Alergia a Glúten – Sintomas e O Que Pode Comer

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A intolerância ao glúten é mais comum do que se imagina. O problema se manifesta através de sintomas específicos que são causados por uma espécie de alergia ao glúten presente nos alimentos.

A doença celíaca é a forma mais grave de como a condição se manifesta, uma doença autoimune que afeta aproximadamente 1% da população mundial, o que não parece mas é muita gente.

A alergia a glúten, se não diagnosticada e tratada, pode causar complicações graves como danos irreversíveis no aparelho digestivo. Vamos mostrar os principais sintomas dessa alergia e dar dicas de alimentos sem glúten que você pode ingerir sem maiores dores de cabeça.

Alergia a glúten

Muitas pessoas confundem a alergia ao trigo com alergia a glúten. O trigo está entre os oito principais alérgenos alimentares dos Estados Unidos, por exemplo. Essa alergia é uma resposta imune a qualquer uma das proteínas presentes no trigo, que inclui o glúten, mas não se limita a apenas ele.

E é por esse motivo que muita gente confunde as duas alergias. Além disso, a alergia ao trigo é mais comum em crianças.

Os sintomas da alergia ao trigo incluem sensações de náusea, vômito, diarreia, irritação na boca e garganta, urticária e erupção cutânea, congestão nasal, irritação ocular e dificuldade de respirar. Geralmente, os sintomas relacionados a uma alergia ao trigo iniciam poucos minutos após o consumo do alimento ou até duas horas após a ingestão.

Alergia a glúten e a trigo são a mesma coisa?

Como já mencionado, alergia ao trigo e alergia ao glúten são coisas diferentes e é essencial saber a diferença entre os sintomas.

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– Alergia a glúten

Uma pessoa que é alérgica ao glúten sofre de doença celíaca, que se trata de um distúrbio autoimune no qual o sistema imunológico responde de forma anormal ao glúten. O glúten está presente não só no trigo, mas também em alimentos como cevada e centeio.

Alguém que é alérgico ao glúten, ao ingerir alimentos que o contêm, faz com que o sistema imunológico destrua compartimentos no organismo chamados de vilosidades. As vilosidades são partes importantes do intestino delgado que são responsáveis pela absorção de nutrientes. Desta forma, acaba sendo muito perigoso uma pessoa alérgica ao glúten continuar ingerindo o alimento, podendo desencadear um quadro de desnutrição e danos intestinais que podem ser permanentes.

– Alergia ao trigo

Já a alergia ao trigo pode ser desencadeada pelo próprio glúten ou por outras proteínas presentes no alimento. O sistema imunológico confunde a proteína encontrada no trigo com um agente causador de doenças, causando sintomas como congestão nasal e dificuldades respiratórias, por exemplo.

– Sensibilidade a glúten

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Existem também pessoas que são sensíveis ao glúten, mas não alérgicos. Os especialistas costumam chamar essa condição de sensibilidade ao glúten não celíaca. Nestes casos, apesar de não sofrer danos no intestino, o indivíduo sente os mesmos sintomas da alergia a glúten mesmo não sendo alérgicos nem ao glúten nem ao trigo.

Sintomas de alergia a glúten

Os sintomas da doença celíaca (alergia a glúten) mais comuns são:

– Fadiga

Sentir-se fadigado ou cansado é normal após um longo dia de trabalho, por exemplo. Porém, se você se sente constantemente cansado, especialmente após as refeições, isso pode indicar que você tem alergia a glúten. Pesquisa indicam que entre 60 e 82% dos indivíduos com alergia a glúten experimentam sensações de cansaço e falta de energia. Isso pode estar relacionado a deficiência de vitaminas causadas pelo dano intestinal.

– Dor abdominal

A dor abdominal é um dos sintomas mais comuns de alergia a glúten. Estudos indicam que até 83% das pessoas com doença celíaca sofrem com dores abdominais e desconfortos após a ingestão do alimento.

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– Inchaço

O inchaço pode ser sintoma de diversos problemas e também é um sintoma da doença celíaca. Estudos mostram que 87% das pessoas com sensibilidade ao glúten não celíaca apresentam inchaço. Ele também é uma das principais queixas quando se trata de alergia a glúten.

– Diarreia ou constipação

Principalmente se o problema for frequente, a diarreia é um sintoma preocupante de alergia a glúten. Isso ocorre porque essas pessoas sofrem um tipo de inflamação no intestino após ingerir o glúten, danificando o revestimento intestinal e causando má absorção de nutrientes. O resultado é um desconforto constante que pode causar diarreia (que vai prejudicar ainda mais a absorção de nutrientes e a hidratação) ou constipação. Pesquisas indicam que mais de 50% dos indivíduos sensíveis a glúten têm problemas de diarreia regularmente, enquanto que aproximadamente 25% sofrem com constipação.

