Tratamento para pancreatite aguda e crônica

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Se você já teve um episódio de pancreatite aguda ou convive com a pancreatite crônica, já deve ter sentido fortes dores abdominais. Elas são tão intensas, que ficar em pé com as costas eretas, se torna uma tarefa difícil. A boa notícia é que existem tratamentos tanto para a pancreatite aguda, quanto para a crônica. 

O tratamento para a pancreatite tem como objetivo diminuir a inflamação desse órgão, para que ele possa se recuperar. Resolvidos os sintomas, alguns hábitos precisam ser mudados, para que outro episódio não aconteça ou para administrar a pancreatite crônica, que não tem cura. 

O tratamento da pancreatite é essencial para evitar as complicações que essa doença pode causar, como a desnutrição por exemplo. Ela pode ocorrer mesmo que a pessoa esteja se alimentando normalmente, porque um pâncreas inflamado não produz enzimas digestivas de maneira adequada, dificultando a absorção dos nutrientes. 

Da mesma forma, o pâncreas inflamado não produz, eficientemente, a insulina, que é o hormônio que retira a glicose do sangue. Isso pode acarretar no desenvolvimento de diabetes

Veja mais detalhes sobre a pancreatite e as formas de tratamento para pancreatite aguda e crônica.

O que é pancreatite?

Em termos médicos, sempre que você ouvir “ite” significa inflamação, então, pancreatite é uma inflamação do pâncreas. Ele é um órgão muito importante, pois produz enzimas que ajudam na digestão de proteínas, carboidratos e gorduras. Esse órgão também é importante para a retirada de açúcar do sangue, pois produz o hormônio insulina.

A pancreatite pode ser aguda ou crônica. A aguda acontece como um episódio isolado de sintomas que se resolvem em alguns dias com tratamento, e a pancreatite crônica é uma condição com a qual se convive por anos. 

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Sintomas da pancreatite

Dor abdominal
Pessoas com pancreatite tendem a sentir dores abdominais

Casos de pancreatite aguda costumam apresentar os seguinte sintomas: 

  • Dor abdominal, na “boca do estômago” 
  • Dor abdominal, que irradia para as costas 
  • Abdômen sensível, quando apalpado
  • Febre
  • Aumento da frequência cardíaca
  • Náuseas e vômitos

Na pancreatite crônica, os sintomas mais comuns são: 

  • Dor abdominal, na “boca do estômago”
  • Dor abdominal, que piora após uma refeição
  • Perda de peso involuntária
  • Esteatorreia: presença de gordura nas fezes, que ficam esbranquiçadas e com cheiro forte. Muitas vitaminas, que são dissolvidas em gordura, se perdem nas fezes. 

Diagnóstico da pancreatite

Se você notar algum desses sintomas, procure um gastroenterologista, que poderá fazer exames específicos e chegar a um diagnóstico do seu caso. Alguns testes diagnósticos comuns são: 

  • Exame de sangue: avalia as enzimas produzidas pelo pâncreas e pelo fígado, e a função renal.
  • Ultrassom do abdômen: permite visualizar pedras na vesícula e inflamação no pâncreas.
  • Tomografia computadorizada: exame de imagem que permite observar com mais detalhes a extensão da inflamação.
  • Imagem de ressonância magnética: também é um exame de imagem, que mostra a situação dos órgãos e ductos.
  • Endoscopia: tubo com uma câmera que permite a visualização dos ductos pancreáticos e biliares, para verificar obstruções. 
  • Exame de fezes: verifica a quantidade de gordura nas fezes, indicativa de má absorção de nutrientes. 

Causas e fatores de risco da pancreatite 

A pancreatite aguda ocorre quando as enzimas que o pâncreas produz se ativam antes de serem liberadas no duodeno, afetando as suas próprias células, que ficam inflamadas. Quando ocorrem várias crises desse tipo, as chances da pancreatite se tornar crônica aumentam. 

Alcoolismo
O alcoolismo é um dos principais fatores de risco da pancreatite

Algumas condições representam fatores de risco para a inflamação do pâncreas: 

  • Alcoolismo: pessoas que bebem há muitos anos ou que consomem mais de quatro doses por dia são mais propensas a desenvolver pancreatite crônica. 
  • Cigarro: fumantes têm três vezes mais riscos do que não fumantes de desenvolver pancreatite.
  • Fator genético: se você tem familiares com pancreatite, deve se atentar a outros fatores de risco, evitando-os, pois o fator genético aumenta a chance de pancreatite. 
  • Obesidade
  • Diabetes
  • Pedra na vesícula (cálculo biliar)
  • Alguns medicamentos
  • Altos níveis de triglicerídeos no sangue 
  • Altos níveis de cálcio no sangue
  • Câncer no pâncreas
  • Fibrose cística

