Visão borrada – O que pode ser e o que fazer

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A visão borrada é um sintoma que pode acometer pessoas em decorrência de uma série de fatores. Descubra o que pode ser e os tratamentos possíveis.

Esse fenômeno é muito comum e pode estar relacionado aos motivos mais corriqueiros, como cansaço depois de um longo dia, até complicações mais severas, como diabetes ou catarata, por exemplo.

Quando isso ocorre, é sinal de que algum componente do olho é afetado, como a córnea, a retina ou o nervo óptico, causando visão turva repentina.

Causas da visão borrada que requerem tratamento imediato

Por ser um sintoma adjacente comum a inúmeras doenças e complicações, é necessário estar atento às especificidades do seu caso. Dentre as causas que podem desencadear visão turva e que requerem intervenção imediata, estão:

1. Degeneração macular úmida

O centro da retina chama-se mácula. Há um fenômeno chamado degeneração macular úmida que ocorre quando sangue ou outros fluidos presentes nessa região vazam para a mácula.

É justamente por isso que o quadro é identificado como úmido, já que, ao contrário da degeneração macular seca, esse quadro pode iniciar subitamente e progredir em poucos instantes.

Em decorrência disso, sintomas como visão borrada ou até mesmo ausência de visão, sobretudo na parte central do olho, são comuns.

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2. Retina descolada

Retina descolada é o nome que se atribui a ao fenômeno que ocorre quando a retina se afasta da parte de trás do olho e perde seu suprimento de sangue e nervos.

Nesses casos, o paciente passa a ver manchas pretas antes da visão borrada ou então pela falta de visão. Sem atendimento e tratamento em caráter emergencial, pode-se perder visão de forma permanente.

3. Acidente vascular cerebral

Seja em um ou ambos os olhos, visão embaçada é um possível sintoma de acidente vascular cerebral ou derrame. Isso ocorre pois a interrupção de fornecimento de oxigênio pode afetar a parte do cérebro que controla a visão.

Quando uma pessoa tem um derrame, normalmente terá outros sintomas, como fraqueza ou dormência em um lado do corpo, além de sensação de formigamento na língua e incapacidade de falar.

4. Ataque Isquêmico Transitório (AIT)

Um acidente isquêmico transitório acontece quando o paciente passa por uma alteração na função cerebral. Esse quadro é denominado transitório pois, via de regra, dura menos de 24 horas.

Quando acontece com uma pessoa, o suprimento de sangue ao cérebro é temporariamente cessado. Por se tratar de um caso semelhante a um AVC, ainda que por um período mais curto, os sintomas são os mesmos.

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Dentre eles, a visão borrada em um ou nos dois olhos pode ser um sinal de AIT.

5. Ceratite

Episódios de lesão, infecção ou uso contínuo inadequado de lentes de contato podem desencadear um quadro identificado como ceratite. Ela consiste na inflação da córnea – a parte transparente que reveste os olhos.

Nesses casos, é necessário recorrer a um atendimento médico imediato para que a visão do paciente não seja comprometida. O médico poderá prescrever tratamentos à base de antibióticos para conter os possíveis danos. No entanto, mais raramente, pode ainda recomendar-se a aplicação de certos medicamentos antifúngicos.

Vermelhidão nos olhos, sensação de areia e corpos estranhos nos olhos, fotofobia, lacrimejamento excessivo, desconforto e visão borrada são alguns sintomas que podem ser indicativos de ceratite.

Se você passou por casos recentes de lesão, infecções na área dos olhos ou se usa lentes de contato por longos períodos, ou dispositivos fora do prazo de validade e está com alguns desses sintomas, é necessário procurar ajuda médica.

Outras possíveis causas

Visão

Além das causas acima mencionadas, há, ainda, uma vasta lista de possibilidades de diagnóstico para visão turva.

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Nos casos abaixo, embora não seja necessária uma intervenção imediata, de forma a deixar sequelas ou oferecer perigo de vida, é necessário que sua origem seja averiguada.

Isso porque seu bem-estar pode ser comprometido, já que essa condição poderá ser um indicativo de alguma doença que requer tratamentos e cuidados específicos. Conheça outras possíveis causas de visão turva:

1. Astigmatismo

A visão borrada frequente a todas as distâncias geralmente é um sintoma de astigmatismo. Esse é um problema que se manifesta em decorrência de um tipo de erro de refração. Via de regra, o motivo causador principal é a córnea com formato irregular.

