Cicatriz hipertrófica: o que é, como se forma, como evitar e tratar

Uma cicatriz hipertrófica é diferente da cicatriz normal e da queloide. Ela é mais dura e mais alta do que uma cicatriz normal, porém seu tecido cicatricial não é extremamente duro como o de uma queloide. A cicatriz hipertrófica também não ultrapassa os limites do machucado, como faz a queloide.

A cicatriz hipertrófica é formada por um defeito no processo de cicatrização, no qual ocorre a produção excessiva de colágeno, deixando a pele com uma protuberância.

Algumas pessoas apresentam maior tendência de desenvolverem uma cicatriz hipertrófica por fatores genéticos, como é o caso de pessoas descendentes dos continentes africano e asiático.

Outras pessoas podem desenvolver uma cicatriz hipertrófica em locais onde já havia ocorrido um trauma anterior ou onde foi feita uma incisão cirúrgica contrária às linhas de tensão da pele, ou seja, oposta à direção das fibras colágenas daquele local.

Veja, em detalhes, o que é uma cicatriz hipertrófica, como ela é formada, no que ela difere da queloide e, também, como tratar e evitar a sua formação.

O que é uma cicatriz hipertrófica?

O que caracteriza uma cicatriz hipertrófica é o seu tamanho e espessura, que ultrapassam o plano normal da pele, formando um relevo. Ela a pode, ou não, apresentar uma coloração diferente da tonalidade natural da pele.

Seu aspecto mais endurecido do que a pele ou de uma cicatriz normal se deve ao excesso de fibras de colágeno em sua formação.

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Apesar de não ocorrer em todos os casos, uma cicatriz hipertrófica pode coçar, doer, ficar levemente avermelhada e, depois, adquirir um tom mais escuro do que a pele.

A boa notícia é que ter uma cicatriz hipertrófica não significa que sempre que você tiver um ferimento na pele, sofrerá a cicatrização anormal que culmina na cicatriz hipertrófica.

Como se forma

A cicatriz hipertrófica se forma por um desordenamento das fibras de colágeno durante o processo de cicatrização da ferida.

Por causa desse desordenamento das fibras, ela acaba ultrapassando o plano da pele, formando um relevo. As fibras de colágeno acabam ficando desordenadas nesse processo, porque são produzidas em excesso, durante o processo de reparo da lesão.

Diferenças entre cicatriz hipertrófica e queloide

A cicatriz hipertrófica e a queloide são, muitas vezes, confundidas, por apresentarem o padrão de cicatriz protuberante sobre a pele.

No entanto, elas são diferentes em vários pontos, veja na tabela:

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Cicatriz hipertrófica	Queloide
Pode se formar em qualquer pessoa.	Forma-se, com maior frequência, em afrodescendentes, asiáticos, hispânicos e gestantes.
Não ultrapassa os limites da cicatriz.	Ultrapassa os limites da cicatriz.
Pode se formar em qualquer região do corpo.	É mais comum no ombro, no tórax e na orelha.
Geralmente não causa sintomas, mas pode provocar coceira e vermelhidão.	Causa coceira e dor, e pode infeccionar e formar uma úlcera.
Pode regredir espontaneamente em 6 a 16 meses após a lesão ou cirurgia, mas não é garantido, pois depende do organismo de cada pessoa.	Não regride, mas pode estabilizar ou aumentar de tamanho.
Responsiva ao tratamento.	Não responde tão bem ao tratamento e há maior chance de recorrência.

Como evitar a formação de cicatriz hipertrófica

As cicatrizes hipertróficas podem ter origem traumática (queimaduras, cortes e acne, por exemplo) ou cirúrgica. Quando a ferida demora para cicatrizar ou ocorre alguma infecção no local, as chances de se formar uma cicatriz hipertrófica são maiores.

No caso de uma cirurgia, o cirurgião ou cirurgiã já sabe desse risco, por isso toma todos os cuidados para evitar a sua aparição. No entanto, a formação dessa cicatriz depende muito da resposta do corpo de cada pessoa.

Isso não significa que não há nada que se possa fazer para evitar a formação de uma cicatriz hipertrófica.

Quando uma pessoa é submetida a uma cirurgia com incisão, a estratégia de todo o procedimento inclui o cuidado para que a cicatrização seja a mais ideal possível, desde o corte, a sutura e os cuidados pós-cirúrgicos.

Normalmente após a cirurgia, o médico ou a médica indica o uso de pomadas, fitas de silicone, betaterapia ou injeções de corticoides, que ajudam na cicatrização.

Além disso, para alguns tipos de cirurgia, como as cirurgias plásticas e a cesárea, existe a possibilidade de se fazer uma sutura intradérmica, que não deixa sinais de sutura na parte externa da pele. Consequentemente, há um ótimo resultado estético nesse tipo de sutura.

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Nos casos em que já há uma cicatriz hipertrófica bem estabelecida e a pessoa deseja tratá-la, é necessário removê-la com cirurgia e seguir os cuidados pós-cirúrgicos, para evitar a formação de outra cicatriz anormal nesse local.

Veja mais detalhes sobre as formas de tratamento preventivo:

Fitas de silicone

A fita de silicone funciona como uma barreira física para o crescimento exagerado e desordenado das fibras de colágeno. Esse método funciona se for usado desde o início do tratamento.

O bom da fita de silicone é que ela conta com óleo mineral, que ajuda a aliviar a coceira e mantém a pele hidratada.

Ela deve ser usada até que a ferida se feche completamente, o que costuma levar em torno de 3 meses.

Pomada cicatrizante

As pomadas cicatrizantes podem funcionar dependendo do tamanho da cicatriz hipertrófica. Elas possuem corticoides (anti-inflamatórios esteroides) na composição, que impedem a proliferação excessiva de colágeno, prevenindo o seu crescimento sobre a cicatriz. O uso deste método requer o cuidado de não expor a região ao sol.

Injeção de corticoide

A injeção de corticoide no local de cicatrização é a forma mais efetiva de combater o desordenamento das fibras de colágeno. O ideal é que esse tratamento seja iniciado o quanto antes, para prevenir a formação da cicatriz hipertrófica no local da lesão.

Se a injeção de corticoide for aplicada em cicatrizes maduras, pode haver um desconforto ou dor local, por isso é indicado o uso de anestésico tópico antes da aplicação do corticoide.

Betaterapia

É um tratamento feito por meio do contato de uma placa metálica radioativa (estrôncio-90) com a cicatriz. O tratamento é indolor e deve ser indicado por um/uma radio-oncologista.

Normalmente, são feitas entre 4 a 10 sessões de 30 minutos, diariamente ou em dias alternados. A radiação é fraca, ficando limitada apenas à superfície da pele, onde deve agir.

Exérese da cicatriz hipertrófica

Há casos em que só é possível eliminar a cicatriz hipertrófica com uma exérese (remoção) cirúrgica. Após a cirurgia, deve-se iniciar imediatamente o tratamento preventivo contra a cicatriz hipertrófica, cujo método será indicado pelo médico ou médica cirurgiã responsável pelo caso.