Tratamentos para pancreatite

Os tratamentos iniciais começam no hospital e podem incluir os seguintes procedimentos:

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  • Alimentação: antes, era comum o paciente ficar sem comer, para dar um tempo para o pâncreas se recuperar. Mas, as novas evidências mostram que o paciente deve se alimentar assim que o organismo começa a tolerar bebidas incolores e comidas leves. Se as dores e a inflamação persistirem, então a nutrição é feita por um tubo de alimentação. 
  • Medicações para dor: a pancreatite causa dores muito intensas no abdômen, por isso são usados analgésicos para diminuí-las. 
  • Soro na veia: o soro é dado para ajudar a hidratar o corpo, essencial na recuperação de uma inflamação. 

Depois que o médico controla os sintomas, as causas da pancreatite são investigadas, para o devido tratamento e prevenção de outras crises. 

  • Remoção de pedras na vesícula: como a pancreatite pode ser causada por um cálculo biliar, é feito um procedimento chamado colangiopancreatografia retrógrada endoscópica, que usa um tubo com uma câmera na extremidade, com a qual se observa o pâncreas e os ductos biliares.
  • Colecistectomia: se houver cálculos biliares, é feita uma cirurgia chamada colecistectomia para removê-los. 
  • Endoscopia no pâncreas: em alguns casos, são necessárias intervenções diretas no órgão por endoscopia, para drenar o excesso de fluidos da inflamação ou remover tecido necrosado. 
  • Tratamento para a dependência do álcool: se o álcool for a causa, o paciente precisa passar por um tratamento para eliminar a dependência do álcool, pois a continuidade na ingestão de bebidas alcoólicas piora a condição. 
  • Medicamentos: se o médico constatar que uma determinada medicação foi a causa do problema, então ela deve ser descontinuada e substituída. 

Quem tem pancreatite crônica pode necessitar de tratamentos adicionais

  • Tratamentos específicos para controle da dor: na pancreatite crônica, a dor pode ser persistente. Em alguns casos, é feito um procedimento que bloqueia os nervos da região abdominal, responsáveis por enviar sinais de dor no pâncreas. 
  • Suplemento de enzimas: como o pâncreas tem sua função prejudicada, deve ser feita a suplementação das enzimas que ele produz, para que a digestão dos alimentos se dê de maneira correta, evitando a desnutrição. Os suplementos de enzimas são tomados antes de cada refeição. 
  • Mudanças na dieta: o paciente deve ser acompanhado por um nutricionista, que é capacitado para elaborar uma dieta baixa em gorduras e fibras, mas com os nutrientes bem calculados, para que as refeições sejam nutritivas. É recomendado evitar refeições muito grandes, ao invés disso, deve-se fazer refeições leves e pequenas, bem distribuídas ao longo do dia. 

Recomendações para conviver com a pancreatite

Mesmo que a causa da sua pancreatite aguda não tenha sido o álcool, é recomendado não ingerir bebidas alcoólicas, pois elas aumentam os riscos de acontecer outra crise de pancreatite. Quem tem pancreatite crônica não deve ingerir álcool.  

O cigarro também deve ser evitado ao máximo, tanto para evitar um novo episódio de pancreatite, quanto para conviver com a pancreatite crônica, com mais qualidade e livre de dores. 

A alimentação é a chave para o seu bem-estar. Pense que um órgão do seu corpo muito importante para a digestão está comprometido, então você precisa diminuir o estresse do seu organismo, ingerindo poucos alimentos por vez, que não demandam tanto esforço para serem digeridos. 

O corpo faz muito esforço para curar uma inflamação, isso demanda energia e muitos líquidos. Por isso, hidrate-se bastante, ande sempre com uma garrafinha de água. 

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Se as medicações não estão resolvendo, completamente, suas dores, você pode incluir tratamentos adicionais, após conversar com seu médico. Um exemplo de terapia alternativa que ajuda a diminuir a dor é a acupuntura. 

Fontes e referências adicionais

Você já teve uma crise de pancreatite aguda ou convive com a pancreatite crônica? Quais tratamentos você já fez? Comente abaixo!

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Sobre Dr. Lucio Pacheco

Dr. Lucio Pacheco é Cirurgião do aparelho digestivo, Cirurgião geral - CRM 597798 RJ/ CBCD. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento em transplantes no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela UFRJ em 2010. Dr. Lucio Pacheco é autor de diversos livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico-cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D'Or e do Hospital Copa D'Or. Além disso é diretor médico do Instituto de Transplantes. Suas áreas de atuação principais são: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia, e transplante de fígado. Para mais informações, entre em contato.

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