Pupilas dilatadas: por que acontece e quando é preocupante

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As pupilas, que ficam na parte central da íris, que dá cor aos olhos, se contraem e dilatam em resposta à quantidade de luz no ambiente. Essa é uma resposta natural e esperada. Mas, há casos em que as pupilas permanecem dilatadas, mesmo quando deveriam contrair.

Na maioria das vezes, as pupilas dilatadas não representam um risco à saúde e se resolvem espontaneamente. Mas, há casos em que a sua dilatação, juntamente com outros sinais, indicam problemas graves, como aneurisma, tumor cerebral e acidente vascular cerebral (AVC).  

Veja por que as pupilas ficam dilatadas e quando isso sinaliza riscos à saúde. 

Por que as pupilas ficam dilatadas?

mulher com pupilas dilatadas
Existem causas normais e causas preocupantes para as pupilas dilatadas

Resposta natural à luminosidade

As pupilas controlam a quantidade de luz que entra nos olhos e, para isso, ela deve abrir (dilatar) ou fechar (contrair), dependendo da luminosidade do ambiente. Os músculos da íris ajudam nesse movimento de abre e fecha.

Em ambientes com muita luz, as pupilas ficam contraídas, com diâmetro de 2 a 4 mm e, com pouca luz, ficam dilatadas, com abertura de 4 a 8 mm. O termo técnico para pupilas dilatadas é midríase

Isso acontece naturalmente, pois os nossos olhos buscam se adaptar às diferentes condições de luminosidade, com o objetivo de enxergar com o máximo de nitidez possível. 

A lógica é a seguinte: é mais fácil enxergar em um ambiente claro ou escuro? Com certeza, em um ambiente claro, ou seja, com bastante luz. Se estamos em um ambiente escuro, nossas pupilas se dilatam para captar o máximo de luz possível e nos fazer enxergar com nitidez. 

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Todos os dias sentimos esse efeito ao caminharmos debaixo do sol e, depois, entrarmos em casa com as luzes apagadas. Nos primeiros minutos, não enxergamos quase nada, pois fica tudo escuro, até as pupilas se dilatarem o suficiente para conseguirmos enxergar nessa nova condição de luminosidade. Em média, as pupilas demoram 25 minutos para ficarem completamente adaptadas à luz. 

O contrário também é bem desconfortável, quando estamos dentro de casa e saímos no sol. Imediatamente, as pupilas se contraem, para diminuir a quantidade de luz que entra pelos nossos olhos. Ao mesmo tempo, fechamos os olhos ou colocamos as mãos na frente deles, para diminuir o desconforto nas pupilas. 

Causas não preocupantes dilatação nas pupilas

Além da luz, outros fatores interferem na contração e dilatação das pupilas, mas não representam um problema de saúde e se resolvem naturalmente, em pouco tempo. 

Emoções

As emoções desencadeiam respostas involuntárias no nosso sistema nervoso, responsáveis pela aceleração dos batimentos cardíacos, respiração ofegante e boca seca, muito comuns no medo e na paixão. 

As pupilas também sofrem ação dessas emoções fortes, por isso elas se dilatam quando avistam uma pessoa que desperta atração física ou em situações de estresse, medo e dor. Quando o estímulo passa, as pupilas voltam ao normal, não sendo motivo de preocupação. 

Concentração

Você já ouviu alguém dizer que, para saber se alguém está mentindo, é só olhar se as suas pupilas estão dilatadas? Isso é verdade, pois contar uma mentira exige bastante concentração. 

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Quando o cérebro se concentra em aprender algo novo, prestar atenção em alguma história ou inventar uma mentira, as pupilas se dilatam. É uma resposta comum e se resolve assim que o cérebro se distrai. 

Colírios oftalmológicos

Quem já passou por uma consulta com um oftalmologista, deve saber a sensação desconfortável que os colírios oftalmológicos causam nos nossos olhos. Eles são usados para dilatar a pupila, para que o médico consiga examinar o fundo dos olhos. 

As pupilas ficam dilatadas por um tempo, por isso saímos do consultório com a visão embaçada e com muita sensibilidade à luz, pois não conseguimos regular a entrada de luz por algumas horas. Passado o efeito, a pupila contrai e enxergamos normalmente. 

Medicamentos

Alguns medicamentos têm como efeito colateral a dilatação das pupilas. Para saber se o sintoma é devido ao medicamento que você está usando, consulte a bula ou pergunte ao seu médico. Se não for, é importante investigar a causa, se o sintoma for persistente. 

