Streptococcus: tipos e doenças causadas pela bactéria

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Streptococcus é o nome dado a um gênero de bactérias que apresentam um formato redondo. Elas se apresentam como um conjunto de esferas (cocos) arranjadas em cadeia, como um colar de contas. 

As bactérias do gênero Streptococcus são classificadas como gram-positivas, pois aparecem na cor azul ou violeta quando olhadas ao microscópio, após receberem um tratamento com corante usado para classificação de bactérias. 

Essas bactérias são responsáveis por diversas doenças infecciosas conhecidas, como a faringite estreptocócica, a pneumonia e outras infecções que podem se desenvolver na pele, na corrente sanguínea e nas válvulas do coração. 

Muitas espécies de bactérias desse gênero estão presentes naturalmente no nosso organismo e, na maior parte do tempo, não causam infecções. Isso acontece devido à ação do nosso sistema imunológico, a defesa do corpo e, também, do controle de crescimento das bactérias do gênero Streptococcus exercido por outras espécies de bactérias. 

Quando há uma baixa do sistema imunológico ou um desequilíbrio na população de bactérias, os representantes do gênero Streptococcus podem ganhar vantagem e se multiplicar além dos níveis controláveis, desencadeando vários tipos de infecções. 

Veja quais são os tipos de bactérias existentes no grupo das Streptococcus e as doenças que elas causam.

Tipos de streptococcus

Cada grupo de bactérias do gênero Streptococcus produz tipos específicos de infecção. Os grupos que mais comumente causam doenças infecciosas em humanos são os seguintes:

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  • Grupo A
  • Grupo B
  • Streptococcus viridans
  • Streptococcus pneumoniae

As formas de contágio das bactérias do gênero Streptococcus diferem de acordo com o grupo a que pertencem: 

Streptococcus
Os Streptococcus apresentam como um conjunto de esferas (cocos) organizadas em cadeia

Grupo A

As bactérias do gênero Streptococcus do grupo A têm como característica a capacidade de se propagar por gotículas do nariz e da garganta, quando uma pessoa infectada ou portadora espirra e tosse. 

Elas também podem ser contraídas a partir do contato com feridas na pele. 

Essas bactérias são mais facilmente propagadas em ambientes fechados e lotados, como as escolas e escritórios. 

O tratamento adequado de uma pessoa infectada com essas bactérias faz com que parem de transmiti-la após 24 horas do início da antibioticoterapia.

Doenças causadas por Streptococcus do grupo A

O representante mais importante deste grupo é a Streptococcus pyogenes, bactéria capaz de causar doenças que afetam o trato respiratório e a pele: 

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  • Faringite: uma doença caracterizada por inflamação e dor intensa na garganta. Crianças pequenas são as mais frequentemente afetadas pela faringite estreptocócica.  
  • Escarlatina: doença que tende a se desenvolver em crianças em idade escolar, especialmente na primavera. A escarlatina é caracterizada pelo aparecimento de manchas vermelho-escarlate na pele, principalmente no tronco, rosto, pescoço, membros, virilha, axilas, cotovelos, punhos e joelhos. Nas dobras do corpo, as manchas são mais escuras. Também surgem caroços vermelhos na língua, cobertos por uma película branca amarelada, que se desfaz. 
  • Impetigo: uma infecção que afeta predominantemente crianças, causando feridas, bolhas e crostas no rosto e nas extremidades do corpo. 
  • Erisipela: infecção na pele ou na mucosa, causada pela entrada da bactéria em camadas mais profundas da pele, principalmente no tecido gorduroso, por meio dos vasos linfáticos. As lesões afetam especialmente as pernas, cuja pele fica avermelhada, brilhante, lisa, inchada e com bolhas e feridas. 
  • Febre reumática: uma possível complicação da amigdalite bacteriana. A bactéria pode atingir as articulações, o coração e o cérebro, podendo deixar sequelas graves e até levar a pessoa ao óbito. A faixa etária mais acometida por esta doença é de 5 a 15 anos. 

A identificação da bactéria Streptococcus pyogenes como causadora da infecção é feita com exames laboratoriais, o antiestreptolisina O, ou ASLO, que permite a detecção de anticorpos produzidos especificamente contra essa espécie de bactéria. Se a pessoa possui esses anticorpos, provavelmente a bactéria é a causadora da infecção. 

O tratamento das infecções é feito com antibióticos, geralmente a eritromicina e a penicilina. Qualquer antibioticoterapia deve ser orientada por um médico ou médica e deve ser seguida corretamente até o fim do período determinado. 

Grupo B

As bactérias desse grupo podem ser transmitidas da mãe para o recém-nascido durante o parto, pelo contato com as secreções vaginais. 

A bactéria representante deste grupo é a Streptococcus agalactiae, que também pode ser encontrada nos tratos intestinal e urinário, além do trato genital feminino. 

