Os problemas relacionados à tireoide costumam ser bem administrados com os medicamentos certos e mudanças nos hábitos de vida. Seu monitoramento é fundamental para todos, pois o hipotireoidismo pode causar sintomas prejudicais à saúde, mas para as mulheres grávidas, as complicações podem ser ainda mais sérias.
Ser diagnosticada com hipotireoidismo na gravidez é perigoso e o gerenciamento da doença durante e depois é essencial.
Hipotireoidismo na gravidez é perigoso?
A tireoide é um órgão do corpo humano que está localizado na parte frontal do pescoço. Seu formato é semelhante ao de uma borboleta e sua função é liberar hormônios para regular o metabolismo, coração, sistema nervoso, temperatura corporal, peso e outros processos do corpo.
As estatísticas mostram que aproximadamente 3% das mulheres grávidas são diagnosticadas com hipotireoidismo. Esse geralmente é um período repleto de mudanças no corpo feminino – as mais comuns são o ganho de peso, fadiga, pele seca e prisão de ventre. Esses são sintomas normais na gravidez, mas que podem ser causados pelo hipotireoidismo.
Durante a gravidez, a tireoide precisa produzir mais hormônios, pois ela precisa abastecer a mãe e também o bebê que está em formação. Esses hormônios são necessários principalmente nos três primeiros meses para garantir o desenvolvimento do cérebro e do sistema nervoso central, e o feto recebe esses hormônios através da placenta. A partir das 12 semanas de gestação, a glândula da tireoide do bebê já começa a produzir os seus próprios hormônios, permitindo que ele seja um pouco mais independente.
A gravidez é suportada por dois principais hormônios: o estrogênio e gonadotrofina coriônica humana (HCG), e ambos podem desregular o hormônio da tireoide, provocando um aumento.
O HCG tem um pico por volta da 12ª semana de gravidez e costuma estimular levemente a tireoide, o que já pode provocar alguns sintomas. Quando a gravidez é múltipla (gêmeos, trigêmeos), os níveis de HCG são ainda maiores, e os sintomas podem ser mais pronunciados. Seu médico deve sempre investigar os sintomas para eliminar essa possibilidade, ou dedicar mais atenção se o diagnostico já foi feito.
O hipotireoidismo na gravidez é perigoso e a falta de gerenciamento da doença durante pode resultar em diversos problemas.
Sintomas
O hipotireoidismo significa que a tireoide é pouco ativa e produz quantidades insuficientes de hormônios tireoidianos. Seus sintomas são muito semelhantes a alguns que acontecem normalmente durante a gravidez, e principalmente se forem leves, o hipotireoidismo pode não ser diagnosticado prematuramente.
Veja abaixo os sintomas mais comuns.
- Cansaço.
- Incapacidade de suportar temperaturas frias.
- Rouquidão.
- Inchaço do rosto.
- Ganho de peso.
- Prisão de ventre.
- Alterações na pele e cabelo, incluindo pele seca e perda de sobrancelhas.
- Formigamento ou dor na mão (síndrome do túnel do carpo)
- Batimento cardíaco lento.
- Cãibras musculares.
- Dificuldade de concentração.
Principais causas de hipotireoidismo na gravidez
O hipotireoidismo na gravidez costuma ser causado pela doença de Hashimoto. A doença de Hashimoto é uma doença autoimune que estimula o sistema imunológico a produzir anticorpos que atacam a tireoide, e esses ataques podem causar inflamação e danos, reduzindo a capacidade de produzir hormônios da tireoide.
A causa da doença de Hashimoto não é conhecida, porém ela costuma afetar mais mulheres do que homens, especialmente mulheres que estão grávidas.
As mulheres estão mais propensas a desenvolver um problema de tireoide hipoativa durante ou após a gravidez se tiverem mais de 30 anos de idade ou:
- Histórico de gravidez com parto prematuro;
- Histórico familiar de doença tireoidiana ou autoimune;
- Diabetes tipo 1 ou outra doença autoimune;
- Tratamento de radiação na cabeça ou pescoço;
- Cirurgia tireoidiana;
- Anticorpos tiroidianos, principalmente anticorpos da tireoide peroxidase (TPO), que estão presentes na doença de Hashimoto;
- Bócio, que é o aumento da glândula tireoide.
Existem outras causas que podem desenvolver o hipotireoidismo na gravidez, como a deficiência de iodo, o tratamento prévio para hipertireoidismo (quando a tireoide produz hormônio tireoidiano em excesso) e uma cirurgia para remover tumores da tireoide.
Como o hipotireoidismo pode afetar a mãe e o bebê?
Como mencionamos acima, o hipotireoidismo na gravidez é perigoso e a falta de gerenciamento da doença pode trazer problemas para a mãe e para o bebê. Veja abaixo quais os principais problemas desenvolvidos.