Essas categorias de medicamentos podem causar dilatação das pupilas: 

  • Anticonvulsivos
  • Antialérgicos
  • Antidepressivos tricíclicos
  • Medicação para enjoo e náuseas
  • Medicação para doença de Parkinson
  • Medicação com toxina botulínica e atropina

Causas preocupantes de dilatação nas pupilas

Pupilas dilatadas
É importante conhecer algumas causas preocupantes que podem provocar isso

As causas preocupantes das pupilas dilatadas geralmente estão associadas com situações de acidentes, uso de drogas e lesões. 

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As pupilas podem fornecer informações rápidas a respeito do estado de saúde da pessoa, por isso vemos a cena clássica do socorrista realizando o teste com lanterna nos olhos de uma pessoa acidentada, para verificar se as pupilas estão respondendo à luz. 

Baixa oxigenação no cérebro

Situações que provocam baixa oxigenação no cérebro, como afogamento, dificuldade respiratória e envenenamento, dilatam as pupilas. Além disso, outros sinais acompanham a dilatação das pupilas, que são os batimentos cardíacos acelerados, lábios e pontas dos dedos azulados, tontura e náuseas. 

Essas são situações de emergência médica, que devem ser tratadas o mais rápido possível. 

Drogas

Substâncias entorpecentes agem diretamente no cérebro, causando respostas exageradas aos estímulos, que são evidentes nas alterações psicológicas, comportamentais e físicas. Drogas como anfetamina, LSD, cocaína e ecstasy causam a dilatação das pupilas. 

Lesões oculares ou cerebrais

Os olhos e o cérebro estão conectados pelo nervo óptico, por isso, lesões no cérebro e no globo ocular costumam ser sinalizadas através das pupilas dilatadas. 

Quando alguém sofre um acidente, o socorrista direciona um feixe de luz nos olhos da pessoa, para avaliar seu estado de consciência

Problemas cerebrais como AVC (derrame), aneurismas, tumores cerebrais e traumas cranianos causam a dilatação das pupilas. Esses problemas requerem assistência e tratamento médicos.

Distúrbios oftalmológicos

Alguns distúrbios oftalmológicos podem causar a dilatação constante das pupilas:

  • Pupila de Adie: as pupilas são maiores do que o normal e respondem mais lentamente à luz. Não há cura para essa condição e não se sabe, ao certo, a sua causa. Algumas evidências indicam que ela está associada a traumas, lesões ou até cirurgias. 
  • Midríase unilateral benigna episódica: apenas uma pupila se dilata repentinamente, causando dor de cabeça, nos olhos e visão turva. As crises são esporádicas e tendem a afetar mulheres jovens, que sofrem de enxaqueca. 
  • Glaucoma: o aumento da pressão intraocular, causado pelo glaucoma, pode afetar a capacidade de contração das pupilas, mantendo-as dilatadas. 
  • Aniridia congênita: é uma doença rara em que a pessoa já nasce com a íris parcial ou ausente, por isso, apresenta pupilas constantemente dilatadas, causando muita sensibilidade à luz. 

Quando procurar o médico

Como vimos, na maior parte dos casos, não há necessidade de tratamento para as pupilas dilatadas, pois acontecem por um curto período de tempo e se resolvem naturalmente. 

Mas, quando as pupilas dilatadas forem associadas com outros sinais, como tontura, náuseas ou outras alterações físicas, deve-se procurar um médico.

Outro sinal preocupante é quando as pupilas não reagem à luz, ou seja, não contraem e permanecem dilatadas por horas ou dias. Nesse caso, também é necessário procurar um médico para investigar a causa desse sintoma e tratá-la. 

As pupilas dilatadas são apenas sinais de que algo não está normal em nosso organismo, por isso o tratamento é direcionado para a causa do problema. Solucionada a causa, as pupilas voltam ao tamanho normal, naturalmente. 

Fontes e referências adicionais

Você sabia que as pupilas poderiam sinalizar problemas de saúde? Já notou alguma anormalidade em suas pupilas? Comente abaixo!

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Sobre Dr. Haroldo Vieira Junior

Dr. Haroldo Vieira de Moraes Junior é Oftalmologista - CRM 380377 RJ. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1981. Em seguida concluiu Mestrado em Oftalmologia pela UFRJ em 1986 e Doutorado em Oftalmologia pela UFRJ em 1994. Pós-Doutorado no National Eye Institute do National Institutes of Health (NIH/NEI) durante 1998/1999 e Livre Docente em Oftalmologia pela UNIFESP (2001), atualmente é Professor Titular de Oftalmologia da UFRJ. Para mais informações, entre em contato com ele.

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