Sal Sem Iodo Faz Mal? É Perigoso?

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Confira se o consumo de sal sem iodo faz mal, quais são os possíveis danos à saúde e as melhores opções para uma dieta mais saudável e nutritiva.

O sal é utilizado há muitos anos pelo homem para diversas finalidades, como conservar os alimentos por mais tempo. No entanto, seu consumo excessivo nas últimas décadas vem desencadeando certas patologias, como problemas renais e hipertensivos. Existe até um novo sal para hipertensos criado com o objetivo de reduzir esses danos

No entanto, seu consumo regular de sal é também necessário para a saúde devido à concentração de iodo que o alimento possui durante sua fabricação. Dessa maneira, uma pergunta comum a muitas pessoas é se sal sem iodo faz mal.

Afinal, sal sem iodo faz mal?

Desde 1953 é obrigatória a adição de iodetos ou iodatos ao sal de cozinha. A iodação do sal é algo fiscalizado pela Anvisa, por determinação do Ministério da Saúde.

O consumo regular e frequente de sal não-iodado em substituição à versão com iodo é prejudicial à saúde, sim, pois essa substância é essencial para o funcionamento adequado de certas partes do organismo humano. Sendo assim, o seu consumo regular é importante e necessário para a manutenção de algumas funções do corpo.

Isso não quer dizer que o consumo esporádico do sal sem iodo faz mal, mas, via de regra, é necessário haver o consumo frequente e em pequenas quantidades do sal iodado para não haver certas disfunções.

Por que o consumo de iodo é necessário?

O iodo é um micronutriente necessário para o desenvolvimento e funcionamento do organismo. Ele é utilizado na glândula tireoide – presente na parte frontal do pescoço –  para sintetizar os hormônios tiroxina (T3) e triiodotironina (T4). Esses hormônios, por sua vez, são responsáveis pela manutenção do fluxo de energia – imprescindível para o funcionamento dos órgãos vitais e para a manutenção do aquecimento corpóreo –, assim como pelo crescimento físico e desenvolvimento neurológico.

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De acordo com a Anvisa, o sal para consumo humano deve ser enriquecido com teor igual ou superior de 15 miligramas de iodo, sendo o máximo aceitável 45 miligramas por quilo de sal. Ainda de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a regulamentação exercida sobre a iodação do sal em território brasileiro segue os parâmetros recomendados pela Organização Mundial da Saúde, a OMS.

Distúrbios por deficiência de iodo

Como no Brasil a iodação do sal de cozinha é obrigatória, a incidência de distúrbios causadas por deficiência de iodo é pequena. No entanto, há certos países onde há alarmantes números de pessoas acometidas por danos irreparáveis causados por falta de iodo no organismo.

Algumas das doenças provocadas pela deficiência desse micronutriente incluem cretinismo infantil, caracterizado pelo retardo mental grave e irreversível, além de anomalias congênitas, surdo-mudez, bem como o bócio – uma das manifestações clínicas mais fisicamente perceptíveis causada pelo DDI, que faz com que a glândula da tireoide cresça, formando uma espécie de nódulo na base frontal do pescoço, que pode desencadear crises de tosse e, mais raramente, sensação de aperto na garganta e dificuldade em respirar.

Além disso, outros sintomas de distúrbios por deficiência de iodo incluem nascimento de crianças com baixo peso, aumento de risco de mortalidade materna, abortos e complicações no período gestacional.

Sintomas da deficiência de iodo

Para uma pessoa ser diagnosticada como deficitária de iodo, é necessário se submeter a um exame de urina. Os sintomas que podem acometer um indivíduo quando ele possui baixo teor desse micronutriente no organismo podem incluir:

  • Manifestação de bócio;
  • Perda de cabelo;
  • Glândula tireoide dolorosa ou sensível;
  • Dificuldade em respirar;
  • Dificuldade em engolir;
  • Depressão ou irritabilidade;
  • Confusão mental;
  • Aumento de peso não intencional;
  • Fadiga;
  • Sensação de frio, mesmo no calor.

Benefícios do iodo

Além da necessidade que o organismo possui em relação ao iodo para manutenção das funções mencionadas, há muitos estudos averiguando e apontando os efeitos dessa substância em outros aspectos no corpo humano.

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De acordo com um estudo publicado no jornal norte-americano Frontiers in Immunology, estudos in vitro apontaram que a ingestão de iodo também está associada ao desempenho do sistema imunológico.

Ademais, um estudo publicado no Canadian Journal of Surgery aponta que o consumo regular de iodo pode auxiliar no tratamento da doença da mama fibrocística, uma complicação que faz com que nódulos não cancerígenos de formem no seio.

Confira alguns outros benefícios proporcionados pela ingestão de iodo:

1. Desenvolvimento neurológico durante a gravidez

As gestantes precisam consumir mais iodo durante a gravidez para assegurar que o feto receba a quantidade recomendada da substância. O consumo desse micronutriente é necessário para um bom desenvolvimento do cérebro dos bebês.

De acordo com um estudo dirigido por Mark Monahan, integrante do Institute of Applied Health Research, uma subdivisão da Universidade de Birmingham, na Inglaterra, constatou que os bebês cujas mães tiveram deficiência de iodo durante a gravidez eram mais propensos a crescer com QI mais baixo, além de serem mais suscetíveis a outros atrasos intelectuais.

