6 Sintomas de Intolerância à Lactose

atualizado em

Intolerância a lactose é uma condição que afeta cerca de 35% da população brasileira. Uma enzima conhecida como lactase é responsável por quebrar a lactose na digestão, isso é particularmente importante em bebês que precisam de lactase para digerir o leite materno. Mas, à medida que crescemos e introduzimos outros alimentos na dieta, geralmente produzimos menos lactase.

Algumas pessoas também podem desenvolver intolerância à lactose após a cirurgia ou devido a doenças gastrointestinais, como infecções virais ou bacterianas. Essa condição é caracterizada por sintomas muito desconfortáveis, provocados ​​pela má absorção de lactose.

Vamos conferir abaixo quais são os sintomas de intolerância a lactose para lhe ajudar a identificar se você tem ou não a condição, que é mais comum do que parece.

Lactose

A lactose é um açúcar que é encontrado no leite e em produtos laticínios. Quando ingerimos esses produtos, o intestino delgado produz a enzima chamada lactase para digerir este açúcar corretamente. A lactase é responsável por quebrar a lactose em glicose e galactose, para que o corpo possa absorvê-la.

Quando a capacidade do corpo de produzir lactase diminui, o resultado é a intolerância à lactose. Os sintomas de intolerância à lactose surgem quando o corpo não é capaz de digerir a lactose e ela não é adequadamente absorvida.

Principais tipos de intolerância a lactose

Existem tipos de intolerância a lactose e cada uma é provocada por motivos diferentes. Veja abaixo:

  1. Intolerância primária à lactose: Este é o tipo mais comum de intolerância à lactose e é o resultado normal do envelhecimento. Como vimos, a maior parte das pessoas nasce com lactase suficiente e os bebês precisam da enzima para digerir o leite da mãe. A quantidade de lactase que uma pessoa produz pode diminuir com o tempo, com o envelhecimento. Como a dieta é mais diversificada e não depende tanto do leite, a produção de lactase diminui, provocando a intolerância.
  2. Intolerância secundária à lactose: Doenças intestinais, como doença celíaca e doença inflamatória intestinal, ou uma cirurgia ou lesão do intestino delgado também podem causar intolerância à lactose. Os níveis de lactase podem ser restaurados se o distúrbio subjacente for tratado, mas quando não são, o corpo pode permanecer intolerante.
  3. Intolerância lactose congênita: Em casos muito raros, a intolerância à lactose é herdada. Um gene defeituoso pode ser passado dos pais para uma criança, resultando na completa ausência de lactase na criança. Isso é conhecido como intolerância à lactose congênita. Neste caso, seu bebê será intolerante até ao leite materno e se não for reconhecido e tratado precocemente, a condição pode ser fatal.
  4. Intolerância à lactose desenvolvimental: Ocasionalmente, um tipo de intolerância à lactose chamada intolerância à lactose desenvolvimental ocorre quando um bebê nasce prematuramente. Isso ocorre porque a produção de lactase no bebê começa mais tarde na gravidez, após pelo menos 34 semanas. Isso costuma acontecer com bebês que nascem prematuramente. Geralmente desaparece sozinha, durando apenas pouco tempo após o nascimento.

Intolerância x alergia a lactose

Existem diferenças entre a intolerância e a alergia à lactose. A alergia a laticínios e a certas proteínas do leite e produtos lácteos provoca reações que podem ser fatais. Os sintomas de intolerância à lactose costumam ser menos graves.

  Continua Depois da Publicidade  

As pessoas com alergia a lactose precisam evitar todos os alimentos e bebidas que contenham leite ou outros produtos lácteos, já os intolerantes podem ser capazes de comer e beber pequenas quantidades. As quantidades costumam variar de pessoa para pessoa e as reações de intolerância à lactose não são fatais.

Alergia ao leite

Algumas pessoas com alergia ao leite podem erroneamente atribuir seus sintomas aos sintomas de intolerância à lactose. Aproximadamente 5% das pessoas têm alergia ao leite de vaca e ela costuma ser mais comum em crianças. Embora a alergia ao leite e a intolerância à lactose não estejam relacionadas, elas geralmente ocorrem juntas, o que pode dificultar o diagnóstico.

Ao contrário da intolerância à lactose, a alergia ao leite pode ser fatal, por isso é importante obter um diagnóstico preciso dos sintomas, particularmente em crianças.

Os sintomas de uma alergia ao leite incluem erupção cutânea e eczema, vômitos, diarreia, dor de estômago, asma e anafilaxia.

Sintomas de intolerância a lactose

Os sintomas de intolerância à lactose são geralmente muito desconfortáveis. Entre eles, estão dor de estômago, inchaço, gases e diarreia, que são causados ​​pela má absorção de lactose.