– Dormência nas pernas ou braços

Uma pessoa intolerante ao glúten pode sofrer com neuropatia, que envolve dormência e formigamento na região dos braços e pernas. Essa condição é bastante comum em pessoas com diabetes e deficiência de vitamina B12. Também pode ser causada por toxicidade e alto consumo de álcool. A causa ainda não é conhecida, mas estudiosos indicam que anticorpos associados à alergia a glúten estão envolvidos nesse processo.

– Depressão e/ou ansiedade

A depressão é a doença que mais cresce hoje em dia e afeta até 6% dos adultos da população mundial por ano. A depressão pode ter muitas causas, mas alguns estudos mostram que pessoas com problemas digestivos são mais propensas a problemas como depressão e ansiedade. E isso é observado também em pessoas com doença celíaca.

Outros estudos indicam que pessoas com alergia a glúten também são mais propensas a desenvolver transtornos de ansiedade e pânico.

Os especialistas dizem que a alergia ao glúten pode desencadear uma depressão já que existem peptídeos chamados exorfinas que são formados durante a digestão de proteínas do glúten que podem interferir no sistema nervosos central, podendo elevar o risco de depressão. Além disso, alterações na microbiota intestinal também podem afetar o sistema nervoso.

– Anemia

A anemia ferropriva é a deficiência nutricional mais comum no mundo inteiro. Essa deficiência de ferro pode causar sintomas como baixo volume sanguíneo, fadiga, falta de ar, tontura, dor de cabeça, pele pálida e fraqueza. Na alergia a glúten, a absorção de nutrientes no intestino grosso é prejudicada, o que resulta em menos ferro sendo absorvido através dos alimentos.

– Transtornos autoimunes

Como já mencionado, a doença celíaca é uma doença autoimune que faz com que o sistema imunológico ataque o trato digestivo após a ingestão do glúten. E ter essa doença o torna mais propenso a outras doenças autoimunes como a doença autoimune da tireóide, por exemplo.

Isso também faz com que a alergia a glúten seja mais comum em pessoas que já têm outras doenças autoimunes como a diabetes do tipo I, doenças hepáticas e doença inflamatória intestinal.

– Dor nas articulações e dor muscular

Estudiosos da área acreditam que pessoas com doença celíaca têm um sistema nervoso mais sensível que os demais. Desse modo, eles podem ativar neurônios sensoriais de forma mais rápida, causando dor nos músculos e articulações com mais facilidade. Além disso, a exposição de um alérgico ao glúten pode resultar em processos inflamatórios que também causam dor.

– Dores na cabeça

As dores de cabeça e enxaquecas podem indicar diversos problemas de saúde. Estudos também indicam que pessoas intolerantes ao glúten são mais propensos a ter crises de enxaqueca do que outras pessoas.

– Problemas de pele

Alergias em geral causam reações na pele. Com o glúten não é diferente. É possível desenvolver dermatite herpetiforme, que é um tipo de manifestação cutânea da doença celíaca. Além disso, diversos estudos indicam que a dieta restritiva ao glúten causa melhoras de outras doenças de pele como psoríase, alopecia areata e urticária crônica.

– Perda de peso

Mudanças inesperadas de peso podem ser um efeito da doença celíaca ainda não diagnosticada. Em um estudo clínico com pacientes com doença celíaca, dois terços dos indivíduos que participaram do estudo perderam peso de forma inexplicável durante os seis meses que antecederam o diagnóstico. Essa perda de peso pode ser resultante de problemas digestivos associados à baixa absorção de nutrientes.

– Dificuldade em atividades mentais

Esse é um sintoma comum de alergia a glúten, que se refere à incapacidade de pensar com clareza. As pessoas se sentem esquecidas, com dificuldade para pensar e com fadiga mental. Ainda não se sabe o motivo, mas estudos mostram que até 40% das pessoas com doença celíaca experimentam essa espécie de névoa mental, que pode estar relacionada com alguns anticorpos do glúten.

– Outros sintomas

Outros sintomas que ocorrem em pessoas com alergia a glúten são aftas na boca, infertilidade ou abortos frequentes devido à baixa absorção de nutrientes, ausência de menstruação, osteoporose e defeitos no esmalte dentário, incapacidade de prosperar e desnutrição em bebês e crianças, baixa estatura e irritabilidade.

Os sintomas, principalmente em se tratando de adultos, são difíceis de se reconhecer, já que são muito variados e podem indicar diversos tipos de doenças ou outras explicações.

Como saber se tenho alergia a glúten?

