Pesquisa estuda nova classe de remédios promissores contra a leucemia

publicado em

Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) e da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) estão investigando uma nova possibilidade de tratamento para as chamadas leucemias agudas.

O estudo, publicado na revista Blood Cancer Journal, foi feito com a molécula sintética THZ-P1-2, recém-lançada pela indústria farmacêutica. Com ela, foi possível eliminar mais de 80% dos tumores nos chamados ensaios ex-vivo, feitos em células retiradas de pacientes. Porém, ainda faltam estudos em humanos.

Durante a pesquisa, foram realizados testes em células de 40 pacientes do Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP e 25 do Centro Médico da Universidade de Groningen, na Holanda, que foi parceiro no estudo. Eles descreveram o mecanismo de ação da molécula THZ-P1-2, inibidora das proteínas PIP4K2s, no tratamento de câncer.

Os resultados se baseiam em duas hipóteses desenvolvidas anteriormente no laboratório do ICB: os quadros de pacientes com leucemia mielóide aguda, com maiores níveis das PIP4K2s, evoluem mais rapidamente e têm mais chances de morte, já os pacientes com polimorfismos, ou seja, variantes genéticas e hereditárias no gene PIP4K2A, têm maiores chances de desenvolver a leucemia linfoblástica aguda, explicou a doutoranda em ciências médicas pela FMUSP e primeira autora do trabalho, Keli Lima.

Câncer
São necessários estudos conduzidos em pessoas para confirmar se o tratamento é seguro e eficaz

O diferencial da molécula

Segundo a pesquisadora, parte da eficácia do fármaco pode ser explicada por um diferencial da molécula THZ-P1-2. Isso porque ela ataca os tumores de múltiplas formas: causando morte celular programada (apoptose), fazendo a célula “comer a si mesma” (autofagia), mudando o metabolismo e induzindo à diferenciação entre as que são cancerosas e as que são saudáveis.

De acordo com a doutoranda, tudo isso aumenta as chances de que o tratamento seja bem-sucedido.

Além disso, o inibidor também se mostrou seguro, pois não houve ameaças à integridade das células não tumorais.

  Continua Depois da Publicidade  

Ele foi aplicado ainda em células precursoras das células do sangue saudáveis e não houve qualquer efeito, apontou o professor do Departamento de Farmacologia do ICB, que coordenou a pesquisa no Laboratório de Biologia do Câncer e Antineoplásicos do instituto, João Agostinho Machado-Neto.

Conforme o professor, eles viram que a molécula possui uma boa seletividade, sendo capaz de atacar preferencialmente as células tumorais.

As leucemias agudas e os efeitos da molécula

As leucemias agudas são um tipo de câncer que pode chegar a uma mortalidade de mais de 50% em adultos.

Elas são divididas em duas categorias: as leucemias linfoblásticas agudas e as leucemias mielóides agudas. Em sua maioria, os casos de leucemias linfoblásticas agudas atingem crianças e não costumam causar mortes, pois existem tratamentos consolidados para eles.

Por outro lado, a leucemia mielóide aguda é mais comum entre os adultos. A falta de opções terapêuticas para a faixa etária ajuda a explicar a taxa elevada de mortalidade.

Segundo Machado-Neto, ambas são bem agressivas e as pessoas que não recebem nenhum tipo de tratamento podem falecer dentro de poucos meses. 

  Continua Depois da Publicidade  

Ele destacou ainda que as terapias atuais das leucemias agudas envolvem transplante de medula óssea e quimioterapia. Porém, muitas pessoas, especialmente os pacientes com mais de 60 anos, não podem ser transplantadas, pois o procedimento é de risco para esses grupos.

A saída, então, se torna a quimioterapia, porém em baixas doses, devido à toxicidade do tratamento. Nesses casos, os pacientes podem receber o medicamento venetoclax, mas a sua eficácia é significativa somente em parte dos pacientes.

No entanto, a pesquisa apontou que a THZ-P1-2 aparentou ser mais indicada para a leucemia linfoblástica aguda, já que a molécula gerou efeitos nas células de todos os pacientes com a doença. Nos casos de leucemia mielóide aguda, cinco pacientes não apresentaram nenhum tipo de resposta.

Porém, Machado-Neto apontou que além da molécula THZ-P1-2 sozinha já ter uma alta eficácia, ela também se mostrou capaz de melhorar a respostas das células leucêmicas ao venetoclax e outros remédios que atualmente não são eficazes o bastante para serem parte do tratamento, podendo atuar juntamente deles em um coquetel.

Os resultados foram obtidos através de ensaios laboratoriais para avaliar viabilidade celular, citometria de fluxo (análise de células e partículas microscópicas suspensas em meio líquido), expressão gênica e proteica, realizados no ICB.

Além disso, foram realizados testes de citometria (medida do número e características das células), respirometria de alta resolução (medida do oxigênio consumido) e proteômica (análise das proteínas expressas) na Universidade de Groningen.

  Continua Depois da Publicidade  

Segundo Machado-Neto, em parceria com a equipe holandesa, eles conseguiram definir com maior precisão os marcadores de resposta ao THZ-P1-2, o que deve permitir identificar futuramente quais pacientes terão mais chances de responder ao novo fármaco.

Os próximos passos

Um estudo feito com modelos animais por um grupo de pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Cornell em associação com a Petra Pharma, que ainda não foi publicado, também apontou que o composto gerou bons resultados.

Na pesquisa em questão, os cientistas observaram que a molécula resultou em uma rápida regressão dos tumores e não apresentou toxicidade, o que a credencia para os chamados ensaios clínicos, testes em pessoas.

De acordo com Machado-Neto, se esses estudos com seres humanos começassem hoje, em dois a quatro anos seria possível saber se o medicamento é seguro e eficaz.

Como a THZ-P1-2 está sob patente de uma farmacêutica, cabe a ela a realização desses estudos. Já os pesquisadores do ICB vão analisar outros inibidores das proteínas PIP4K2s. As informações são do Jornal da USP e da Assessoria de Comunicação do ICB.

Aproveite que está por aqui e conheça algumas estratégias que podem ajudar a reduzir o risco de câncer.

Fontes e referências adicionais

A notícia te animou? Você ou alguém da sua família já teve leucemia? Comente abaixo!

Foi útil?
1 Estrela2 Estrelas3 Estrelas4 Estrelas5 Estrelas
Loading...
  Continua Depois da Publicidade  
Sobre Equipe MundoBoaForma

Quando o assunto é saúde, você tem que saber em quem confiar. Sua qualidade de vida e bem-estar devem ser uma prioridade para você. Por isso contamos com uma equipe profissional diversificada e altamente qualificada, composta por médicos, nutricionistas e profissionais de educação física. Nosso objetivo é garantir a qualidade do conteúdo que publicamos, que é também baseado nas mais confiáveis fontes de informação. Tudo isso para que você tenha confiança no MundoBoaForma e faça daqui sua fonte preferencial de consulta para assuntos relacionados à saúde, boa forma e qualidade de vida.

Deixe um comentário