1. Dor de estômago

  Continua Depois da Publicidade  

Um dos sintomas de intolerância à lactose mais comuns é a presença de dor de estômago e inchaço e pode acontecer com crianças e adultos. Como vimos, a intolerância acontece quando o corpo é incapaz de quebrar a lactose, que passa pelo intestino até atingir o cólon. Carboidratos do tipo lactose, não podem ser absorvidos pelas células que revestem o cólon, mas podem ser fermentados e degradados pelas bactérias naturais que vivem lá, conhecidas como microflora bacteriana.

O processo de fermentação libera ácidos graxos de cadeia curta, assim como os gases hidrogênio, metano e dióxido de carbono, e isso provoca o aumento de ácidos e gases, que provocam as dores no estômago e cãibras. A dor geralmente está localizada ao redor do umbigo e na parte inferior da barriga.

2. Inchaço

O inchaço é causado por um aumento de água e gás no cólon, o que faz com que a parede do intestino se estique. Essa condição também é conhecida como distensão.

O inchaço e a dor podem provocar náusea e até vômito em algumas pessoas. A presença de dor e inchaço deve ser associada à sensibilidade e não à quantidade de lactose que foi ingerida, sendo assim, a frequência e gravidade dos sintomas pode variar significativamente entre os indivíduos.

3. Diarreia

  Continua Depois da Publicidade  

Esse é um dos principais sintomas da intolerância à lactose. A diarreia é caracterizada por um aumento da frequência de evacuação, textura ou volume das fezes, e a intolerância condiciona o intestino a aumentar a quantidade de água no cólon, o que aumenta o volume e o conteúdo líquido das fezes.

Devido ao fato do processo de fermentação ser convertido em ácidos e gases que não são absorvidos de volta ao cólon, os ácidos e lactose restantes aumentam a quantidade de água que o corpo libera para o cólon.

Vale reforçar que muita lactose precisa ser ingerida para provocar diarreia e nem todos os carboidratos que causam essa condição vêm da lactose. Outra questão é que existem muitas outras causas que provocam a diarreia além da intolerância à lactose.

4. Aumento de gases

Mais um efeito da fermentação da lactose no cólon é o aumento da produção dos gases hidrogênio, metano e dióxido de carbono. A questão é que a microflora do cólon em pessoas com intolerância à lactose se torna muito boa em fermentar a lactose em ácidos e gases. Isso resulta em mais lactose sendo fermentada no cólon, o que aumenta ainda mais a flatulência.

A quantidade é muito individual e não costuma ter cheiro, pois o odor da flatulência vem da quebra de proteínas no intestino, e não de carboidratos.

5. Prisão de ventre

A constipação pode ser mais um dos sintomas de intolerância à lactose, mas é menos comum do que a diarreia. A prisão de ventre é diagnosticada por menos de três evacuações em uma semana e sua principal característica são as fezes duras e pouco frequentes, sensação de evacuações incompletas, desconforto estomacal, inchaço e esforço excessivo.

Isso acontece também por causa da fermentação da lactose não digerida que produz gás metano e ele pode reduzir o tempo que a comida leva para atravessar o intestino, levando à constipação em algumas pessoas.

6. Outros sintomas relacionados

Ainda que os sintomas mais comuns tenham uma natureza gastrointestinal, alguns estudos de caso relataram outros sintomas, incluindo dores de cabeça, fadiga, perda de concentração, dores musculares e articulares, úlceras na boca, problemas para urinar, eczema.

Esses sintomas não foram estabelecidos como verdadeiros sintomas de intolerância à lactose e podem ter outras causas.

Diagnóstico

Assim como acontece em outras doenças, os sintomas de intolerância a lactose também são comuns a outras doenças, por isso, manter um diário alimentar que indique os alimentos ingeridos, horário, quantidade e reações pode ajudar o diagnóstico.

A primeira providência depois de uma suspeita médica é recomendar uma dieta sem lactose por duas semanas, para ver se os sintomas melhoram. Se melhorarem, o indivíduo provavelmente tem uma intolerância à lactose. Outros exames também podem ser solicitados.

  • Teste de respiração com hidrogênio: O paciente jejua durante a noite e depois toma uma solução de lactose na manhã seguinte. As concentrações de hidrogênio no ar exalado são medidas. Altos níveis indicam intolerância à lactose. 
  • Teste de tolerância à lactose: Uma solução de lactose é ingerida e, em seguida, é coletada uma amostra de sangue para medir os níveis de glicose. Se os níveis de glicose no sangue permanecerem os mesmos, isso indica que a glicose não entrou no sangue. Isso ocorre porque a lactose não foi quebrada com sucesso em glicose e galactose. Em um teste de tolerância ao leite, a pessoa toma leite em vez de uma solução de lactose.
  • Fezes: Testes de tolerância à lactose e testes de respiração com hidrogênio não são adequados para crianças, portanto, um teste de fezes pode ser realizado. Altos níveis de acetato e outros ácidos graxos nas fezes podem ser um sinal de intolerância à lactose.
  • Doença ou condição subjacente: Se existir suspeita de doenças subjacentes, como a doença celíaca, pode ser realizada uma biópsia do intestino delgado. Uma amostra de tecido do revestimento do intestino delgado é extraída para teste em um procedimento cirúrgico.