2. Auxílio no tratamento de câncer de tireoide

O radioiodo também pode ser uma opção de tratamento possível para o câncer de tireoide. Funciona da mesma maneira que o tratamento para hipertireoidismo.

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Quando você toma iodo radioativo por via oral, o medicamento destrói as células da tireoide, incluindo as cancerígenas. Pode ser usado como tratamento após a cirurgia da tireoide, por exemplo, visando assegurar que todas as células cancerígenas tenham sido removidas do corpo.

De acordo com a American Cancer Society, os tratamentos com iodo radioativo aumentam significativamente as chances de sobrevivência de pessoas com câncer de tireoide.

3. Desinfecção da água

Outra função do iodo é ser utilizado como agente desinfetante na água, o que pode ser útil se você não tiver acesso à água potável.

O iodo líquido a 2% pode ser adicionada à água em doses de cinco gotas por litro de água limpa. Se a água estiver visivelmente turva, pode-se utilizar dez gotas por litro. Para essa finalidade, também podem ser utilizados comprimidos de iodo, mas, nesse caso, as instruções podem variar de acordo com o fabricante.

No entanto, ainda que a substância seja utilizada para fins de desinfecção da água, é necessário não adotar essa prática como hábito, pois o limite de consumo do iodo deve ser respeitado para evitar outras possíveis complicações.

4. Tratamento de infecções

O iodo pode ser usado topicamente em forma líquida para ajudar a tratar e prevenir infecções. Ele funciona matando bactérias dentro e ao redor de cortes, ralados ou arranhões leves. Essa substância é facilmente encontrada em farmácias.

O uso de iodo tópico deve ser evitado para recém-nascidos e em cortes profundos, bem como em queimaduras ou em mordidas de animais.

Em caso de dúvidas quanto ao uso dessa solução, siga as instruções na embalagem para obter informações de dosagem e não use por mais de 10 dias, a menos que indicado pelo seu médico.

5. Melhora a função cognitiva infantil

A mulher gestante que consome a quantidade adequada de iodo durante a gravidez proporcionará ao seu filho melhores chances de desenvolvimento neurológico e das funções cognitivas.

Isso tende a proporcionar reflexos até mesmo durante a infância, subsidiando a criança com uma função cerebral saudável e menores chances de problemas intelectuais.

Outras fontes de iodo

Além do sal de cozinha, há outros alimentos que são fontes de iodo, que podem ser consumidos para ajudar a regular o nível desse nutriente no organismo. Alguns desses alimentos incluem:

  • Mexilhão;
  • Fígado;
  • Truta;
  • Atum;
  • Queijo;
  • Linguado;
  • Cavala;
  • Bacalhau;
  • Salmão;
  • Ovo;
  • Camarão;
  • Cerveja.

Quantidade recomendada

A quantidade considerada ideal para o consumo diário de iodo dependerá, principalmente, da idade do indivíduo.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), a United Nations Children’s Fund (UNICEF) e o International Council for the Control of Iodine Deficiency Disorders (ICCIDD) estipulam que a quantidade recomendada durante a gestação e a lactação é de 200 a 290 mcg por dia. Se estiver grávida, é necessário perguntar ao seu médico sobre a suplementação de iodo, especialmente se a sua vitamina pré-natal não incluir essa substância.

No caso específico das mulheres, o controle do consumo de iodo deve ser ainda mais regular, pois a substância, ao ser ingerida, é transferida ao bebe via leite materno. Este é um período crucial para o desenvolvimento do cérebro, portanto, os bebês precisam de 110 mcg por dia até atingirem 6 meses de idade.

Já a quantidade recomendada para adultos não-grávidos é de cerca de 150 microgramas por dia.

Crianças de 1 a 8 anos requerem consumo diário de 90 mcg; de 9 a 13 anos, 120 mcg; e a partir de 14 anos, 150 mcg.

Contraindicações

Embora o consumo de iodo seja seguro e necessário à manutenção da saúde de humanos e de certos animais, a ingestão em quantidades excessivas pode representar certos danos e efeitos colaterais.

Altas doses diárias de iodo podem desencadear crises de dor de estômago, diarreia, corrimento nasal, dores de cabeça, além de outros desconfortos gastrointestinais. Alguns sintomas mais raros podem incluir febre, desconforto nas articulações, hemorragias, coceiras, inchaços nos lábios e, em alguns casos, pode ser letal.

Dessa maneira, a suplementação em iodo só deverá ser adotada sob prescrição médica.

Fontes e Referências adicionais:

Você já tinha ouvido falar que sal sem iodo faz mal? Costuma utilizar sal iodado em casa? Comente abaixo!

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Sobre Dra. Patricia Leite

Dra. Patricia é Nutricionista - CRN-RJ 0510146-5. Ela é uma das mais conceituadas profissionais do país, sendo uma referência profissional em sua área e autora de artigos e vídeos de grande sucesso e reconhecimento. Tem pós-graduação em Nutrição pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, é especialista em Nutrição Esportiva pela Universidad Miguel de Cervantes (España) e é também membro da International Society of Sports Nutrition.

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