Nos pacientes com astigmatismo, os raios de luz não chegam a um único ponto de foco na retina para produzir uma visão clara, independentemente da distância que o objeto visualizado está dos seus olhos.

O astigmatismo, assim como a miopia, pode ser corrigido com óculos, lentes de contato ou cirurgia refrativa.

2. Enxaqueca com aura

De acordo com o Hospital Israelita Albert Einstein, a enxaqueca é uma complicação comum, já que reporta-se mais de dois milhões de casos anualmente, só no Brasil. No entanto, a enxaqueca se subdivide nas variedades com e sem aura.

Enquanto os pacientes acometidos pela enxaqueca sem aura sofrem apenas com a dor de cabeça em si, as pessoas que sofrem enxaqueca com aura passam por certos sintomas antes da dor se instaurar.

Alguns desses sintomas incluem sensibilidade à luz, sensibilidade a som alto e, não raro, visão borrada.

Se esse for o caso, procure o auxílio de um neurologista para que os exames necessários sejam feitos, bem como o diagnóstico adequado e os tratamentos possíveis.

3. Irite

Irite é um fenômeno que ocorre em decorrência de queimaduras químicas ou após um trauma, que tem como resultado a inflamação da íris, uma membrana arredondada situada na parte anterior do olho.

Embora seja mais raro, a irite também pode se manifestar sem a ocorrência de uma lesão.

Quando atinge uma pessoa, além da visão embaçada, os sintomas mais comuns são lacrimejamento, dor forte nos olhos e vermelhidão na região. Esses sintomas tendem a ser acentuados quando o indivíduo é submetido à luz forte.

Para diagnosticar uma irite, o médico irá se embasar no histórico, nos sintomas físicos e nos resultados de exames feitos com lâmpada de fenda.

O tratamento irá consistir, via de regra, na administração tópica de medicamentos que aliviam a dor. O oftalmologista responsável poderá aplicar colírios que dilatam a pupila, o que fará com que a íris relaxe, reduzindo os sintomas desconfortáveis.

4. Conjuntivite

O principal sintoma de conjuntivite é a vermelhidão nos olhos. A princípio, essa não é uma complicação séria e que requer atendimentos em caráter emergencial.

Embora a conjuntivite seja mais comumente desencadeada por fatores virais, também podem ocorrer quadros por bactérias.

Quando esse quadro acomete uma pessoa, significa que a membrana chamada conjuntiva – responsável por revestir a parte branca dos olhos – inflama.

Dentre os sintomas dessa complicação que é muito comum, inclui-se excessivo lacrimejamento, coceira, vermelhidão e, em alguns casos, visão borrada, além de maior produção de secreção ocular.

5. Presbiopia

Quando uma pessoa atinge os 40 anos, normalmente começa a perceber que a visão de perto tende a ficar embaçada, prejudicando, dessa forma, a capacidade de ler uma mensagem de texto, livros, rótulos de comida ou outras letras pequenas.

Se isso estiver ocorrendo em uma pessoa com mais de 40 anos, é provável que seja devido ao aparecimento de presbiopia, um problema de visão normal relacionado à idade.

Embora os sintomas da presbiopia sejam os mesmos da hipermetropia (visão embaçada e fadiga ocular ao ler), a presbiopia é uma perda de capacidade relacionada à idade para se concentrar em objetos próximos devido ao endurecimento da lente dentro do olho.

Os tratamentos comuns para esse problema incluem lentes corretivas progressivas, bifocais e óculos de leitura. Para que todos os óculos corrijam erros de refração e presbiopia, a clareza e o conforto podem ser aprimorados com revestimento antirreflexo e lentes fotocrômicas.

6. Tensão ocular

O quadro conhecido como tensão ocular não representa grandes danos e, a princípio, não requer tratamento pois é cessado em poucos instantes ou até mesmo em segundos.

O cansaço ocular ou cansaço visual, outro nomes para a tensão ocular, pode ocorrer depois de observar e focar em algo por um longo período de tempo de forma ininterrupta.

Quando o foco é uma tela de computador, monitor, televisão ou celular, o quadro também pode ser identificado como fadiga ocular digital. Além disso, direção, leitura e tentativas de focar o olhar ininterruptamente em ambientes escuros podem desencadear tensão ocular.

