Estudo Mostra Vantagens de Tomar Remédio Para Pressão na Hora de Dormir

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Ao mesmo tempo em que é uma doença silenciosa, que não costuma provocar sintomas, a pressão alta é uma condição de saúde grave, que pode gerar complicações como ataque no coração; acidente vascular cerebral (AVC); aneurisma; insuficiência cardíaca; enfraquecimento e estreitamento dos vasos sanguíneos nos rins; espessamento, estreitamento ou rompimento de vasos sanguíneos nos olhos; síndrome metabólica; dificuldade de memória ou compreensão e demência.

Não é à toa que em cada consulta médica a pressão é verificada e que é tão importante seguir corretamente o tratamento recomendado pelo médico, a partir do momento que um quadro de hipertensão é diagnosticado.

Esse tratamento pode incluir o uso de medicamentos para pressão alta. Mas você já parou para pensar se existe um horário ideal para tomar os remédios para pressão? Pois pesquisadores da Espanha resolveram estudar isso.

O trabalho, que foi publicado em outubro de 2019 no European Heart Journal (Jornal Europeu do Coração, tradução livre), acompanhou mais de 19 mil adultos com pressão arterial elevada e identificou que aqueles que tomavam todos os seus remédios para pressão à noite registraram uma pressão arterial mais baixa ao longo do dia, em comparação com os participantes que eram medicados pela manhã.

A investigação foi feita entre os anos de 2008 a 2018. Os participantes possuíam 18 anos de idade ou mais, tinha sido diagnosticados com a pressão alta previamente ao estudo e foram acompanhados durante pouco mais de seis anos, em média.

O líder da pesquisa e diretor de bioengenharia e cronobiologia da Universidade de Vigo na Espanha, Ramon Hermida, afirmou que os dados apresentados pelo estudo são altamente consistentes, independente de sexo, idade, presença de diabetes ou doença nos rins e outros fatores de risco.

Mais especificamente, o uso dos medicamentos para pressão à noite foi associado pelo estudo a um risco 44% menor de ataque cardíaco, 42% mais baixo para insuficiência cardíaca, 49% mais reduzido para AVC e 40% menor de precisar fazer uma cirurgia para alargar as vias arteriais (revascularização coronária). Houve ainda uma redução geral de 45% no risco de morte associada à problema cardiovascular.

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Hermida apontou que embora exista a convenção de tomar medicamentos para pressão na parte da manhã, não há experimentos que apontam que o período matutino seja preferível. Mais do que isso, o diretor de bioengenharia e cronobiologia da Universidade de Vigo, afirmou que atualmente não existem diretrizes que determinem qual o melhor horário para tomar os remédios.

Mas qual seria a diferença entre tomar o remédio pela manhã ou à noite?

Por que o uso dos medicamentos para pressão à noite gerou essas diferenças entre os participantes do estudo? Segundo o líder da pesquisa e diretor de bioengenharia e cronobiologia da Universidade de Vigo, Ramon Hermida, isso está associado a um melhor controle da pressão arterial no período noturno.

Hermida explicou que já tinha sido documentado que a pressão arterial adormecida é o marcador mais significante em termos de risco cardiovascular. As medidas de pressão aferidas ao longo da investigação espanhola mostraram que os pacientes que tomaram os medicamentos à noite tiveram uma diminuição expressiva da pressão arterial enquanto adormecidos, em comparação aos participantes que tomaram os remédios pela manhã.

Entretanto, o estudo não pode ser considerado definitivo, uma vez que carrega algumas ressalvas. Uma delas é que todos os participantes possuíam uma rotina de sono tradicional, na qual dormiam pela noite e se mantinham acordados pelo dia. Portanto, a pesquisa não informa como as rotinas de uso de medicamentos poderiam afetar as pessoas que trabalham no período noturno.

Além disso, todos os participantes do estudo eram brancos. O diretor de bioengenharia e cronobiologia admitiu que são necessárias pesquisas subsequentes conduzidas em pessoas de diferentes etnias. Por exemplo, Hermida citou que os negros americanos tendem a apresentar uma pressão acima da média quando se encontram adormecidos.

Ainda assim, o líder do estudo espera que os apontamentos da pesquisa ofereçam algum tipo de orientação aos médicos para instruir os seus pacientes a respeito das melhoras práticas na administração dos medicamentos para pressão.

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Para cardiologista, o essencial é ter consistência

De acordo com o cardiologista Satjit Bhusri, quando se trata do fornecimento de proteção ideal por parte dos medicamentos para a pressão, a palavra-chave é consistência. Ou seja, é essencial ter uma rotina e não perder nenhuma dose diária dos remédios prescritos pelo médico, acrescentou o especialista.

Segundo Bhusri, pior do que uma pressão arterial elevada são as oscilações na pressão arterial, experimentadas devido a uma irregularidade no fornecimento das doses, que pode acontecer quando o paciente esquece de tomar seus medicamentos um dia ou outro.

O cardiologista também destacou que fatores como emoções e o uso de outros remédios também podem afetar a eficiência do medicamento para pressão. Além disso, o especialista advertiu que os pacientes que tomam remédios para pressão precisam conversar com o médico antes de trocar o horário em que tomam os medicamentos.

Portanto, nada de mudar o horário de usar remédios por conta própria. Até porque, como vimos acima, ainda são necessários mais estudos de sequência para confirmar se o período da noite é realmente tão benéfico assim para todos os pacientes tomarem os seus remédios para pressão.

Portanto, independente de tomar os seus medicamentos para pressão de manhã ou no período noturno – o que deve ser definido pelo médico – não deixe de tomá-los. Para não esquecer, anote na agenda ou coloque alarmes para despertar no celular como forma de lembrete.

Fontes e Referências Adicionais:

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Você tem a necessidade de tomar medicamentos para pressão arterial diariamente? Em que período do dia costuma tomar? Comente abaixo!

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Sobre Dr. Lucio Pacheco

Dr. Lucio Pacheco é Cirurgião do aparelho digestivo, Cirurgião geral - CRM 597798 RJ/ CBCD. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento em transplantes no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela UFRJ em 2010. Dr. Lucio Pacheco é autor de diversos livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico-cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D'Or e do Hospital Copa D'Or. Além disso é diretor médico do Instituto de Transplantes. Suas áreas de atuação principais são: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia, e transplante de fígado. Para mais informações, entre em contato.

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