Doenças causadas por Streptococcus do grupo B

Esta bactéria pode causar infecções graves nos recém-nascidos, que podem se manifestar algumas horas após o parto ou até dias depois, como:

  • Sepse: é uma inflamação generalizada no organismo, em resposta a uma infecção. Essa reação intensa do organismo pode causar queda da pressão arterial e falência múltipla dos órgãos.
  • Pneumonia: doença respiratória aguda, que provoca inflamação nos pulmões e nos brônquios.
  • Endocardite: infecção e inflamação do tecido que reveste a parte interna do coração e suas válvulas. 
  • Meningite: inflamação das meninges, que são as membranas que revestem o encéfalo e a medula espinhal. 

O CDC, Center for Disease Control and Prevention, órgão de saúde dos Estados Unidos, recomenda a triagem para a presença da bactéria Streptococcus agalactiae em mulheres entre a 35ª e a 37ª semana gestacional. Caso o resultado dê positivo, dá-se início à antibioticoterapia. 

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Já o Ministério da Saúde no Brasil recomenda que os testes sejam feitos apenas em gestantes com alto risco, que são aquelas que apresentam sangramentos. Entretanto, algumas mulheres ficam assintomáticas e podem transmitir a bactéria à criança no momento do parto. 

No bebê, a infecção é facilmente identificada pela manifestação dos sintomas típicos da doença provocada pela bactéria, como dificuldade para respirar, coloração azulada da pele (cianose) e alteração da consciência. 

O tratamento pode variar um pouco em cada condição clínica, mas geralmente é feito com penicilina, cefalosporina, eritromicina e cloranfenicol. 

Pneumonia
A pneumonia é uma doença respiratória que pode ser provocada pelos Streptococcus

Streptococcus viridans

As bactérias da espécie Streptococcus viridans fazem parte, naturalmente, do conjunto de bactérias encontradas na boca. 

Doenças causadas por Streptococcus viridans

Normalmente, não causam nenhum problema, mas se tiverem acesso a regiões mais profundas da boca, por meio de uma inflamação periodontal, podem atingir a corrente sanguínea e inflamar as válvulas cardíacas, provocando uma doença conhecida como endocardite. 

Este problema apresenta maiores chances de ocorrer em pessoas com condições de saúde que as deixam mais predispostas à complicação, como é o caso de quem tem aterosclerose ou outras doenças cardiovasculares

Em pessoas com o sistema imunológico funcional e ausência de condições predisponentes, as bactérias são facilmente combatidas no sangue pela ação das células e anticorpos do sistema imune. 

O tratamento normalmente é feito em ambiente hospitalar com a administração de antibióticos na veia. 

Streptococcus pneumoniae

As bactérias Streptococcus pneumoniae são frequentemente encontradas no trato respiratório.

Doenças causadas por Streptococcus pneumoniae

A bactéria Streptococcus pneumoniae é a principal responsável pelas infecções respiratórias, como a otite, a sinusite e a pneumonia. Essa bactéria também pode causar infecções mais graves, como meningite, endocardite, peritonite e osteomielite

Otite
Infecções como a otite, entre outras, podem ser causadas pela Streptococcus pneumoniae

Crianças pequenas e idosos, que são os grupos com maior debilidade do sistema imunológico, podem sofrer com uma pneumonia mais grave, que evolui para um quadro de bacteremia, ou seja, as bactérias podem acessar a corrente sanguínea e, por meio dela, se espalhar para outros locais do corpo, desencadeando uma resposta inflamatória generalizada (sepse). 

Os sintomas e sinais clínicos de uma pneumonia são bastante claros e, normalmente, suficientes para o diagnóstico. Os sintomas mais comuns são os respiratórios, como dificuldade para respirar, cansaço excessivo e frequência respiratória maior do que a normal. Veja como identificar um princípio de pneumonia.

Para concluir o diagnóstico, podem ser feitos exames laboratoriais para identificação da bactéria causadora da pneumonia. 

Confirmado que se trata de uma pneumonia bacteriana, o tratamento é conduzido com antibióticos, como a penicilina, eritromicina, sulfametoxazol-trimetoprima, tetraciclina e cloranfenicol. 

Fontes e referências adicionais

Você já teve alguma das doenças causadas por bactérias do gênero Streptococcus? Quais foram os seus sintomas? Qual antibiótico você tomou para tratar a doença? Comente abaixo!

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Sobre Dra. Akemi Martins

Dra. Akemi Martins Higa é bióloga, formada pela Universidade Federal de São Carlos em 2011. Doutora na área de Medicina Tropical e Saúde Internacional, com ênfase em doenças neurodegenerativas, pela Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de nanotecnologia e imunologia aplicada ao diagnóstico de neuromielite óptica e esclerose múltipla. Para mais informações, entre em contato.

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