7. Uveíte

Uveíte é o nome que se dá à doença responsável pela inflamação da úvea ou uma de suas partes integrantes – como coroide, íris ou corpo ciliar. Essa doença pode comprometer de maneira integral a úvea e, mais raramente, pode tingir a retina e o nervo óptico.

Além disso, esse quadro pode ser identificado como anterior, intermediário ou posterior, a depender da região afetada.

Vermelhidão no olho, sensibilidade à luz, dor, desconforto e visão turva, por exemplo, são alguns dos sintomas mais comuns de uveíte.

Os fatores que desencadeam essa condição podem ser diversos e vão de casos de linfoma e leucemia a infecções causadas por micro-organismos. A uveíte pode acometer um olho ou os dois simultaneamente.

8. Altos níveis de açúcar no sangue

Pacientes diabéticos também podem passar por quadros de visão borrada. Isso se torna ainda mais acentuado quando os níveis de açúcar na corrente sanguínea estão elevados.

Isso ocorre porque grandes quantidades de glicose no sangue podem desencadear inchaço no cristalino – a parte transparente identificada como lente do olho.

Em decorrência disso, pode prejudicar sua flexibilidade, forma e a capacidade de foco, tornando a visão embaçada. Saiba mais sobre a retinopatia diabética.

9. Catarata

A catarata é um caso muito comum em pessoas idosas e consiste na opacidade total ou parcial no cristalino – a lente que fica atrás da pupila.

Como é função do cristalino contribuir à recepção de raios luminosos para que as imagens possam se formar na retina, quando ela se torna opaca, compromete a visão.

No entanto, pode-se corrigir esse quadro com uma cirurgia considerada simples e de rápida recuperação, já que não há colírios e medicamentos capazes de reverter o quadro.

A causa mais comum de catarata é o envelhecimento natural do cristalino. No entanto, existem também as versões congênitas, ainda que sejam mais raras, que ocorrem em bebês que nascem com essa opacidade naturalmente no cristalino.

Além disso, a catarata pode ter como fatores desencadeantes certas doenças metabólicas, exposições excessivas aos raios ultravioleta, traumas na região ocular, uso crônico de corticoides, além de ser uma possível sequela de uveíte.

O que fazer?

A medida a ser adotada dependerá dos sintomas que se manifestem concomitantemente à visão borrada.

Por exemplo, se você percebe que após alguns minutos ou horas após se dar conta dos problemas oculares uma forte dor de cabeça unilateral se instaura, então é necessário procurar o auxílio de um neurologista pois esse é o indicativo de enxaqueca.

Por outro lado, se você usa lentes de contato e passa longos períodos de tempo com ela, ou se percebeu que elas estão vencidas ou que simplesmente você não está fazendo a higienização certa, então é necessário procurar um oftalmologista rapidamente, pois esse pode ser um indicativo de ceratite.

Quando uma pessoa passa por sessões de visão borrada que vão e vêm pode ser sintoma de quadros simples, como cansaço físico, cansaço visual ou exposição excessiva à luz solar.

No entanto, mudanças repentinas ou contínuas na visão, como embasamento, visão dupla, pontos cegos, auras ou escuridão da visão podem ser sinais de uma doença ocular grave ou outro problema de saúde.

Se você estiver passando por alterações repentinas e recorrentes em sua visão, consulte um oftalmologista e reporte os sintomas para iniciar o melhor tratamento.

Fontes e Referências Adicionais:

Você já sofreu com a visão borrada por conta de algum dos motivos acima? O oftalmologista recomendou que tipo de tratamento? Comente abaixo!

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Sobre Dr. Haroldo Vieira Junior

Dr. Haroldo Vieira de Moraes Junior é Oftalmologista - CRM 380377 RJ. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1981. Em seguida concluiu Mestrado em Oftalmologia pela UFRJ em 1986 e Doutorado em Oftalmologia pela UFRJ em 1994. Pós-Doutorado no National Eye Institute do National Institutes of Health (NIH/NEI) durante 1998/1999 e Livre Docente em Oftalmologia pela UNIFESP (2001), atualmente é Professor Titular de Oftalmologia da UFRJ. Para mais informações, entre em contato com ele.

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