Apenas um especialista na área como um gastroenterologista ou um alergista serão capazes de fazer o diagnóstico correto. Geralmente, é feito um teste na pele que pode resultar em um falso negativo caso você tenha ingerido alimentos com glúten e/ou trigo nos dias antecedentes ao exame.

Além disso, saber o histórico médico familiar é importante, já que a doença celíaca apresenta um componente genético específico envolvido no seu desenvolvimento. Ao sentir qualquer um dos sintomas e suspeitar de doença celíaca, visite um médico para que ele confirme ou descarte essa possibilidade.

A alergia a glúten pode trazer complicações graves para a saúde, principalmente em crianças que podem ter seu desenvolvimento prejudicado.

O que pode comer

Uma dieta sem glúten é um tipo de alimentação que exclui o glúten do plano alimentar. A remoção de glúten da dieta altera a ingestão total de fibras, vitaminas e outros nutrientes essenciais. Por isso, é importante entender como a restrição ao glúten pode afetar suas necessidades nutricionais diárias.

Além disso, pessoas que não têm restrições quanto à ingestão de glúten também costumam aderir a essa dieta devido a indicações de que a ausência de glúten promove uma melhor saúde, perda de peso e aumento de energia. Porém, tais resultados não são comprovados cientificamente em pessoas que não são alérgicas ao nutriente.

O auxílio de um nutricionista é essencial para fazer melhores escolhas alimentares sem glúten e manter uma dieta saudável e equilibrada.

Dieta

Existem diversos alimentos naturalmente sem glúten que podem ser incluídos na dieta. São alimentos frescos como frutas, vegetais, feijões, sementes e frutas de cascas rígidas naturais, ovos, carnes magras não processadas, peixes, aves e alguns produtos lácteos com baixo teor de gordura.

Hoje também existem muitas opções de grãos, amidos e farinhas que não contém glúten. Alguns exemplos incluem:

  • Amaranto;
  • Trigo mourisco;
  • Milho;
  • Fubá;
  • Araruta;
  • Canjica;
  • Farinhas sem glúten como de arroz, de soja, de milho, de batata e de feijão;
  • Quinoa;
  • Arroz;
  • Sorgo;
  • Tapioca de raiz de mandioca.

Alergia a glúten tem cura?

A alergia a glúten não tem cura. Porém, é possível ter uma vida completamente normal ao manter uma dieta restritiva a alimentos que contenham glúten.

Dicas

Lembre-se de que uma dieta sem glúten pode alterar a sua ingestão de nutrientes. Pães integrais e outros alimentos com glúten são geralmente ricos em ferro, cálcio, tiamina, riboflavina, niacina, folato e fibras. Desta forma, a visita ao nutricionista é muito importante para repor esses nutrientes na dieta.

Para você que suspeita ou tem o diagnóstico de alergia a glúten, o ideal é adotar uma dieta rigorosa sem glúten. Apesar de parecer difícil encontrar alimentos sem glúten no mercado, existe hoje em dia uma grande variedade de alimentos que podem substituir ingredientes com glúten nas mais diversas receitas de massas, cereais, pães e outros produtos de panificação.

O glúten está presente nos mais diversos alimentos e suplementos como sorvetes, remédios, vitaminas, entre outros. Por esse motivo, fique muito atento aos rótulos do que você ingere para verificar se há a presença de glúten.

Dicas de segurança para alérgicos:

  • Armazenar os alimentos sem glúten e com glúten em lugares diferentes em casa para evitar confusões;
  • Manter as panelas e outras superfícies de cozimento limpos;
  • Manter louça, pia e mesa bem limpos para evitar contaminação;
  • Ler os menus dos restaurantes com antecedência e/ou sempre perguntar ao garçom sobre os ingredientes e o preparo do prato a ser pedido.

Além disso, fica o lembrete de suspender totalmente o uso de produtos como trigo, cevada, centeio e aveia.

Vídeo: Glúten engorda? Faz mal?

O vídeo a seguir também vai ajudar quem tem dúvidas ou problemas com o glúten.

Fontes e Referências Adicionais:

Você já foi diagnosticado com alergia a glúten? Sente regularmente os sintomas da condição? Segue à risca o que pode comer no seu dia a dia? Comente abaixo!

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Sobre Dra. Patricia Leite

Dra. Patricia é Nutricionista - CRN-RJ 0510146-5. Ela é uma das mais conceituadas profissionais do país, sendo uma referência profissional em sua área e autora de artigos e vídeos de grande sucesso e reconhecimento. Tem pós-graduação em Nutrição pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, é especialista em Nutrição Esportiva pela Universidad Miguel de Cervantes (España) e é também membro da International Society of Sports Nutrition.

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