Jejum intermitente e hipertensão: Benefícios para a redução da pressão alta

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O jejum intermitente tem sido utilizado como uma dieta para emagrecimento, mas alguns estudos associaram esta prática com a redução da pressão alta, dentre outros benefícios.

A prática de jejuar é realizada em algumas religiões desde o início dos tempos, mas atualmente as pessoas começaram a usar o jejum como uma dieta de emagrecimento, após o lançamento em 2013 do livro “A dieta dos dois dias”, do médico inglês Michael Mosley, sobre os benefícios do jejum intermitente. 

Logo foram surgindo também pesquisas relacionando o jejum intermitente com benefícios para a saúde em vários aspectos.

Dentre as inúmeras pesquisas, surgiram estudos levantando a teoria de que o jejum intermitente pode agir possibilitando que a pressão arterial diminua em pacientes que sofrem de hipertensão (pressão alta).

No entanto, é preciso esclarecer que o jejum intermitente não é aconselhável para todos e nem deve ser praticado indiscriminadamente, mesmo que favoreça a saúde em alguns aspectos.

Além disso, para praticar o jejum intermitente de maneira correta existem alguns protocolos e é necessário a orientação de um médico ou um nutricionista, pois se feito de qualquer maneira, poderá trazer prejuízos ao invés de benefícios à saúde.

O que diz a ciência sobre jejum intermitente ajudar a reduzir a pressão arterial?

Hipertensão
Ainda são necessários mais estudos para comprovar a relação direta entre jejum intermitente e hipertensão, mas os resultados são promissores

Foi realizado no Brasil um estudo com setenta e oito pacientes hipertensos que praticaram o jejum intermitente de quinze horas por dia durante trinta dias, seguindo um protocolo no qual no período em que se alimentavam, não havia restrição calórica e no período de jejum só era permitido o consumo de água e bebidas sem açúcar.

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Os pacientes foram monitorados com exames específicos cinco dias antes de iniciarem a prática do jejum intermitente e cinco dias após o seu término, e no fim do estudo observou-se que houve uma redução da pressão arterial.

Apesar do resultado satisfatório do estudo, não ficou muito claro a razão para o jejum intermitente ter ajudado a diminuir a pressão arterial e por isso, serão necessários novos estudos.

Outros estudos realizados na Inglaterra e Estados Unidos também conseguiram resultados em que os participantes com pressão alta após terem feito o jejum intermitente por um período de trinta dias, tiveram uma melhora nos níveis da pressão arterial.

Apesar das pesquisas em humanos não esclarecerem muito bem o mecanismo de ação para a redução da pressão arterial com a prática do jejum intermitente, um estudo realizado com ratos submetidos ao jejum intermitente foi capaz de explicar este mecanismo nos animais.

A pesquisa foi baseada em estudos anteriores sobre a flora intestinal, pois os pesquisadores perceberam que quando há um desequilíbrio nas bactérias do nosso intestino, ou seja, quando existem mais bactérias maléficas do que benéficas no intestino, isso interfere na pressão arterial.

Este grupo de pesquisadores estudou em ratos o efeito do jejum intermitente na flora intestinal e perceberam que houve uma redefinição na microbiota (flora intestinal).

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Isso quer dizer que no intestino destes animais, as bactérias boas se multiplicaram e uma maior porcentagem das ruins foram eliminadas, sobrando menos toxinas no intestino destes animais e a redução da pressão arterial.

Baseados nesta pesquisa os cientistas acreditam que esta pode ser a resposta para o mecanismo do jejum reduzir a pressão arterial dos humanos, porém será preciso realizar este tipo de estudo com humanos para se ter esta certeza.

Vídeo: O jejum intermitente certo para emagrecer e saúde

É seguro fazer jejum intermitente para reduzir a pressão?

Existem algumas restrições em relação a condições de saúde e idade para a prática do jejum intermitente.

As gestantes, crianças, idosos, diabéticos e mulheres que estão amamentando, não devem praticar o jejum intermitente, pois existe o risco de desnutrição, hipoglicemia e também pode ser uma porta de entrada para transtornos alimentares.

Os transtornos alimentares como anorexia nervosa e a bulimia, sempre começam a partir de restrições alimentares severas, no caso, o jejum intermitente para pessoas com predisposição para esses transtornos, seria um facilitador.

Por mais que o jejum intermitente tenha muitas vantagens, sua prática deve ser feita com consciência e cuidados, e de preferência com orientação profissional.

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Apenas o médico que acompanha o caso do paciente poderá dizer se é adequado ou não utilizar este método juntamente com tratamentos convencionais para controlar a pressão arterial.

