estendem entre duas dobras longitudinais.
BUma ou várias lesões de mucosa que se estendem por mais de 5 mm em sua maior extensão e que não estão conectadas entre os pontos mais altos de duas pregas esofágicas vizinhas.
CLesões de mucosa que se estendem de forma contínua (ou convergente) entre os pontos mais altos de pelo menos duas pregas e afetam menos de 75% do órgão.
DLesões de mucosa que afetam mais de 75% da circunferência do órgão.
Fonte: Garcia; Munoz, 2013.

Os graus C e D são os mais preocupantes, pois são fatores de risco para o câncer de esôfago. Por isso, nesses casos, o tratamento pode ser cirúrgico.

Tratamentos da esofagite erosiva

Os tratamentos da esofagite erosiva variam conforme a causa que provocou a inflamação e as lesões no esôfago:

  • Esofagite de refluxo: este tipo de esofagite erosiva é tratada com o uso de medicamentos que inibem ou reduzem a produção de ácido estomacal (inibidores de bomba de prótons, como omeprazol), para que ele pare de agredir a mucosa do esôfago e dê tempo para a válvula que separa os dois órgãos cicatrizar e voltar a funcionar corretamente. A cirurgia tem esse objetivo, de reparar a válvula, porém só é realizada quando os medicamentos não surtem o efeito esperado. 
  • Esofagite por eosinófilos: basicamente, o tratamento requer que a pessoa evite consumir os alimentos que causam a reação alérgica e também evitem o contato com outras substâncias alérgenas, que desencadeiam uma resposta inflamatória no esôfago. Dependendo da alergia, o médico ou médica pode receitar medicamentos antialérgicos específicos para o problema. 
  • Esofagite por medicamentos: deve-se evitar tomar o comprimido, drágea ou cápsula que causa a irritação no esôfago, trocando-os pela versão líquida do medicamento, se estiver disponível. Caso não haja, é preciso conversar com o médico ou médica que receitou o medicamento, para estudar uma possível troca do mesmo. 
  • Esofagite infecciosa: neste caso, o tratamento é direcionado ao combate do agente causador da infecção, o que pode ser realizado com antibióticos ou antifúngicos, dependendo de qual microrganismo está agindo. 
  • Alterações no estilo de vida: a pessoa também será orientada a parar de fumar (se for o caso), evitar alimentos muito gordurosos e industrializados, que promovem a produção de quantidades excessivas de ácido estomacal, e a eliminar o excesso de peso, se estiver com sobrepeso, pois isto prejudica o funcionamento do sistema digestório. 

A cirurgia é somente realizada naqueles casos de esofagite erosiva persistentes, que não respondem às formas de tratamento convencionais. O objetivo da cirurgia é criar ou reparar a válvula no ponto de encontro do esôfago com o estômago, para impedir o refluxo ácido que causa as lesões. 

Medicamentos comumente usados no tratamento de esofagite erosiva

Os medicamentos normalmente utilizados no tratamento da esofagite erosiva são os seguintes: 

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  • Inibidores de bomba de prótons (antiácidos): Esomeprazol Magnesio (Nexium), Lansoprazol (Label), Omeprazol (Mylanta, Antidin, Delixant), Pantoprazol (Canditrat) e Cloridrato de ranitidina (Motilium).
  • Inibidores de histamina: Cloridrato de ranitidina (Motilium), famotidina (Pepcid), cimetidina (Tagamet) e nizatidina (Nizac). Estes são os medicamentos mais utilizados no tratamento das gestantes, por serem mais seguros para a mãe e não influenciarem na produção do leite materno. 
  • Procinéticos: domperidona e metoclopramida. 

Veja aqui os 5 remédios mais usados para esofagite

Cuidados importantes durante o tratamento de esofagite erosiva

Burger
Evite alimentos gordurosos e industrializados que possam provocar má digestão

Enquanto estiver fazendo o tratamento, existem algumas condutas que podem te ajudar a obter resultados mais rápidos e a evitar os desconfortos: 

  • Evite os alimentos que você sabe que podem te causar uma reação alérgica ou simplesmente que causam qualquer desconforto estomacal, como má digestão. 
  • Evite consumir em excesso todo tipo de alimento industrializado, pois são ricos em açúcares, gorduras e aditivos químicos, que prejudicam a digestão.
  • Evite bebidas alcoólicas, gaseificadas e cafeinadas, que podem piorar as lesões no esôfago. 
  • Faça refeições menores, em tamanho de porção, e mais frequentes. Isto é, coma em pouca quantidade, mas aumente a frequência. Fazendo isso, sua digestão será facilitada e diminuirá as chances de refluxo gástrico. 
  • Mastigue bem os alimentos e coma devagar. 
  • Não passe muitas horas em jejum, pois isso pode estimular o refluxo gástrico. 
  • Eleve a sua cabeceira, colocando travesseiros e almofadas que deixem o tronco mais elevado, a fim de reduzir o retorno do suco gástrico ao esôfago. 
  • Espere pelo menos 2 horas para se deitar após fazer uma refeição. 

Esses cuidados são similares aos adotados por pessoas que sofrem de refluxo, uma vez que auxiliam a prevenir o retorno do ácido gástrico para o esôfago. Então aproveite e confira algumas dicas de dieta para quem sofre de refluxo

Fontes e referências adicionais

Quais desses sintomas você se lembra de já ter tido? O que você come ou bebe que piora esses sintomas? O que você descobriu que precisa alterar em seus hábitos para evitar o problema de esofagite erosiva? Comente abaixo!

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Sobre Dr. Marcos Marinho

Dr. Marcos Marinho é especialista em Gastroenterologia, Endoscopia Digestiva e Ultrassonografia - CRM 52.104130-4. Formou-se em Medicina pela Universidade do Grande Rio (Unigranrio) e é pós-graduado em Gastroenterologia pelo IPEMED. Realizou cursos de ultrassonografia geral e intervencionista pela Unisom, ultrassonografia musculoesquelética e Doppler pelo CETRUS. Para mais informações, entre em contato através de seu Instagram oficial @drmarcosmarinho

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