- Anemia;
- Aborto espontâneo;
- Baixo peso do bebê no nascimento;
- Natimorto;
- Insuficiência cardíaca congestiva, essa é uma condição rara, mas pode acontecer.
Os problemas relacionados costumam ocorrer com mais frequência em grávidas com hipotireoidismo grave. Além dos impactos para o cérebro e o desenvolvimento do sistema nervoso do bebê, pode causar baixo QI e problemas com o desenvolvimento normal.
Diagnóstico
A atividade da tireoide é testada através de um exame de sangue. Ele medirá os níveis de hormônio tireoidiano (tiroxina ou T4) e TSH sérico (hormônio estimulante da tireoide) para diagnosticar se há hipotireoidismo. A suspeita costuma ser mais frequente quando os níveis de TSH estão acima do normal e o T4 está abaixo do normal.
Se o resultado for positivo, possivelmente o médico irá solicitar um teste de anticorpos para verificar se há anticorpos TPO. Esses anticorpos anormais estarão no sangue se a causa do hipotireoidismo for a doença de Hashimoto.
Vale reforçar que as mulheres grávidas predispostas a problemas de tireoide devem fazer os exames, mesmo que não apresentem sintomas de uma tireoide com hipoatividade. A recomendação é que ele seja feito na nona semana de gravidez ou na primeira consulta pré-natal.
As mulheres que apresentam altos níveis de anticorpos TPO precisam de uma investigação adicional, pois correm um maior risco de hipotireoidismo e problemas de gravidez, como aborto espontâneo. Portanto, essas devem fazer um teste de TSH se possível antes de tentar engravidar, e novamente durante o primeiro e segundo trimestres da gravidez.
Tratamento
O tratamento para o hipotireoidismo implica em substituir o hormônio que a sua própria tireoide não produz. É prescrito um hormônio sintético chamado levotiroxina, que é semelhante ao hormônio T4 produzido pela tireoide.
Levotiroxina é um medicamento seguro durante a gravidez e seu uso é essencial até que o bebê possa fazer o seu próprio hormônio da tireoide.
O médico fará os ajustes necessários na dose da medicação já no momento do diagnóstico e continuará monitorando através de exames a cada 4-6 semanas durante a gravidez. Como o ferro e o cálcio das vitaminas pré-natais podem bloquear a absorção do hormônio da tireoide em seu corpo, você não deve tomar a vitamina pré-natal dentro de 3-4 horas depois de tomar levotiroxina.
Especialistas da Sociedade de Endocrinologia recomendam que gestantes com hipotireoidismo subclínico também recebam tratamento com levotiroxina. Alguns estudos mostram que a reposição de hormônios tireoidianos melhora os sintomas da gravidez nessas mulheres.
Hipotireoidismo após a gravidez
Após o parto, a maioria das mulheres com hipotireoidismo precisa reduzir a dose de levotiroxina que recebeu durante a gravidez, porém ainda é necessário o acompanhamento médico para identificar como a tireoide se comportará após o parto e qual é momento de parar de tomar o remédio.
É seguro amamentar enquanto tomo remédio para tireoide?
Os betabloqueadores costumam ser seguros para tomar enquanto está amamentando. Isso é possível porque apenas uma pequena quantidade de medicamento para o hormônio tireoidiano chega ao seu bebê através do leite materno, por isso é seguro tomar enquanto você estiver amamentando. O seu médico deverá fazer o ajuste na dosagem para garantir que a medicação não afete a amamentação.
O que devo fazer para garantir a saúde do bebê?
Um trabalho em equipe deverá ser feito para garantir a saúde seu bebê e a sua após um diagnóstico de hipotireoidismo. Trabalhe com seu médico obstetra e um endocrinologista que é o profissional recomendado para tratar as condições relacionadas a hormônios, assim você poderá receber os cuidados adequados antes, durante e depois da gravidez.
Tome a sua medicação corretamente, conforme prescrito e sempre informe o seu médico sobre quaisquer efeitos colaterais.
Para garantir a ingestão de iodo suficiente, tome diariamente as vitaminas pré-natais que incluam 150 a 250 microgramas (mcg) de iodeto de potássio ou iodato. Durante a amamentação, a suplementação deve ser feita com 250 mcg por dia de iodo, para garantir que o leite materno forneça o iodo que seus bebês necessitam.
Alimentação x hipotireoidismo durante a gravidez
Você pode impulsionar o seu tratamento e diminuir os desconfortos provocados pelo hipotireoidismo durante a gravidez. É claro que a medicação adequada já terá um papel importante nessa condição, mas saiba que uma alimentação irá complementar o seu tratamento.
– Mantenha uma alimentação saudável e na hora certa
Foque em uma alimentação equilibrada e nutritiva e de preferência uma comida caseira. Evite os restaurantes, deixe de lado alimentos pré-embalados e processados. Se você trabalha fora, faça o possível para levar a sua refeição e seus lanches. Uma opção também é investir nos alimentos orgânicos, e higienizar bem as suas frutas e legumes em banho de vinagre antes do consumo. Procure comer na hora certa para regular seu metabolismo.