É importante salientar que o jejum intermitente não deve ser praticado a longo prazo.

Porém quando o jejum intermitente tiver chegado ao prazo final, ainda será possível reduzir a pressão com a prática de uma alimentação mais equilibrada e incluindo com mais frequência alguns alimentos que são amigos do coração e que ajudam a controlar a pressão arterial.

Alimentos para evitar e para incluir na alimentação para controlar a pressão

Por mais benefícios que o jejum intermitente possa trazer, as vantagens de uma alimentação equilibrada nunca deixará de ser necessária, além de ser sustentável e muito mais fácil de praticar, não requer nenhum sacrifício ou estresse.

Para quem está com a pressão alta, a primeira regra básica é reduzir tudo que tiver muito sódio, como por exemplo, frios, refrigerantes, temperos industrializados, biscoitos industrializados, alimentos ultraprocessados, carne seca, bacon, linguiça, sopas industrializadas de pacote, comidas congeladas industrializadas, dentre outros.

Vídeo: Como baixar a pressão alta rápido e naturalmente

Para melhorar a pressão, inclua em seu cardápio: 

  1. Vegetais verdes como brócolis, couve, espinafre. São ricos em vitamina K e estudos mostram que esta vitamina ajuda a reduzir a pressão arterial porque relaxa os vasos sanguíneos, melhorando o fluxo sanguíneo.
  2. Aveia em flocos. Rica em fibras e tem pouco sódio, estudos apontam que a aveia ajuda a reduzir o colesterol, o que melhora a pressão arterial.
  3. Leite desnatado. Há estudos que comprovam que este alimento é eficaz para diminuir a pressão arterial pois é rico em cálcio, que ajuda na manutenção dos batimentos cardíacos.
  4. Atum, salmão e sardinha. São ricos em ômega 3, um ácido graxo (gordura) que reduz inflamações e ajuda na saúde do coração.
  5. Quinoa. Essa semente é rica em fibras, tem potássio e magnésio, além de outros nutrientes que ajudam a melhorar a saúde cardiovascular.
  6. Alho. Contém a alicina que relaxa os vasos sanguíneos, por isso ajuda o sangue a circular mais facilmente e reduz a pressão.
  7. Feijão. Além de ser uma importante fonte de proteína vegetal, o feijão é rico em potássio, mineral que relaxa os vasos sanguíneos e ajuda a passagem do sangue.
  8. Chocolate com maior porcentagem de cacau. Estudos mostram que um componente do chocolate mais amargo, os flavonoides, têm capacidade de ajudar a melhorar a pressão arterial.
  9. Melancia. Essa fruta está sendo estudada devido a um aminoácido chamado L-citrulina que possivelmente atua como um anti-hipertensivo.
  10. Frutas vermelhas como morango, amora, framboesa, mirtilo, cereja. São ricas em um componente chamado antocianina que ajuda a diminuir coágulos do sangue e melhorar o fluxo sanguíneo, reduzindo a pressão.

Concluindo

Jejum intermitente
A prática do jejum pode ser um aliado na luta contra a hipertensão, mas não a única medida

O jejum intermitente pode ajudar a reduzir a pressão arterial, segundo mostram alguns estudos, porém a prática depende do estado de saúde e da faixa etária de cada um e apenas o médico poderá avaliar se é necessário recorrer a esse método ou não, pois é preciso analisar os riscos e benefícios para cada paciente.

A alimentação equilibrada e a inclusão de alimentos que ajudam a controlar a pressão arterial também podem ser uma alternativa para os pacientes com hipertensão que não tenham a necessidade de recorrer ao jejum intermitente, não possam ou não queiram recorrer à ele.

A prática do jejum não deve ser de longo prazo, mas a alimentação equilibrada é algo necessário para todos que querem ter uma boa saúde, pode ser sustentável e dá ao paciente uma boa qualidade de vida e é um método conhecido por todos.

Fontes e referências adicionais

Você tem o costume de fazer jejum intermitente? Se não, pretende aderir para aproveitar os benefícios para a hipertensão, entre outros? Comente abaixo!

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Sobre Dra. Esther Costa

Esther Costa é nutricionista - CRN-8 13209/P. Graduada em nutrição pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), atua na nutrição clínica com ênfase na nutrição funcional, buscando avaliar o indivíduo em sua totalidade. Está sempre em busca do aperfeiçoamento por meio de cursos e congressos na área. É curiosa, criativa e proativa, e faz parte da equipe de especialistas do MundoBoaForma.

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