Tratamento

Geralmente, o tratamento consistente em evitar os alimentos que tenham lactose. No entanto, evitar a lactose pode exigir algumas tentativas e erros, então é importante criar o hábito de ler os rótulos para identificar produtos que contêm leite.

A Cleveland Clinic sugere seguir uma dieta sem lactose por 2 semanas e então reintroduzir aos poucos os alimentos com lactose, para avaliar os níveis de tolerância. Segundo eles, pessoas com intolerância à lactose podem consumir 12 gramas de lactose de uma vez sem qualquer efeito.

Quais alimentos devem ser evitados?

A maioria dos produtos lacticínios contêm lactose e muitos alimentos processados ​​contêm leite e produtos lácteos. Então, qualquer produto com leite, lactose, soro de leite, coalhada, subprodutos do leite, leite em pó seco ou leite em pó seco sem gordura listado em seus ingredientes terá lactose neles. Por exemplo, bolos e biscoitos, molho de queijo, sopas de creme, quindim, pudim, chocolate ao leite, panquecas e outros pratos, além do whey protein.

Os rótulos dos alimentos devem ser lidos cuidadosamente, pois alguns alimentos podem conter “lactose oculta”. Alguns exemplos são pães, cereais matinais, margarina, sopas instantâneas, doces cozidos, presunto fatiado, molho para salada, maionese, entre outros.

Alguns medicamentos também podem conter lactose e as pessoas com intolerância grave devem informar seu médico ou farmacêutico sobre isso ao obter novos medicamentos.

Dicas de alternativas a laticínios

As alternativas para o leite de vaca são variadas, incluindo o leite de amêndoas, de linhaça, de coco ou de soja. O leite de vaca é rico em cálcio, proteína, vitaminas A, vitamina B12 e vitamina D, por isso eliminar esse item da dieta pode causar desnutrição, então, as substituições são necessárias.

A Nutrition Australia afirma que a maioria das pessoas com intolerância à lactose não precisa evitar todos os produtos lácteos. Mesmo aqueles com baixos níveis de lactase podem normalmente tolerar até 12 gramas de lactose por dia. Então, consumir pequenas porções ao longo do dia com as refeições pode aumentar a tolerância.

Veja como repor os nutrientes:

  • Cálcio: Ingerir algas, nozes e sementes, melaço, feijão, laranja, figo, quinoa, amaranto, couve, quiabo, brócolis, folhas de dente de leão, couve e produtos fortificados, como suco de laranja e leites de plantas.
  • Vitamina A: Cenouras, brócolis, batata-doce, óleo de fígado de bacalhau, fígado, espinafre, abóbora, melão, ovo, damasco, mamão , manga e ervilhas.
  • Vitamina D: Os níveis podem ser aumentados pela exposição à luz solar natural, consumindo peixe gordo, ovos, óleos de fígado de peixe e alguns leites de plantas fortificados e outros produtos fortificados.
  • Leite sem lactose: Uma pessoa com sintomas graves deve verificar o rótulo para garantir que os níveis de lactose são zero e não apenas reduzidos. Leites vegetais também contêm menos proteína do que o leite de vaca.

A intolerância à lactose é um problema que não pode ser evitado, mas que pode ser gerenciado com a ingestão de menos laticínios. Beber leite com baixo teor de gordura ou sem gordura também ajudar a diminuir os sintomas de intolerância a lactose.

A boa notícia é que atualmente existem muitos produtos que podem substituir o leite como o leite de amêndoa, de linhaça, de soja ou de arroz. Produtos lácteos com a lactose removida também estão disponíveis no mercado.

Fontes e Referências Adicionais:

Você já sentiu alguns destes sintomas de intolerância à lactose? Acredita que possui essa condição? Se tiver mesmo o diagnóstico, o que precisa mudar na dieta? Comente abaixo!

Foi útil?
1 Estrela2 Estrelas3 Estrelas4 Estrelas5 Estrelas
Loading...
  Continua Depois da Publicidade  
Sobre Dra. Patricia Leite

Dra. Patricia é Nutricionista - CRN-RJ 0510146-5. Ela é uma das mais conceituadas profissionais do país, sendo uma referência profissional em sua área e autora de artigos e vídeos de grande sucesso e reconhecimento. Tem pós-graduação em Nutrição pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, é especialista em Nutrição Esportiva pela Universidad Miguel de Cervantes (España) e é também membro da International Society of Sports Nutrition.

Deixe um comentário