– Iodo
Conforme mencionado acimal o iodo é muito importante para regular o funcionamento da glândula tireoide. Normalmente ele é obtido em quantidade suficiente através do sal iodado de mesa, mas certifique-se que o sal que você usa na cozinha é iodado. Há ainda alguns alimentos ricos em iodo que você pode consumir.
– Grãos integrais
Um dos sintomas mais comuns do hipotireoidismo é a constipação, mais conhecida como prisão de ventre. Essa é uma condição que costuma se agravar com a gravidez, então uma dieta rica em grãos integrais irá acrescenta fibras e pode facilitar o processo de evacuação.
– Invista em alimentos verdes
Tireoide precisa de magnésio, ele vai ajudá-la a fazer bem o seu trabalho. Verduras como espinafre e alface são boas fontes desse mineral. Sempre inclua verduras nas suas refeições, procure fazer disso um hábito.
– Coma frutas
Algumas frutas como morangos têm antioxidantes que podem fortalecer seu sistema imunológico. Você pode escolher suas fontes a partir de uma variedade de morangos, mirtilos e framboesas. Além disso, outras frutas também podem adicionar fibras, que ajudarão também com o processo digestivo.
– Vitamina D e ômega 3
A perda óssea é um sintoma comum do hipotireoidismo. Para diminuir esse impacto, coma alimentos ricos em vitamina D, que, juntamente com o cálcio, ajudam a prevenir a perda óssea. O ômega-3 também ajuda a regular os hormônios – alimentos como salmão, ovos, nozes, sementes de linhaça e cogumelos podem contribuir com esse nutriente. Peixes como salmão selvagem, truta, atum ou sardinha também contêm ácidos graxos ômega 3 e selênio, que contribui muito com os efeitos causados pelo hipotireoidismo.
Os produtos lácteos são ricos em cálcio, que funciona junto com a vitamina D para fortalecer os músculos. Inclua leite integral, iogurte, queijo em sua dieta.
– Proteína
A combinação hipotireoidismo e gravidez contribui com a perda muscular. Para minimizar, inclua alimentos ricos em proteínas, como frango, ovos brancos, feijões, lentilhas e leguminosas. Além de serem excelentes fontes de proteína, ajudam a construir e fortalecer seus músculos e aumentar os níveis de energia.
– Amêndoas, nozes e sementes
Amêndoas, nozes e várias sementes como a de abóbora e de linhaça são ótimas fontes de magnésio e proteínas. As nozes também contêm selênio, outro mineral que aumenta a funcionalidade da tireoide. Lembre-se de que nozes também são gordurosas, então limite seu consumo a um punhado. Essa pode ser uma ótima opção para um lanche entre as refeições.
– Evite alguns alimentos
Alguns alimentos contêm substâncias chamadas de goitrogens, que perturbam a produção de hormônios da tireoide por interferir com a captação de iodo na glândula. Então, evite alimentos como repolho, brócolis, couve-flor e couve-de-bruxelas.
A a soja ou o leite de soja também pode interferir na função da sua tireoide, especialmente se você tiver uma deficiência de iodo. As carnes orgânicas, como fígado e rim, estão cheias de ácidos lipídicos que, se você ingerir em excesso, podem atrapalhar tanto as funções da tireoide quanto os medicamentos da tireoide que você toma.
O hipotireoidismo na gravidez é perigoso e se você foi diagnosticada durante a gravidez, procure seguir todas as recomendações médicas. O profissional é a pessoa recomendada para entender qual o melhor tratamento se adequa a você e como essa condição será gerenciada para que você e seu bebê se mantenham saudáveis e tranquilos durante a gestação.
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Referência adicionais:
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmedhealth/PMHT0025658/
- https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/hashimotos-disease/symptoms-causes/syc-20351855
- https://www.eurekalert.org/pub_releases/2002-01/jhmi-tdr011502.php
- https://www.niddk.nih.gov/health-information/endocrine-diseases/pregnancy-thyroid-disease
- https://www.hormone.org/diseases-and-conditions/thyroid/pregnancy-and-thyroid-disease/hypothyroidism
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25040647
- https://www.niddk.nih.gov/health-information/endocrine-diseases/hashimotos-disease
Tenho isso mas tbm tenho muitas dúvidas…
Sinto muito mal estar tomando levotiroxina50gm…
Sessão que a pressão está baixa e q vou desmaiar..
Tbm fico na dúvida se é de considerado um parto de alto risco pq não não faz uma cesariana logo.
Minha médica disse q devo ter normal ..mas não to mim sentindo bem com isso ..alem.de hipotireoidismo. Tenho anemia é e obesidade…..